BC vai apresentar solu��o ao rotativo em at� 90 dias
Pedro Fran�a/Ag�ncia Senado
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, esteve no Senado Federal nesta quinta-feira (10/8) para prestar contas sobre a atua��o da autoridade monet�ria nos �ltimos meses. O economista afirmou que o BC pretende acabar com o rotativo do cart�o de cr�dito, ao mesmo tempo em que pode criar uma tarifa para frear o parcelamento de longo prazo sem juros.
O sistema de financiamento por cart�o de cr�dito permite que os consumidores possam parcelar compras em at� 13 vezes sem juros, enquanto o rotativo ocorre quando o cliente joga parte do valor da fatura para a d�vida do pr�ximo m�s. A modalidade de cr�dito cobra uma taxa que pode chegar a 440% ao ano, equivalente a 15% ao m�s, segundo o BC.
“A gente tem 90 dias para apresentar uma solu��o, que est� se encaminhando para que n�o tenha mais rotativo. O cr�dito vai direto para o parcelamento, que ser� com uma taxa ao redor de 9% (ao m�s). Extingue o rotativo. Quem n�o paga o cart�o vai direto para o parcelamento ao redor de 9%", disse Campos Neto.
"A gente cria algum tipo de tarifa para desincentivar esse parcelamento sem juros t�o longos. N�o � proibir o parcelamento, � simplesmente tentar fazer com que ele fique um pouco mais disciplinado, de uma forma bem faseada para n�o afetar o consumo", emendou o presidente do BC.
Economista defende discuss�o social
Segundo o economista Gelton Pinto Coelho, membro do Conselho Regional de Economia de Minas Gerais (Corecon-MG), acabar com o rotativo passando a d�vida para um parcelamento � uma boa ideia, mas � preciso criar mecanismos mais definitivos, j� que os juros s�o “extorsivos e impag�veis”.
“As pessoas n�o deixam no rotativo porque elas querem. As pesquisas mostram que o endividamento se d� por alimenta��o e compra de rem�dios, ent�o a gente percebe que o uso de dinheiro n�o foi inadequado”, disse, lembrando que a maioria da popula��o vive abaixo de tr�s sal�rios m�nimos.
Por outro lado, ele pondera que acabar com o parcelamento sem juros � de maior interesse dos bancos, e que a ideia do BC pode ser equivocada. “O comprador olha o tamanho da presta��o e n�o o juro embutido nisso. Dependendo do tipo da d�vida, ele paga mais do que ele devia s� que parcelado. Ent�o voc� n�o est� resolvendo um problema”, explica.
Para Gelton, resolver o problema dos cart�es de cr�dito com Projetos de Lei (PL) seria mais interessante pois cria uma discuss�o “realmente social”, enquanto mudan�as atrav�s do BC seriam vol�teis a troca de gest�o. A premissa � que a discuss�o seria muito grande e que o Congresso teria maior respaldo.
Ele cita o PL 2685/2022, de autoria do deputado federal Elmar Nascimento (Uni�o-BA), que limita os juros do rotativo a 8% ao m�s e que n�o podem ser superiores aos do cheque especial. A limita��o seria feita pelo Conselho Monet�rio Nacional (CMN), composto pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), do Planejamento, Simone Tebet (MDB) e o presidente do BC.
A proposta de Elmar cria o ReFamilia, um programa nacional de renegocia��o de d�vidas com um conceito similar ao “Desenrola”. Segundo Campos Neto, um PL ligado ao programa do governo federal, limitando os juros do rotativo, deve ser apresentado em at� 90 dias.
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