João Dornellas, presidente-executivo da Abia

Para Jo�o Dornellas, presidente-executivo da Abia, fim da pandemia acelerou setor, que convive com problemas de eleva��o de custos

Abia/Divulga��o

A ind�stria de alimentos e bebidas de Minas Gerais fechou o ano passado com faturamento de R$ 130,1 bilh�es, com crescimento de mais de 10% em rela��o ao ano anterior e com 208 mil postos de trabalho em 6,2 mil empresas no estado, um avan�o de 3.3% no n�mero de trabalhadores, segundo balan�o divulgado pela Associa��o Brasileira da Ind�stria de Alimentos (Abia).

A ind�stria de alimentos do estado � a terceira maior do pa�s em valor de produ��o, atr�s apenas das do Paran� (2º) e S�o Paulo (1º). A produ��o teve alta de 1,4% em Minas no ano passado, abaixo do �ndice nacional.


Em 2022, as f�bricas mineiras representaram 12% das vendas em todo o pa�s, que pela primeira vez ultrapassaram a marca de R$ 1 trilh�o (R$ 1,075%). No pa�s, as vendas aumentaram 16,6% no ano passado, enquanto a produ��o f�sica teve incremento de 2,5%.

O faturamento do setor foi impulsionado pela volta � normalidade ap�s a pandemia de COVID-19 e pelos aumentos de pre�os de alimentos e bebidas, que no ano passado subiram 11,6%, segundo o �ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA). “A ind�stria tem uma conex�o muito forte com a alimenta��o fora do lar e quando ela cresce com a vida voltando ao normal, a ind�stria cresce puxada pelo food-service”, explica o presidente-executivo da Abia, Jo�o Dornellas. Descontada a infla��o, as f�bricas tiveram receita real 3,7% superior � de 2021.

Segundo o executivo, apesar do reajuste dos pre�os, eles n�o foram suficientes para cobrir os custos do setor, que tiveram aumento m�dio de 15%, pressionados pelas commodities agr�colas, principalmente caf� e leite, com alta de 24% em 2022, trigo 20% e �leo de palma, que subiu 13%. Embalagens (30%), g�s natural (30%), diesel 25% e energia el�trica industrial (7,5%) tamb�m pesaram no custo da ind�stria.. “O alimento est� caro no Brasil, mas est� caro no mundo todo”, ressalta Jo�o Dornellas ao lembrar que o aumento das commodities e dos combust�veis se deve � desorganiza��o das cadeias globais de suprimento com a COVID-19 e � guerra entre R�ssia e Ucr�nia.

“Do lado da oferta, o conflito entre R�ssia e Ucr�nia, a partir de fevereiro, acentuou a ruptura nas cadeias globais de suprimentos iniciada com a pandemia, o que elevou a press�o sobre disponibilidade e pre�os de mat�rias-primas agr�colas e energ�ticas, com impactos diretos sobre os custos de produ��o e alimentos no Brasil e no mundo”, refor�a o presidente-executivo da Abia. Dornellas explica que os custos do setor continuam pressionados com aumento das chapas de a�o e das resinas pl�sticas para embalagens, cujos pre�os subiram ap�s o fim da pol�tica de COVID zero da China. A volta das atividades no pa�s asi�tico, elevou a demanda e os pre�os das mat�rias-primas.

A expectativa � de que tamb�m em 2023 esses aumentos de custos sejam repassado para os pre�os dos produtos. A proje��o da Abia � de aumento entre 10% e 12% no faturamento do setor de food-service, que impacta as vendas da ind�stria de alimentos, cuja expectativa � um avan�o real (descontada a infla��o) de 1,5% a 2%, com desacelera��o em rela��o a 2022. A expectativa � de que os empregos nas f�bricas avance entre 0,5% e 1%, com a recupera��o dos sal�rios dos trabalhadores. O setor analisa que o PIB brasileiro crescer� entre 0,8% e 1% este ano.

Investimentos

Segundo a Abia, o faturamento das f�bricas foi impulsionado tamb�m pelos investimentos, principalmente os destinados a pesquisa e desenvolvimento e a compra de m�quinas e equipamentos para expans�o da produ��o, que somaram R$ 14,9 bilh�es, enquanto os destinados a fus�es e aquisi��es foram de R$ 8,7 bilh�es, totalizando R$ 23,63 bilh�es no ano passado.
“Em anos recentes Minas tem recebido fortes investimentos de ind�strias de alimentos j� instaladas e tamb�m de novos estabelecimentos, principalmente no sul do estado. A proximidade com S�o Paulo e Rio de Janeiro � outro fator que contribui, uma vez que, juntos, os tr�s constituem o maior mercado consumidor de alimentos do pa�s”, revela Jo�o Dornellas ao explicar o desempenho do setor no estado. O estado se destaca na produ��o de leite e derivados, principalmente queijos, e de caf�, sendo o maior produtor nacional. Al�m do caf� com leite, a ind�stria mineira � forte na produ��o de prote�nas animais, p�es, bolos, biscoitos, massas aliment�cias, sucos, doces e processamento do tomate.

Exporta��es

Com 64,8 milh�es de toneladas vendidas para 190 pa�s, o Brasil permanece no posto de segundo maior exportador de alimentos industrializados do mundo, com destaque para prote�nas animais, a��cares, farelos, �leos e gorduras. As vendas externas do setor somaram US$ 59 bilh�es no ano passado, com crescimento de 30,6% em rela��o a 2021 Com importa��es de US$ 7,2 bilh�es, a ind�stria brasileira de alimentos fechou 2022 com saldo positivo de US$ 51,8 bilh�es na sua balan�a comercial. “Ao longo de 2022, o crescimento da economia mundial, apear da desacelera��o no ritmo em rela��o a 2021, continuou estimulando o consumo de alimentos, fator que, combinado com a taxa de c�mbio favor�vel, contribuiu para a expans�o das exporta��es brasileiras de alimentos industrializados”, explicou Jo�o Dornellas. O mercado externo representou 28% do faturamento das f�bricas do setor, que comercializaram 72% das vendas no mercado interno.