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Estado de Minas

Entre solu��o e pesadelo na pandemia, ensino remoto ainda � desafio

Com 4 meses de escolas fechadas, aulas virtuais entraram nas casas dos mineiros. E, sem previs�o de retorno presencial, problemas e queixas se multiplicam


12/07/2020 06:00 - atualizado 12/07/2020 08:14

Computador se transformou em ferramenta de trabalho para os professores, mas a maioria se desdobra para conseguir se adaptar às novas exigências(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press - 2/1/20)
Computador se transformou em ferramenta de trabalho para os professores, mas a maioria se desdobra para conseguir se adaptar �s novas exig�ncias (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press - 2/1/20)


O desenho animado Os Jetsons, quando estreou, na d�cada de 1960, projetava um futuro em que carros voavam, cidades flutuavam e a comunica��o era por videochamadas. Chegamos ao s�culo 21, mas, em muitos campos da vida, a previs�o n�o se cumpriu. A comunica��o por v�deo se tornou realidade, mas a educa��o, especialmente a b�sica (ensinos infantil, fundamental e m�dio), mantinha-se nas bases em que se consolidou durante s�culos, com centralidade na figura do professor e escasso uso de tecnologia. Ent�o, veio a pandemia e com ela as medidas de isolamento social. O que resistiu por tanto tempo teve de mudar �s pressas. O resultado? Depois de quatro meses de adapta��o aos trancos e barrancos, pais, professores, alunos e escolas ainda est�o batalhando para se adequar, e h� muitas queixas em diferentes pontas dessas novas rela��es.

Pelo potencial aumentado de cont�gio da doen�a em locais com aglomera��es, as escolas foram as primeiras a fechar as portas. Milhares de alunos nas redes p�blica e privada ficaram sem aulas. O ensino remoto virou �nica op��o; a educa��o em casa, realidade, e sem qualquer experi�ncia pr�via. Com quase quatro meses do novo formato, o Estado de Minas conversou com pais, m�es, professores, especialistas e gestores p�blicos para saber o que deu certo e o que precisa melhorar. A unanimidade � que o forma abrupta da mudan�a est� exigindo ajustes dessa aeronave chamada educa��o em pleno voo.

De acordo com a Secretaria de Estado de Educa��o, mais de 97% dos estudantes da rede estadual de ensino tiveram acesso, seja virtualmente ou de forma impressa, aos planos de estudos a dist�ncia. A demanda repentina transformou a rede estadual em um consumidor voraz no mundo virtual: o aplicativo Conex�o Escola contabiliza mais de 1,2 milh�o de downloads na loja virtual; a m�dia di�ria de visualiza��es no YouTube da Rede Minas, que tamb�m transmite o conte�do do programa, chega a 700 mil por dia. E o programa Se liga na educa��o chega a cerca de 1,4 milh�o de alunos por TV aberta.  

Se os n�meros s�o gigantescos, os desafios n�o parecem menores. Na rede particular, o maior problema diagnosticado � a dificuldade de concentra��o, principalmente de crian�as menores em atividades on-line, al�m do tempo que os pais precisam dividir entre o trabalho e o acompanhamento dos filhos. Na rede p�blica, em especial a estadual, o desafio est� ligado �s desigualdades sociais – alunos sem computadores ou acesso � internet e, em alguns casos, sem locais adequados onde possam estudar em casa. Nas duas redes, a urg�ncia � preparar  aulas interativas, criar did�tica que mantenha a concentra��o e garantir o aprendizado.

A pequena Magda Ara�jo Fernandes, de 5 anos, est� acostumada �s m�dias sociais. Influencer, ela tem mais de 45 mil seguidores no Instagram, mas, quando as aulas se apresentaram em formato digital, a menina n�o se sentiu atra�da pela din�mica pouco interativa. “Nos primeiros 40 dias, a gente acordava �s 8h e entrava na plataforma da escola para fazer as atividades, mas elas n�o prendiam a aten��o dela. Ela fazia corpo mole e isso gera estresse, pois a gente quer que execute a tarefa, para n�o haver ac�mulo”, conta a m�e, a engenheira de alimentos Daniela Ara�jo de Sousa Gon�alves, de 38.

A sa�da era se manter todo o tempo ao lado da filha, para que ela n�o se distra�sse com outras atividades. Logo depois, a escola come�ou a oferecer lives com professores. “Quando come�aram as lives, pensei que mudaria, mas as atividades continuaram na plataforma e as lives eram bate-papos. Nada acad�mico, que gerasse o desenvolvimento dela. Ficava alegre em ver colegas e professores, mas se o papo estava ruim, ela estava em outro planeta. Sa�a andando pela sala, mesmo eu estando ao lado. E, se eu sa�sse um pouco, ela sa�a da live”, relata.

Magda Araújo Fernandes, de 5 anos, tem milhares de seguidores no Instagram, mas as aulas digitais não a seduziram, diz a mãe, Daniela de Sousa Gonçalves(foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press)
Magda Ara�jo Fernandes, de 5 anos, tem milhares de seguidores no Instagram, mas as aulas digitais n�o a seduziram, diz a m�e, Daniela de Sousa Gon�alves (foto: Ed�sio Ferreira/EM/DA Press)


Como a pequena n�o estava se desenvolvendo, o jeito foi apelar para o m�todo tradicional. A fam�lia resolveu contratar uma professora particular e a menina se adaptou bem �s aulas. “Para a idade dela, o formato virtual n�o � bacana. Aulas on-line para crian�a de 5 anos n�o funcionam. A alfabetiza��o n�o funciona”, avalia.

Pais ainda �s voltas com o dever de casa

Jo�o, de 10 anos, estuda pela manh�, quando consulta o material enviado pelos professores por e-mail. Na parte da tarde, assiste �s aulas, das 13h �s 16h15. “Ele est� adaptado, apesar de n�o estar gostando do esquema de aulas on-line. Anda bem desestimulado. Eu acho que o ensino est� prejudicado. Est� um ensino solto. As professoras mandam os exerc�cios. Ele faz. Durante as aulas, os exerc�cios s�o corrigidos. Tem certa intera��o entre professor e aluno. Mas � para manter um tipo de contato. N�o vejo como aprendizado eficaz. N�o est� acrescentando para meu filho”, avalia a decoradora Juliana Ramirez Faria, de 43. Ela inclusive relatou para a escola que o filho est� desestimulado e que o aprendizado tem sido prejudicado.

As rela��es de Juliana e Daniela com o novo modelo deixam bem claro que os desafios tamb�m s�o para os pais. Que o diga a advogada L�via Mendes Moreira Miraglia, de 37, que est� em regime de home office e precisa acompanhar as atividades dos filhos Isabela, de 7, e Pedro, de 5. “A escola est� cumprindo o papel dela, dentro das possibilidades, aprimorando com o passar do tempo. Mas � uma situa��o complexa para a crian�a pequena fazer aula on-line. Mesmo que as professoras estejam se reinventando e sendo criativas”, avalia.

"Nos primeiros 40 dias, a gente acordava �s 8h e entrava na plataforma da escola para fazer as atividades, mas elas n�o prendiam a aten��o dela"

Daniela Ara�jo de Sousa Gon�alves, engenheira de alimentos



Ela tamb�m precisou se redescobrir para conciliar as tarefas do trabalho com o acompanhamento dos filhos. “Consigo acompanhar em detrimento do trabalho atrasado. � um jogo de gato e rato”, define. L�via lembra que, al�m da pr�pria din�mica do formato, tem que levar em conta a personalidade das crian�as nas intera��es.  “Depende do perfil das crian�as. As minhas n�o gostam de interagir. A maior est� superando essa vergonha. Um dia, eu e meu marido est�vamos em reuni�o, ent�o ela teve que perguntar, abrir o microfone. O menor n�o gosta e n�o quer ligar a c�mera, mas ambos s�o participativos quando demandados”, afirma.


Educadores fazem acrobacias on-line

A Lei de Diretrizes e Bases da Educa��o prev� que o ensino remoto pode ser ministrado a partir do ensino fundamental. Essa regra deu base �s orienta��es e regulamenta��es dos conselhos de educa��o, que permitiram que essas aulas, a partir do n�vel fundamental, fossem validadas como parte da carga hor�ria obrigat�ria das escolas. No caso da educa��o infantil, como n�o h� amparo legal, os conselhos definiram que as escolas podem manter o v�nculo, mas as atividades on-line n�o s�o validadas como obrigat�rias.

Do outro lado, educadores tentam se desdobrar para criar aulas mais interativas e que prendam a aten��o dos alunos. Fl�via Souza, professora regente do segundo ano do Fundamental 1 do Col�gio Santo Agostinho, afirmou que uma estrat�gia � fazer aulas com dura��o de at� 50 minutos e com intervalos de 20 minutos.

“O  tempo de concentra��o da crian�a � reduzido em compara��o com aluno maior. Temos tr�s aulas on-line di�rias, de  40 a 50 minutos, com intervalos de 20 minutos entre elas. Tempo para levantar, lanchar e ir ao banheiro”, diz. Durante as aulas, ela usa o recurso de tela compartilhada para apresentar slides com o conte�do, tamb�m mostra v�deos e outros recursos. “No finalzinho, come�am a cansar, ent�o � bom variar as propostas”, afirma.

Outro grande desafio � definir como ser� a progress�o dos estudantes. Fl�via diz que, no momento, a preocupa��o � com o desenvolvimento. As avalia��es com nota foram suspensas, para n�o gerar ainda mais ansiedade nas crian�as e nos pais. Mas � feito um diagn�stico, para monitorar como tem sido o aprendizado. “Nossa preocupa��o � com a aprendizagem e com formas para que o aluno aproveite melhor o tempo”, conclui.

O que � o coronav�rus


Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp

Como a COVID-19 � transmitida? 

A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

V�deo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronav�rus?


Como se prevenir?

A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
V�deo: Flexibiliza��o do isolamento n�o � 'liberou geral'; saiba por qu�

Quais os sintomas do coronav�rus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas g�stricos
  • Diarreia

Em casos graves, as v�timas apresentam:

  • Pneumonia
  • S�ndrome respirat�ria aguda severa
  • Insufici�ncia renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avan�am na identifica��o do comportamento do v�rus. 

V�deo explica por que voc� deve 'aprender a tossir'


Mitos e verdades sobre o v�rus

Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 ï¿½ transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.

Coronav�rus e atividades ao ar livre: v�deo mostra o que diz a ci�ncia

Para saber mais sobre o coronav�rus, leia tamb�m:

 



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