Arranha-céus de BH.

A participa��o dos im�veis ofertados para fam�lias com renda baixa registrou uma queda expressiva.

Sinduscon/Divulga��o
O n�mero de apartamentos novos vendidos em Belo Horizonte e Nova Lima caiu 6,93% em 2022 na compara��o com o ano anterior, segundo o Sindicato da Ind�stria da Constru��o Civil de Minas Gerais (Sinduscon). A entidade divulgou o resultado anual do setor nesta ter�a-feira (28/2).
 
Foram 5.036 vendas, contra 5.411 no ano passado. O n�mero, por�m, foi comemorado. Ele � o segundo maior da s�rie hist�rica, que come�a em 2016. E o dinamismo, medido pela velocidade de vendas (quantidade vendida a cada 100 unidades ofertadas), se manteve est�vel em 12,1%.
 
Ao contr�rio do resultado nacional, onde o lan�amento de novos im�veis caiu 8,6%, ele foi 12,36% maior na regi�o, com 5.482 novos apartamentos, contra 4,879 em 2021.
 
A comemora��o, por�m, � moderada. Os dados apontam um cen�rio nebuloso para o futuro, com diminui��o da oferta de im�veis para rendas baixas, taxa de juros alta, enfraquecimento da caderneta de poupan�a, e aumento dos custos de produ��o na capital mineira.

Renda baixa ficou de fora

A participa��o dos im�veis ofertados para fam�lias com renda baixa registrou uma queda expressiva. As vendas de apartamentos padr�o econ�mico, de at� R$ 236,5 mil, foi 43,3% menor do que em 2021. O estoque desse tipo de im�vel caiu para 3,4% do total da capital e Nova Lima, com apenas 101 apartamentos dispon�veis.
 
 
Os im�veis padr�o standard, por sua vez, representaram 48,9% das vendas, com 2.463 unidades. Foi o �nico segmento onde as vendas foram maiores que os lan�amentos no ano passado.
 
“Se a gente somar os im�veis econ�micos e standard em 2021 e em 2022, vamos chegar a um mesmo n�mero, cerca de 3.600”, explica Renato Michel, presidente do Sinduscon. “S�o os mesmos im�veis, mas com a eleva��o dos pre�os, devido � infla��o dos custos de produ��o, um im�vel que antes era da faixa econ�mica virou standard, e n�o atende mais aquelas pessoas que recebem em torno de 1,5 sal�rios m�nimos”.
 
O pre�o de custo unit�rio b�sico de constru��o (CUB) aumentou, em m�dia, 42,74% de janeiro de 2020 at� dezembro de 2022 nas duas cidades. S� os custos com materiais foi 81,02% maior.
 
A queda na oferta e vendas de im�veis para fam�lias de renda baixa foi registrada em todo o pa�s. O principal motivo, segundo a C�mara Brasileira de Ind�stria da Constru��o (CBIC), foi a redu��o nos lan�amentos e vendas do Casa Verde e Amarela, atual Minha Casa Minha Vida.
 
“O Casa Verde e Amarela/Minha Casa Minha Vida perdeu participa��o no mercado. Houve queda em torno de um ter�o dos lan�amentos”, afirmou Celso Petrucci, da Comiss�o da Ind�stria Imobili�ria da CBIC. O programa respondia por 56% de todas unidades lan�adas no Brasil em 2021, e terminou 2022 com 38%.

Juros altos

Os juros altos tamb�m s�o uma preocupa��o. Se mantidos no atual patamar, com taxa Selic em 13%, a expectativa � de arrefecimento das vendas. “Para o investidor, os juros altos tornam a renda fixa mais atrativa, diminuindo os investimentos produtivos no mercado imobili�rio. E para as fam�lias, os juros aumentam o valor das parcelas e podem adiar a compra da casa pr�pria”, segundo Renato.

Poupan�a em queda

A queda na capta��o l�quida da caderneta de poupan�a dos �ltimos anos derrubaram as expectativas para financiamento. O Sistema Brasileiro de Poupan�a e Empr�stimo (SBPE) � a principal fonte de recursos para o financiamento imobili�rio no pa�s, e desde 2021 a capta��o de recursos tem ficado aqu�m da retirada dos recursos.
 
“Temos observado muitas transfer�ncias de recursos da poupan�a para outras formas de investimento, ou mesmo o saque dos valores. Com isso, os bancos est�o ficando mais seletivos para oferecer cr�dito via SBPE, reduzindo recursos direcionados ao mercado imobii�rio”, explicou o presidente da Sinduscon.
 
Segundo Renato, a poupan�a perdeu cerca de R$ 80 bilh�es, com uma queda de 13% nos recursos do SBPE. E a expectativa � que eles sigam caindo. “E menos recursos sejam injetados no segmento imobili�rio”, acrescentou.

Uberl�ndia em destaque

Al�m dos resultados para capital e Nova Lima, a entidade divulgou o balan�o do �ltimo trimestre do ano para os munic�pios do interior do estado.
 
No quarto trimestre de 2022, 5.487 unidades novas foram vendidas. A maior fatia, de 28%, foi na cidade de Uberl�ndia (1.540), acima de Belo Horizonte, com 25%.
 
A cidade do Tri�ngulo Mineiro tem o maior n�mero de apartamentos novos dispon�veis para venda - 4.592 im�veis. Em seguida, v�m Uberaba (1.168) e Juiz de Fora (1.152). As tr�s s�o as cidades onde a constru��o civil mais cresce no estado.

Plano diretor

Quem comprou um im�vel em Belo Horizonte nos �ltimos anos fez um bom neg�cio, na opini�o de Renato. Isso porque os pre�os subiram acima da infla��o, e a expectativa � que sigam subindo. N�o mais pela alta dos materiais de constru��o, que devem estabilizar, mas por outra novidade: a vig�ncia do novo plano diretor, a partir de fevereiro deste ano.
 
Diversas construtoras adiantaram seus projetos no ano passado para evitar as novas especifica��es, segundo o presidente da Sinduscon. O coeficiente de aproveitamento, que define quanto pode ser constru�do em um terreno, diminuiu.
 
“Dentro da avenida do Contorno, voc� podia construir com coeficiente de 2,7. Agora, � de s� 1. O potencial construtivo deve cair quase %u2153. Esse potencial pode ser retomado adquirindo uma outorga onerosa do direito de construir com a Prefeitura, mas isso vai encarecer os im�veis”, explica. O impacto, para um apartamento de 100 metros quadrados na Savassi, pode chegar a 40 mil reais, estimou Renato.

Expectativas

A entidade observa “s�rios desafios” para este ano, mas tamb�m oportunidades. Al�m da possibilidade de retomada dos investimentos do Minha Casa Minha Vida, uma baixa dos estoques de im�veis pode aquecer novos lan�amentos.
 
O estoque atual, de 2.974 im�veis, � o mais baixo desde 2016, quando era de 5.518. Destes, 32,6% s�o padr�o standard; 26,8 m�dio; 13,7 luxo; 11% alto; 6,7% especial; 5,9% super luxo; e 3,4% econ�mico.
 
*Estagi�rio com supervis�o do subeditor Diogo Finelli.