Fachada do Banco Central

Segundo o Copom, epis�dios envolvendo bancos nos Estados Unidos e na Europa elevaram a incerteza e a volatilidade dos mercados e requerem monitoramento

CB/D.A PRESS
O Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom), do Banco Central, decidiu, nesta quarta-feira (22/3), manter a taxa b�sica da economia (Selic) em 13,75% ao ano pela quinta reuni�o consecutiva e n�o sinaliza corte nos juros.

A decis�o foi un�nime. No comunicado, o Copom reconheceu que o ambiente externo se deteriorou na compara��o com a reuni�o anterior. "Os epis�dios envolvendo bancos nos Estados Unidos e na Europa elevaram a incerteza e a volatilidade dos mercados e requerem monitoramento. Em paralelo, dados recentes de atividade e infla��o globais se mant�m resilientes e a pol�tica monet�ria nas economias centrais segue avan�ando em trajet�ria contracionista", ressaltou.

O comunicado do colegiado ainda informou que, considerando a incerteza ao redor de seus cen�rios, "segue vigilante, avaliando se a estrat�gia de manuten��o da taxa b�sica de juros por per�odo prolongado ser� capaz de assegurar a converg�ncia da infla��o".
"O Comit� refor�a que ir� perseverar at� que se consolide n�o apenas o processo de desinfla��o como tamb�m a ancoragem das expectativas em torno de suas metas, que mostrou deteriora��o adicional, especialmente em prazos mais longos. O Comit� enfatiza que os passos futuros da pol�tica monet�ria poder�o ser ajustados e n�o hesitar� em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinfla��o n�o transcorra como esperado", destacou o texto da nota.

Veja a �ntegra da nota do Copom:

"Desde a reuni�o anterior do Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom), o ambiente externo se deteriorou. Os epis�dios envolvendo bancos nos EUA e na Europa elevaram a incerteza e a volatilidade dos mercados e requerem monitoramento. Em paralelo, dados recentes de atividade e infla��o globais se mant�m resilientes e a pol�tica monet�ria nas economias centrais segue avan�ando em trajet�ria contracionista.

Em rela��o ao cen�rio dom�stico, o conjunto dos indicadores mais recentes de atividade econ�mica segue corroborando o cen�rio de desacelera��o esperado pelo Copom. A infla��o ao consumidor, assim como suas diversas medidas de infla��o subjacente, segue acima do intervalo compat�vel com o cumprimento da meta para a infla��o. As expectativas de infla��o para 2023 e 2024 apuradas pela pesquisa Focus se elevaram desde a reuni�o anterior do Copom e encontram-se em torno de 6,0% e 4,1%, respectivamente.

Na mesma linha, as proje��es de infla��o do Copom em seu cen�rio de refer�ncia* elevaram-se para 5,8% em 2023 e para 3,6% em 2024. As proje��es para a infla��o de pre�os administrados s�o de 10,2% em 2023 e 5,3% em 2024. O Comit� optou novamente por dar �nfase ao horizonte de seis trimestres � frente, referente ao terceiro trimestre de 2024, cuja proje��o de infla��o acumulada em doze meses situa-se em 3,8%. Em cen�rio alternativo, no qual a taxa Selic � mantida constante ao longo de todo o horizonte relevante, as proje��es de infla��o situam-se em 5,7% para 2023, 3,3% para o terceiro trimestre de 2024 e 3,0% para 2024. O Comit� julga que a incerteza em torno das suas premissas e proje��es atualmente � maior do que o usual.

O Comit� ressalta que, em seus cen�rios para a infla��o, permanecem fatores de risco em ambas as dire��es. Entre os riscos de alta para o cen�rio inflacion�rio e as expectativas de infla��o, destacam-se (i) uma maior persist�ncia das press�es inflacion�rias globais; (ii) a incerteza sobre o arcabou�o fiscal e seus impactos sobre as expectativas para a trajet�ria da d�vida p�blica; e (iii) uma desancoragem maior, ou mais duradoura, das expectativas de infla��o para prazos mais longos. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) uma queda adicional dos pre�os das commodities internacionais em moeda local; (ii) uma desacelera��o da atividade econ�mica global mais acentuada do que a projetada, em particular em fun��o de condi��es adversas no sistema financeiro global; e (iii) uma desacelera��o na concess�o dom�stica de cr�dito maior do que seria compat�vel com o atual est�gio do ciclo de pol�tica monet�ria.

Por um lado, a recente reonera��o dos combust�veis reduziu a incerteza dos resultados fiscais de curto prazo. Por outro lado, a conjuntura, marcada por alta volatilidade nos mercados financeiros e expectativas de infla��o desancoradas em rela��o �s metas em horizontes mais longos, demanda maior aten��o na condu��o da pol�tica monet�ria. O Comit� avalia que a desancoragem das expectativas de longo prazo eleva o custo da desinfla��o necess�ria para atingir as metas estabelecidas pelo Conselho Monet�rio Nacional. Nesse cen�rio, o Copom reafirma que conduzir� a pol�tica monet�ria necess�ria para o cumprimento das metas.

Considerando os cen�rios avaliados, o balan�o de riscos e o amplo conjunto de informa��es dispon�veis, o Copom decidiu manter a taxa b�sica de juros em 13,75% a.a. O Comit� entende que essa decis�o � compat�vel com a estrat�gia de converg�ncia da infla��o para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui os anos de 2023 e, em grau maior, de 2024. Sem preju�zo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de pre�os, essa decis�o tamb�m implica suaviza��o das flutua��es do n�vel de atividade econ�mica e fomento do pleno emprego.

Considerando a incerteza ao redor de seus cen�rios, o Comit� segue vigilante, avaliando se a estrat�gia de manuten��o da taxa b�sica de juros por per�odo prolongado ser� capaz de assegurar a converg�ncia da infla��o. O Comit� refor�a que ir� perseverar at� que se consolide n�o apenas o processo de desinfla��o como tamb�m a ancoragem das expectativas em torno de suas metas, que mostrou deteriora��o adicional, especialmente em prazos mais longos. O Comit� enfatiza que os passos futuros da pol�tica monet�ria poder�o ser ajustados e n�o hesitar� em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinfla��o n�o transcorra como esperado.

Votaram por essa decis�o os seguintes membros do Comit�: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Bruno Serra Fernandes, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Fernanda Magalh�es Rumenos Guardado, Maur�cio Costa de Moura, Ot�vio Ribeiro Damaso, Paulo S�rgio Neves de Souza e Renato Dias de Brito Gomes."

*No cen�rio de refer�ncia, a trajet�ria para a taxa de juros � extra�da da pesquisa Focus e a taxa de c�mbio parte de USD/BRL 5,25, evoluindo segundo a paridade do poder de compra (PPC). O pre�o do petr�leo segue aproximadamente a curva futura pelos pr�ximos seis meses e passa a aumentar 2% ao ano posteriormente. Al�m disso, adota-se a hip�tese de bandeira tarif�ria "amarela" em dezembro de 2023 e de 2024. O valor para o c�mbio � obtido pelo procedimento usual de arredondar a cota��o m�dia da taxa de c�mbio USD/BRL observada nos cinco dias �teis encerrados no �ltimo dia da semana anterior � da reuni�o do Copom.