Notas de dólar

Quanto mais altos os juros nos EUA, mais o d�lar tende a se valorizar globalmente, j� que as taxas aumentam a atratividade da renda fixa americana

Graziela Reis/EM/D.A Press
O d�lar teve forte alta de 1,74% e fechou cotado a R$ 5,154 nesta ter�a-feira (3), em seu maior valor desde mar�o, impulsionado pela persist�ncia das apostas sobre juros mais altos por mais tempo nos Estados Unidos. Os rendimentos dos t�tulos americanos registraram novo avan�o, ap�s a divulga��o de dados fortes de emprego no pa�s, e deram for�a � divisa.


J� os ativos de risco globais foram penalizados pela escalada dos t�tulos, e a Bolsa brasileira terminou o dia em queda significativa. Nesta ter�a, o Ibovespa recuou 1,42%, aos 113.419 pontos.


Os rendimentos dos t�tulos americanos de longo prazo, os chamados "treasuries", v�m escalando nas �ltimas semanas, desde que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) sinalizou, no fim de setembro, que pode promover uma nova alta de juros nos EUA ainda em 2023.

Nesta ter�a, os rendimentos dos treasuries registraram mais uma forte alta: subiram de 4,68% para 4,79%, em seus maiores valores desde 2007.

 


Como pano de fundo, o Departamento do Trabalho americano divulgou nesta manh� que as vagas de emprego em aberto nos EUA aumentaram em agosto, apontando para um mercado de trabalho aquecido e refor�ando apostas de que o Fed pode aumentar os juros em sua pr�xima reuni�o, marcada para novembro.

 

"Os dados fortes de aberturas de vagas nos EUA publicados hoje desencadearam mais um dia movimentado nos mercados ao redor do globo. A interpreta��o � que a economia americana continua mostrando robustez e que mais um aumento dos juros deve ser inevit�vel", afirma Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad.


Quanto mais altos os juros nos EUA, mais o d�lar tende a se valorizar globalmente, j� que as taxas aumentam a atratividade da renda fixa americana, que � mais segura e torna-se preferida pelos investidores, como explica Elcio Cardozo, especialista em mercado de capitais e s�cio da Matriz Capital.

"Enquanto esse movimento de alta nos juros futuros americanos perdurar, � bem prov�vel que o d�lar continue se valorizando frente a outras moedas, porque o investidor global prefere investir em economias mais resilientes. Apesar de a renda fixa no Brasil, historicamente, pagar mais, esses n�veis de rentabilidade para ativos livres de risco s�o uma raridade", diz Cardozo.


A economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, aponta que outras moedas emergentes tamb�m est�o sendo penalizadas nesta ter�a, o que refor�a a tese de que ganho global de for�a da divisa americana.


"� um comportamento de for�a do d�lar. Os dados de mercado de trabalho sugerem que haver� reflexo da atividade econ�mica na infla��o americana, resultando em mais um dia de alta nos juros dos treasuries. O que tem acontecido no c�mbio nos �ltimos dias � justamente fluxo de d�lar saindo do Brasil e indo para os Estados Unidos, com a perspectiva de juros maiores por l�", diz Quartaroli.


Nesta ter�a, o �ndice DXY, que mede o desempenho do d�lar ante outras moedas fortes, subiu 0,10%, em linha com os rendimentos dos t�tulos americanos. O indicador tamb�m vem escalando nos �ltimos dias e atingiu seu maior n�vel desde novembro do ano passado.


Desde 19 de setembro, um dia antes de o Fed sinalizar uma poss�vel nova alta de juros, o d�lar acumula alta de 5,77% em rela��o ao real.


J� os ativos de risco globais est�o sendo penalizados pela escalada dos treasuries, e os �ndices de a��es americanos terminaram o dia em forte queda. O S&P 500, o Dow Jones e o Nasdaq recuaram 1,41%, 1,29% e 1,87%, respectivamente.

Investidores devem ficar atentos ao longo desta semana para novos dados de emprego e de servi�os dos Estados Unidos, com destaque para o relat�rio de cria��o de vagas do governo de sexta-feira, acompanhado de perto pelo Fed.


No Brasil, os ativos locais tamb�m foram impactados pela subida dos t�tulos americanos, justamente com a prefer�ncia de investidores pela renda fixa dos EUA, e o Ibovespa vem registrando sucessivas baixas. Sem a divulga��o de indicadores relevantes, o cen�rio externo ditou o tom das negocia��es mais uma vez.


A queda do Ibovespa foi puxada principalmente por Petrobras e Vale, as maiores da Bolsa e as mais negociadas da sess�o, que recuaram 0,84% e 0,88%, respectivamente.


As maiores quedas do dia, no entanto, foram novamente das "small caps", empresas menores e mais ligadas � economia dom�stica. Magazine Luiza, Grupo Casas Bahia e Petz lideraram os tombos com recuos de 7,96%, 7,94% e 6,52%, respectivamente, e o �ndice que re�ne essas companhias caiu 2,35%.


As small caps foram pressionadas principalmente pela forte alta dos juros futuros no Brasil, que acompanharam as taxas americanas. Os contratos com vencimento em janeiro de 2025 foram de 11,00% para 11,14%, enquanto os para 2027 sa�ram de 11,02% para 11,23%.


Empresas do setor financeiro tamb�m puxaram o Ibovespa para baixo, com B3, Ita� e Bradesco recuando 4,25%, 1,29% e 1,42%, respectivamente.


Nos poucos destaques positivos, a Natura subiu 2,90% ap�s a companhia ter anunciado que avalia "alternativas estrat�gicas" para a rede de lojas The Body Shop, incluindo uma potencial venda.

As empresas de papel e celulose Suzano e Klabin tamb�m figuraram entre as altas do dia, com avan�o de 1,95% e 0,59%, respectivamente, apoiadas pela subida do d�lar.