Apesar de evitar atacar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, como costumam fazer o presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) e outros integrantes do governo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, preferiu atacar os juros do rotativo do cart�o de cr�dito e afirmou que “h� espa�o para cair”, pois as taxas s�o “estratosf�ricas”. O ministro ainda refor�ou que o governo est� preparando um pacote com, pelo menos, 12 medidas na �rea de cr�dito para estimular a economia.
 
Haddad lembrou que, assim como o governo conseguiu chegar a um acordo para reduzir o teto de juros dos empr�stimos consignados para aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), de 2,14% para 1,97% ao m�s, agora, a equipe econ�mica trabalha em um pacote de 12 medidas para estimular o cr�dito que dever� incluir a��es no rotativo tamb�m.
 
“Estamos com um grupo de estudos para o rotativo, que � outro abuso que � cometido hoje. Eu falava aqui com o representante de bancos dizendo. Olha s� como para a pr�pria imagem de voc�s, porque � uma coisa que n�o tem explica��o. Voc� n�o consegue explicar no Brasil nem no exterior, uma taxa praticada disso, independentemente de estar alta taxa Selic do Banco Central, o rotativo n�o est� alto, � uma coisa que est� estratosf�rica”, afirmou Haddad, nesta sexta-feira (31/3), a jornalistas, em S�o Paulo, ap�s uma s�rie de reuni�es com empres�rios e agentes do mercado financeiro.
 
 
“O governo tomou provid�ncias para salvaguardar a economia dos nossos aposentados e toda a renova��o de empr�stimo consignado estava pagando taxas exorbitantes”, destacou o chefe da equipe econ�mica do presidente petista, ao comentar sobre a defini��o da nova taxa do consignado para aposentados, ap�s a confus�o com os bancos p�blicos e privados gerada pelo ministro da Previd�ncia, Carlos Lupi, que reduziu unilateralmente o teto para 1,70% ao m�s.
 
Conforme dados do Banco Central, as taxas m�dias no rotativo do cart�o de cr�dito para a pessoa f�sica somaram 417,4% ao ano no m�s de fevereiro. No mesmo m�s de 2022, esse custo estava em 355,2% ao ano, patamar ainda elevado se comparada com a taxa b�sica da economia, de 13,75% anuais, que s�o constantemente criticadas por Lula e seus aliados.
 
 
O ministro contou que o governo pretende tomar provid�ncias para uma esp�cie de modula��o, a fim de chegar a um “bom termo”, a exemplo do que aconteceu com os juros do cheque especial. “Isso j� aconteceu no passado com o cheque especial, que ainda � alto, mas foi modulado. H� espa�o para cair o juro do cheque especial, mas, no caso do cart�o de cr�dito, sobretudo o juro do rotativo, � uma exorbit�ncia que precisa ser corrigida”, frisou.
Apartidarismo
 
Fernando Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad

Sergio Lima / AFP
 
 
Ao ser questionado sobre o coment�rio vago de Campos Neto sobre o arcabou�o fiscal, apesar de ele ter sido uma das primeiras pessoas para quem Haddad apresentou o desenho, o ministro da Fazenda evitou criar novas pol�micas e ru�dos.
 
“Olha, eu estou procurando, da minha parte, fazer o melhor papel poss�vel para aproximar a autoridade do Banco Central do governo para que ele se comporte como uma ag�ncia do Estado brasileiro apartid�ria, que n�o se envolve em pol�tica, mas que ajuda a construir um cen�rio econ�mico melhor para os investidores”, afirmou.
 
 
De acordo com Haddad, o papel dele � prestar as informa��es e tomar as medidas que “parecem as mais adequadas, do ponto de vista do governo, para endere�ar aquilo que interessa � popula��o brasileira” e estava no programa de governo desde a elei��o.
 
“N�s vamos buscar o financiamento dos programas sociais, o financiamento adequado e a autoridade monet�ria pode responder a isso. Agora sim, ele foi apresentado ao arcabou�o. Reagiu a ele, com pouqu�ssimas ressalvas, diga se de passagem, muito pr�ximo daquilo que n�s conversamos. Portanto, eu penso que, quando o texto for entregue ao Congresso Nacional, tamb�m esse tipo de ru�do vai desaparecer do cen�rio”, afirmou.
 

Pacote de cr�dito

 
De acordo com Haddad, em abril, o governo vai soltar um pacote de, pelo menos, 12 medidas na �rea de cr�dito, “para melhorar o ambiente de cr�dito no Brasil”.
 
“Isso vai desde aval para PPPs(Parcerias P�blico-Privadas), que s�o grandes investimentos em infraestrutura, passa por deb�ntures que n�o pagam Imposto de Renda, at� garantias que s�o dadas no sistema de cr�dito para baixar o chamado spread, que � o quanto o juro cobra mais do que ele paga de capta��o. Come�amos a replanejar o Brasil a partir dessa nova medida, que vai acomodar uma s�rie de outras medidas necess�rias para equilibrar a economia brasileira”, enumerou.