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Estado de Minas SEQUELAS

Estudantes devem voltar �s salas de aula com traumas e danos psicol�gicos

A crise sanit�ria atual, decorrente da dissemina��o do coronav�rus, causou mais de 691 mil mortes no mundo e 95 mil no Brasil


05/08/2020 14:39 - atualizado 05/08/2020 16:07

Sequelas emocionais da pandemia devem ser consideradas no processo de ensino (foto: Valdo Virgo/CB/D.A Press)
Sequelas emocionais da pandemia devem ser consideradas no processo de ensino (foto: Valdo Virgo/CB/D.A Press)
“Agora enfrentamos uma cat�strofe geracional que pode desperdi�ar um incont�vel potencial humano, minar d�cadas de progresso e exacerbar desigualdades arraigadas”, foi assim que o secret�rio-geral da Organiza��o das Na��es Unidas (ONU), Ant�nio Guterres, definiu o atual panorama da educa��o em meio � pandemia. Por isso, ele defende a reabertura das escolas nos locais onde isso for poss�vel.
A crise sanit�ria atual, decorrente da dissemina��o do coronav�rus, causou mais de 691 mil mortes no mundo; 95 mil no Brasil; e 1.429 no Distrito Federal. No total, foram mais de 18 milh�es de casos mundialmente; 2,8 milh�es no Brasil; e 113 mil no DF. Os danos v�o al�m da sa�de f�sica e da vida. Entre quem pegou a doen�a e mesmo que n�o pegou, sequelas psicol�gicas s�o naturais.

Ansiedade devido ao enclausuramento, a dor pela perda de entes queridos e traumas por vivenciar uma pandemia afetam todas as �reas da vida. Os efeitos n�o se restringem � vida familiar e chegam � sala de aula, seja ela f�sica, seja virtual. Assim, fica a quest�o: professores e gestores escolares est�o preparados para lidar com os estudantes no novo normal?

(foto: Programa Soul/Youtube )
(foto: Programa Soul/Youtube )
''N�o d� para fingir que este per�odo foi um blackout'', afirma Debora Schaffer Ferreira, 38 anos, especialista em educa��o socioemocional e respons�vel pelo Programa Soul no Brasil. “A gente tem que dar voz para esse aluno contar (o que vivenciou e tem vivenciado na pandemia)”, afirma a especialista em gest�o emocional do programa Fl�via Sato, 31 anos.

Ela refor�a que, em um momento de retomada das aulas, o ideal � a escuta e o acolhimento tanto para alunos quanto para professores. “A primeira coisa que temos que fazer, como comunidade escolar, � reunir a equipe.”

O programa Soul Brasil � pautado na inser��o da educa��o socioemocional e da medita��o dentro das salas de aula como forma de educar integralmente. Neste per�odo de pandemia, a procura pelo programa tanto por pais e gestores escolares cresceu, o que Fl�via v� como um lado positivo da crise. “Muitos pais descobriram que seus filhos s�o extremamente ansioso”, afirma.

Impactos futuros

“Infelizmente o isolamento aumenta a necessidade humana de contato social. Se esse contato n�o pode existir, muitas pessoas ter�o um adoecimento” afirma a neuropsic�loga Fl�via Martins, 41 anos. “O que a gente vai ver � um grande impacto de adoecimento mental em 2021, tanto em professores, com a press�o de adaptar-se a novos modelos de ensino, quanto em crian�as e adolescentes pela inseguran�a que o momento traz”, reflete.

Fl�via afirma que h� sempre uma polaridade em momentos de crise, como o atual. Como lado bom, ela enxerga a reinven��o pela qual muitos professores e alunos tiveram de passar e o protagonismo que muitos estudantes assumiram no processo de aprendizagem. Fl�via considera, por�m, que muitos que necessitavam de um olhar atento e de supervis�o ficaram prejudicados.
 
“Ser� que v�o ter perdas? Bem, vai depender de como a gente olha esse copo, se ele est� meio cheio ou meio vazio”, pondera. “Porque, ao pensar na pandemia, a gente pensa tamb�m em alguns ganhos em autonomia, motiva��o, interesse para o aprendizado usando, inclusive, a tecnologia para facilitar. No entanto, existem, sim, os d�ficits”, refor�a a neuropsic�loga. “Na crise, al�m de sofrer, a gente aprende muito.”

Falta amparo

Em meio � incerteza de uma futura retomada em esquema de ensino h�brido est�o os professores. A falta de amparo para aqueles da rede p�blica come�ou com a pandemia. � o que afirma o professor de filosofia do Centro de Ensino M�dio Ave Branca Ant�nio Kubitschek Braga. “A Secretaria (de Educa��o) at� ofereceu algumas coisas, mas n�o deu tempo suficiente”, pondera o professor.

Ant�nio est� apreensivo com uma eventual retomada por ter tido not�cias de colegas de profiss�o que morreram ou que perderam entes queridos em decorr�ncia do coronav�rus. Ele v� como importante aliado para manter a classe ainda em casa o Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF). “H� uma press�o para que a gente retorne a todo tempo”, afirma.

O professor v� com apreens�o a possibilidade de ter de lidar com salas cheias mesmo em um contexto de ensino h�brido que tem como proposta fracionar as turmas. “Por mais que voc� tenha uma sala pela metade, se voc� tem uma sala de 40 alunos pela metade, ficam 20 alunos”, pondera o professor.

Sinpro-DF defende prepara��o dos professores

“Teremos uma escola entristecida. As pessoas estar�o adoecidas porque perderam entes queridos, ou porque est�o passando fome, ou porque t�m pai e m�e desempregados, ou porque um deles morreu…”, elenca a diretora do Sindicato dos Professores do DF Rosilene Corr�a, 56 anos. “E conhecendo o quanto a nossa realidade da rede p�blica deixa a desejar, provavelmente n�o teremos o amparo para isso.”

O Sinpro-DF se posiciona contra a retomada neste momento, mesmo que em formato de ensino h�brido, por considerar que n�o h� quadro adequado para a volta �s salas de aula. A entidade se alinha � cobran�a de um preparo psicol�gico dos professores para o retorno. “Isso est� afetando psicologicamente e emocionalmente tanto professores, trabalhadores de um modo geral, quanto alunos e seus familiares.”

Sinepe-DF defende acolhimento emp�tico

O Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe-DF) defende a retomada �s salas de aula em ensino h�brido. A institui��o concorda que se faz primordial dar amparo emocional � comunidade acad�mica neste retorno.

Tal orienta��o foi inclu�da no Guia de Retorno divulgado pelo sindicato, que orienta as medidas de seguran�a para a retomada das aulas. “� preciso ter um acolhimento assertivo e emp�tico, explicando o que � resili�ncia”, afirma o presidente do Sinepe-DF, �lvaro Domingues.
Aspa-DF: contexto complexo
Questionada sobre a import�ncia do apoio � sa�de emocional numa eventual volta �s aulas, a Associa��o de Pais de Alunos das Institui��es de Ensino do Distrito Federal (Aspa-DF) afirmou que tem promovido lives com especialistas desde o in�cio da pandemia no intuito de orientar da melhor forma a comunidade acad�mica.

“Al�m disso a associa��o tem trabalhado junto �s autoridades no sentido de compreender quais s�o as regras, quais s�o os protocolos de seguran�a, para que realmente as crian�as, as fam�lias e as escolas possam ter sucesso nesse contexto t�o complexo que foi a pandemia”, afirma Lucimara morais, consultora pedag�gica da Aspa-DF.

*Estagi�rio sob a supervis�o da subeditora Ana Paula Lisboa   


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