Imagem meramente ilustrativa de painel de bolsa de valores
A aprova��o pelo CMN (Conselho Monet�rio Nacional) do novo regime de meta de infla��o refor�ou ainda mais a expectativa dos agentes financeiros em rela��o � redu��o da taxa Selic no curto prazo. As taxas dos juros futuros, que embutem as apostas do mercado sobre a condu��o da pol�tica monet�ria, tiveram forte queda na sexta-feira (30).
As proje��es de bancos e corretoras para o Ibovespa, o principal �ndice acion�rio da B3, variam entre os 125 mil e os 140 mil pontos para os pr�ximos seis a 12 meses, o que embute um potencial de valoriza��o de quase 20% no caso das estimativas mais otimistas.
O Santander divulgou na segunda-feira (26) proje��o que prev� o Ibovespa aos 140 mil pontos em junho de 2024, o que corresponde a uma valoriza��o de 18,5% em 12 meses.
"A gente est� com uma vis�o bem positiva [para a Bolsa] nos pr�ximos 12 a 18 meses. Estamos no in�cio de um ‘bull market’ [ciclo de forte alta das a��es] no Brasil", afirma Aline Cardoso, chefe da �rea de pesquisa e estrat�gia de a��es do Santander.
A prov�vel queda dos juros � um dos principais fatores que embasam a vis�o positiva do Santander para a Bolsa. O banco conduziu um estudo que buscou analisar o comportamento da Bolsa nos �ltimos nove ciclos de corte de juros, entre 1999 e 2020.
O trabalho indicou que, 12 meses ap�s o primeiro corte, a Bolsa subiu, em m�dia, 21%. E que, passados 24 meses, a alta m�dia das a��es sobe para 43%. "Os ciclos de redu��o dos juros s�o muito poderosos para a performance da Bolsa", afirma a especialista.
Juros mais baixos se refletem em um custo de capital menor para as empresas tocarem suas opera��es, com queda nas despesas financeiras para fazer frente ao pagamento dos juros, e prov�vel revis�o para cima nos crescimentos dos lucros, diz Aline.
Estrategista da RB Investimentos, Gustavo Cruz acrescenta que a Selic menor reduz a atratividade das emiss�es de renda fixa para o investidor pessoa f�sica, que, com isso, tende a direcionar a aten��o de volta para os ativos de maior risco que embutem uma expectativa maior de rentabilidade como as a��es.
Cruz aumentou no fim de junho de 120 mil para 125 mil pontos a proje��o para o Ibovespa no final de 2023, o que embute uma valoriza��o de 5,85%. "Algumas indefini��es sa�ram da frente, dando mais espa�o para a valoriza��o de ativos de risco", afirma.
Ele aponta o andamento do arcabou�o fiscal no Congresso como uma importante sinaliza��o positiva para o mercado sobre a condu��o da pol�tica econ�mica pelo governo Lula. "O arcabou�o n�o resolve o problema fiscal, mas vai na dire��o correta e n�o piora a situa��o do Brasil nos pr�ximos anos", diz.
O estrategista acrescenta que a aprova��o pelo CMN da nova meta de infla��o tamb�m impacta positivamente o sentimento dos agentes financeiros. "A decis�o deixa o caminho aberto para que o BC tenha autonomia para perseguir a meta."
Em meados de maio, a XP tamb�m j� havia aumentado de 128 mil para 130 mil pontos a proje��o para o Ibovespa em dezembro, o que corresponde a uma alta de 10,1%.
A queda dos juros futuros nas �ltimas semanas foi apontada pelos analistas da XP para justificar a revis�o para cima na estimativa para o �ndice de a��es.
A expectativa da XP � que o BC inicie o corte de juros em agosto, com a Selic em 12% no final de 2023 e em 11% em junho de 2024.
"Olhando para o futuro, achamos que podemos estar diante de um ciclo mais favor�vel para ativos brasileiros frente a essa perspectiva de queda de juros", dizem os analistas da XP em relat�rio.
"SMALL CAPS" E SETORES C�CLICOS S�O APONTADOS ENTRE AS MELHORES APOSTAS NA BOLSA
As a��es conhecidas no mercado como "small caps", de empresas de menor porte, que costumam ter uma rela��o maior com a economia dom�stica, s�o citadas pelos analistas da XP entre as que devem ter um desempenho destacado frente aos pares.
Setores c�clicos mais sens�veis �s oscila��es nos juros, como papel e celulose, varejo e transportes tamb�m s�o apontados entre aqueles que devem apresentar um desempenho acima da m�dia.
Aline, do Santander, cita o setor de consumo discricion�rio, que � aquele mais influenciado pelos ciclos da economia, entre as principais apostas do banco para a Bolsa. Nesse sentido, empresas de varejo e constru��o civil s�o candidatas em potencial, diz a especialista.
Na carteira recomendada de julho da Santander Corretora, representantes dos dois setores, como Hypera, Vivara, Multiplan e Cyrela, comp�em o portf�lio sugerido de a��es.
GUIDE REVISA PROJE��O PARA BAIXO COM FRUSTRA��O SOBRE QUEDA DOS JUROS
A Guide Investimentos, por sua vez, revisou no dia 26 de junho para baixo a proje��o para o Ibovespa em dezembro, de 150 mil para 140 mil pontos.
Segundo Fernando Siqueira, chefe da �rea de pesquisa da Guide, apesar de a expectativa de queda dos juros favorecer a valoriza��o do Ibovespa, a estimativa anterior incorporava uma queda da Selic j� a partir do segundo trimestre, o que n�o ocorreu.
Al�m disso, a queda das commodities, tanto do min�rio de ferro quanto do petr�leo, as duas mais relevantes para a Bolsa brasileira, foi mais acentuada do que o esperado, acrescenta Siqueira.
"Apesar da redu��o da proje��o, ainda vemos um potencial de valoriza��o elevado para o Ibovespa ao longo de 2023", assinala o especialista. Ele diz ainda que, apesar do desemprenho fraco da economia brasileira nos �ltimos trimestres, o lucro das empresas do Ibovespa vem crescendo de
forma consistente.
"A queda dos juros historicamente impulsionou os ativos brasileiros, principalmente a��es e fundos imobili�rios. Acreditamos que neste ciclo a hist�ria ir� se repetir e a queda da Selic deve contribuir para trazer de volta o fluxo para ativos com maior potencial de valoriza��o, como a��es e fundos imobili�rios."
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