Os destaques foram um controle mais apurado da inadimpl�ncia e uma carteira de cr�dito resiliente, com uma composi��o voltada para clientes de maior renda (Ita�) e para o agroneg�cio (BB)
Conforme j� esperado por analistas, Ita� e BB (Banco do Brasil) foram, novamente, os principais destaques positivos, com um controle mais apurado da inadimpl�ncia e uma carteira de cr�dito resiliente, com uma composi��o voltada para clientes de maior renda (Ita�) e para o agroneg�cio (BB).
J� Bradesco e Santander, tamb�m sem surpresas, voltaram a apresentar n�meros considerados piores pelos especialistas, relacionados aos �ndices de atrasos ainda pressionados por uma base de clientes que sofreu mais com o ambiente de juros altos, com consequente impacto negativo para o n�vel de rentabilidade das opera��es.
O analista da Senso acrescenta que a dupla errou a m�o ao adotar uma postura excessivamente agressiva na concess�o de cr�dito quando os juros estavam baixos, com a fatura agora sendo cobrada. Em conjunto, os quatro grandes bancos reportaram um lucro l�quido combinado de R$ 24,3 bilh�es entre abril e junho, o que corresponde a uma queda 8,7% na compara��o com o mesmo per�odo do ano passado.
O resultado foi puxado para cima por Ita� e BB, que cresceram 14% e 11,7%, respectivamente, com o n�vel de rentabilidade das opera��es na casa dos 20%. Na ponta contr�ria, o lucro do Bradesco recuou 36%, enquanto no Santander a queda chegou a 45%, com a rentabilidade mais perto de 11% em ambos.
PARA ANALISTAS, ITA� � O MAIS PREPARADO PARA TRANSFORMA��ES NO MERCADO
Salles afirma que os resultados apresentados pelo Ita� foram positivos e atenderam as expectativas do mercado em rela��o ao desempenho apresentado. Em linhas gerais, o Ita� manteve a liquidez do neg�cio em um patamar saud�vel, com bom controle do risco assumido ao fazer os empr�stimos aos clientes, o que sinaliza que os bons resultados devem prosseguir ao longo do segundo semestre, avalia o especialista.
"A qualidade dos indicadores � de dar inveja a seus pares privados", diz Pedro Serra, analista da Ativa Investimentos, que cita a inadimpl�ncia controlada em 3% e uma menor necessidade de fazer novas reservas contra calotes na compara��o com o setor.
"No processo de transforma��o da ind�stria banc�ria, consideramos o Ita� o incumbente mais bem preparado, com melhor agenda e implementa��o de sua transforma��o digital para competir com os modelos de neg�cios entrantes e a frente de seus pares tradicionais principalmente no quesito efici�ncia", afirma Marco Barbosa, da Mirae Asset Wealth Management.
Serra, da Ativa, acrescenta que as receitas com servi�os foram o destaque negativo do resultado do Ita�.
Embora a agenda de redu��o de tarifas para os clientes fosse algo j� incorporado nas estimativas, o ritmo de redu��o se deu de forma mais r�pida do que o projetado, diz o analista da Ativa.
Com um desempenho pior do que o esperado das receitas com servi�os, o banco reduziu suas proje��es de crescimento no ano da linha, saindo de uma banda de 7,5% a 10,5% para 5% a 7%.
BB TEM A MAIOR RENTABILIDADE ENTRE OS PARES
Em rela��o ao BB, os analistas Bernardo Guttmann, Matheus Guimar�es e Rafael Nobre, da XP, destacam que, frente a um lucro l�quido recorrente de R$ 8,78 bilh�es no segundo trimestre, o banco apresentou o maior ROE (retorno sobre o patrim�nio, que mede o n�vel de rentabilidade da opera��o) entre os incumbentes, atingindo 21,3%.
"O banco reportou resultados consistentes por mais um trimestre em praticamente todas as linhas, incluindo a qualidade de cr�dito, com uma inadimpl�ncia acima de 90 confort�vel", apontam.
Larissa Quaresma, analista da Empiricus, diz que o bom crescimento da carteira de cr�dito, al�m dos ganhos de efici�ncia, compensou a fraca expans�o da receita de servi�os e o aumento da inadimpl�ncia.
"Ficamos com a sensa��o de que o BB ainda est� colhendo os frutos de um posicionamento privilegiado junto ao agroneg�cio, al�m dos esfor�os de efici�ncia dos �ltimos anos", afirma a analista da Empiricus.
Matheus Amaral, do Inter, assinala ainda que o BB cresceu 3,4% no segmento de pessoas jur�dicas, principalmente em capital de giro, destoando do ambiente restritivo dos demais concorrentes.
Larissa, da Empiricus, faz uma ressalva lembrando que, com um apetite por cr�dito maior que o dos pares privados, existe o risco de o BB continuar a ver a inadimpl�ncia se deteriorar nos pr�ximos balan�os.
MELHORA NOS N�MEROS DO BRADESCO LEVAR� ALGUNS TRIMESTRES
No caso do Bradesco, os analistas notam que o banco seguiu ainda bastante pressionado pelo aumento do �ndice de inadimpl�ncia, que passou de 3,5% em junho de 2022 para 5,9% em junho de 2023, bem como pela necessidade de formar reservas para se proteger contra eventuais calotes.
O valor reservado pelo banco contra calotes quase dobrou. A PDD (Provis�o para Devedores Duvidosos) alcan�ou R$ 10,316 bilh�es no final de junho, alta de 94,2% em bases anuais.
"Ainda n�o observamos um grande al�vio na inadimpl�ncia, uma vez que o banco est� consideravelmente exposto a linhas de cr�dito de baixa qualidade", notam os analistas da XP.
A alta da infla��o no ano passado pressionou o poder de compra da popula��o de baixa renda, o que tem implica��es para o banco devido ao seu vi�s de baixa renda, avalia o time de an�lise do Goldman Sachs liderado pelo analista Tito Labarta.
"No entanto, o banco est� bem posicionado para retomar o crescimento nesse segmento no momento apropriado."
Os analistas da XP lembram que, na esteira de resultados decepcionantes nos �ltimos trimestres, o banco revisou para baixo as proje��es de crescimento para o ano — ap�s reportar um crescimento da carteira de cr�dito de 1,6% no primeiro semestre, o banco alterou a expectativa de evolu��o da linha em 2023 de um intervalo entre 6,5% e 9,5% para entre 1% e 5%.
"Acreditamos numa curva de melhoria, mas vemos o ponto de inflex�o um pouco mais distante, dada algumas incertezas, incluindo a elevada inadimpl�ncia e o baixo crescimento da carteira, que se traduzem em baixos n�veis de rentabilidade", pontuam os analistas da XP, acrescentando que o resultado s� n�o foi pior pelo desempenho positivo da linha de seguros, que cresceu 30% impulsionada por maiores pr�mios e sinistralidade est�vel.
REVERS�O DO SANTANDER J� APARECE NO HORIZONTE
Por fim, quanto ao Santander, a avalia��o dos especialistas de um modo geral � a de que os resultados tamb�m vieram fracos, mas com sinais mais auspiciosos de que o pior pode ter ficado para tr�s.
"Apesar do resultado ainda fraco do banco, puxado por um ritmo mais lento de evolu��o das receitas, come�amos a ver alguns sinais de poss�vel melhora, como uma redu��o das provis�es de cr�dito duvidoso e melhora na margem com mercado (opera��es de tesouraria)", diz a equipe de an�lise do setor financeiro da Genial Investimentos liderada pelo analista Eduardo Nishio.
Eles lembram que as provis�es de devedores duvidosos ca�ram 11,6% em bases trimestrais, puxadas pelo melhor desempenho das novas safras e pela introdu��o de um mix de produtos mais conservador.
Com o in�cio do ciclo de corte dos juros, uma melhora gradual a partir do segundo semestre n�o pode ser descartada, pontuam os especialistas.
Na mesma linha, Mateus Haag, analista da Guide, avalia que alguns sinais de melhoria de trajet�ria foram apontados pelo banco nos resultados do segundo trimestre, com uma poss�vel indica��o de que o pior momento foi superado.
A inadimpl�ncia curta, de 15 a 90 dias, caiu de 4,5% em mar�o para 4,2% em junho e "traz certo conforto", confirmando os esfor�os do banco de adotar uma maior seletividade nas novas safras de cr�dito �s pessoas f�sicas, afirma Haag.
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