Imagina entrar em um �nibus, indo para o trabalho, e se deparar com livros nas poltronas. Essa cena � realidade em alguns ve�culos do transporte p�blico de Juiz de Fora, na Zona da Mata Mineira. A iniciativa � do professor de hist�ria, Vanderlei Tomaz.
“Fa�o isso h� mais de 10 anos. As pessoas se desfazem de livros. Ent�o, elas v�m at� mim e me oferecem. Com esse acervo, disponibilizo para a popula��o. A proposta � fazer com que o livro circule”, explicou o historiador.
O projeto criado por Vanderlei chama “Ponto Pra quem L�”. O professor deixa os exemplares tamb�m em bancos de pra�as e lojas.
“Sempre o livro tem uma orienta��o interna, informando como funciona a corrente. E na capa do livro tem um adesivo escrito “para voc�”, para mostrar que a obra est� sendo entregue gratuitamente”, disse Tom�z.
Segundo o professor, a atividade � feita diariamente. “Fa�o isso religiosamente todos os dias. Sempre estou com um livro na m�o e deixo em alguns lugares. Tem dias que saio com sacolas contendo 30, 50 livros e vou deixando nos lugares”, revelou.
Fazer o livro circular
A ideia do professor Vanderlei Tomaz � que as pessoas compartilhem o saber. Por isso, ele prop�e uma reflex�o. “Olhe para sua estante. � um fato que voc� encontrou livros que j� leu e est�o parados. Ent�o est� na hora de compartilhar o saber. Essa � a premissa b�sica do projeto”, revelou o professor.
De acordo com Vanderlei, a pessoa que encontrar um dos livros deixado por ele deve levar para casa, caso goste da leitura, e depois fazer a obra circular ap�s o t�rmino da leitura. Caso n�o curta o enredo, deixe o exemplar em algum lugar p�blico para que outra pessoa possa ler.
“Fa�a com que esse livro n�o seja um objeto de contempla��o, mas que aquele saber possa ser compartilhado. E que as pessoas que encontrarem o livro tenham o mesmo prop�sito. A partir do momento que perdeu o interesse pela leitura, fa�a o livro circular”, pediu o professor.
Al�m de deixar os livros em espa�os p�blicos, Vanderlei tamb�m faz a entrega pessoalmente dos exemplares. Para quem n�o conhece o projeto, acaba confundindo o professor com um vendedor.
“Inicialmente, eu pensei que seria cobrado algum valor pelo livro”, confirmou, aos risos, a nutricionista D�bora Amorim, de 26 anos, que estava sentada em um banco no Parque Halfeld, no Centro, quando Vanderlei a abordou. “Depois, ele me explicou o projeto e eu fiquei muito surpresa. � raro algu�m que tenha essa preocupa��o em transmitir o conhecimento sem visar nada em troca. A atitude dele � realmente genu�na”, avaliou.
“N�o fa�o nada in�dito. S� dou minha contribui��o. Acredito que possa ser motivador para que outras pessoas tenham atos iguais. Vejo isso como algo fundamental”, finalizou Vanderlei Tomaz, que foi vereador da cidade e autor da Lei Murilo Mendes, de incentivo � cultura.