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Estado de Minas EMPREGO

5 estrat�gias para renovar a motiva��o e a paix�o pelo trabalho

Muita gente est� perdendo o entusiasmo por carreiras que, outrora, amava - mas h� t�cnicas dispon�veis para aumentar a motiva��o


05/03/2023 20:27 - atualizado 06/03/2023 09:30


Mulher sorrindo
(foto: Getty Images)

Eu quis ser escritor desde que peguei emprestada, pela primeira vez, a antiga m�quina de escrever dos meus pais, aos seis anos de idade. Para minha frustra��o, eu ainda n�o podia ter acesso ao computador da fam�lia.

Quando vi meus pensamentos tomarem forma na p�gina em branco, fui fisgado imediatamente.

Como escritor e jornalista, reconhe�o a sorte que tenho de concretizar essas ambi��es infantis, mas estaria mentindo se dissesse que n�o existem per�odos em que essa paix�o diminui.

Isso acontece principalmente na Londres �mida e sem gra�a de janeiro, quando meu �nimo j� est� ruim, e a repeti��o dos prazos semanais pode come�ar a ser cansativa.

Nesses momentos, sinto como se estivesse andando em uma esteira ergom�trica, sem sair do lugar — e me d� vontade de pular fora.

E n�o estou sozinho. Como revelou a recente tend�ncia de "demiss�o silenciosa", muita gente est� perdendo o entusiasmo por carreiras que, outrora, amava. Voc� pode ter feito tudo o que estava ao seu alcance para conseguir o emprego dos sonhos — e, ainda assim, a rotina di�ria �s vezes tira seu entusiasmo.

"Na minha experi�ncia como coach, eu diria que este � um problema s�rio e que est� crescendo", afirma a coach pessoal brit�nica Anna K. Schaffner, especializada em exaust�o, burnout e resili�ncia. Ela � autora do livro The Art of Self-Improvement ("A arte do autoaprimoramento", em tradu��o livre).

Para algumas pessoas, a perda da paix�o pode ser sinal de que � preciso mudar de carreira, mas nem sempre essa mudan�a dr�stica � poss�vel.

Felizmente, estudos recentes mostram que algumas pessoas adotam naturalmente "estrat�gias de cultivo" para reacender essa paix�o e motiva��o — e todos n�s podemos aplicar essas t�cnicas de v�rias formas diferentes.


Mulher trabalhando
Dividir projetos em tarefas r�pidas e menores pode oferecer aquela agrad�vel sensa��o de satisfa��o quando voc� termina cada fase planejada (foto: Getty Images)

Quest�o de mentalidade

O primeiro estudo � da professora de psicologia Patricia Chen, da Universidade do Texas em Austin, nos Estados Unidos.

Ela analisou a influ�ncia de duas mentalidades diferentes sobre a paix�o. Os chamados "te�ricos da adequa��o" costumam concordar com afirma��es como:

Acredito que existe um trabalho perfeito e adequado para cada indiv�duo, e encontrar a profiss�o correta vai determinar a felicidade e o sucesso profissional da pessoa.

J� os "te�ricos do desenvolvimento" s�o mais propensos a concordar com afirma��es como esta:

Acredito que a paix�o se desenvolva por meio de um processo de aprendizado em qualquer profiss�o escolhida. Quanto melhor voc� ficar em um tipo de trabalho, mais come�ar� a amar a profiss�o.

Usando question�rios detalhados que avaliam o tipo de mentalidade das pessoas e v�rios resultados no ambiente de trabalho, Chen concluiu que essas cren�as se tornam profecias autorrealiz�veis.

Os te�ricos da adequa��o v�o lutar para encontrar felicidade em um emprego que n�o atende aos seus crit�rios espec�ficos. Enquanto isso, os te�ricos do desenvolvimento podem aprender a encontrar prazer e interesse nas diferentes tarefas, de forma que sua satisfa��o cres�a ao longo do tempo, mesmo se o emprego n�o atender inicialmente todos os requisitos desejados.

O novo estudo de Chen pretende explorar como os te�ricos do desenvolvimento administram sua paix�o desta forma. Que estrat�gias eles usam para manter acesa a chama do desejo pelo trabalho?

Para descobrir, ela come�ou entrevistando 316 estudantes de gradua��o de diversas disciplinas acad�micas sobre como a paix�o deles pelo curso mudou ao longo do tempo. O estudo inclu�a essencialmente um question�rio aberto sobre o que havia causado essa mudan�a na paix�o.

Dentre as centenas de respostas, os pesquisadores identificaram cinco estrat�gias comuns apontadas pelos estudantes para aumentar sua motiva��o. S�o elas:

- Reconhecer a relev�ncia pessoal: um estudante de neg�cios, por exemplo, pode tentar pensar em formas nas quais o conhecimento te�rico o ajuda a fundar uma start-up.

- Reconhecer a relev�ncia social: um estudante pode se perguntar como o conte�do dos estudos pode ajud�-lo a entender o mundo, e como aquele conhecimento pode acabar beneficiando os demais.

- Construir familiaridade: adquirir novos conhecimentos pode despertar a curiosidade de algu�m para saber mais, � medida que identifica novos pontos de interesse. E o pr�prio fato de conseguir avan�ar e dominar tarefas dif�ceis, por si s�, pode ser uma recompensa. Por isso, algu�m que se sente desmotivado pode procurar novas formas de ampliar seus conhecimentos.

- Ganhar experi�ncia pr�tica: muitos estudantes descobriram que os est�gios aumentaram seu entusiasmo pelos estudos acad�micos.

- Encontrar mentores e mudar o ambiente: os estudantes podem procurar ativamente professores que os inspirem ou amigos que os ajudem a tornar o trabalho mais agrad�vel.

De forma geral, Chen confirmou que os estudantes com mentalidade de desenvolvimento eram mais propensos a observar aumentos positivos da paix�o pelos estudos ao longo do tempo. Esta mudan�a est� relacionada com a quantidade de estrat�gias de cultivo da paix�o que eles utilizam.

J� os estudantes com a mentalidade de adequa��o n�o parecem empregar essas estrat�gias com a mesma efici�ncia.


Duas mulheres trabalhando em frente a uma tela de computador
(foto: Getty Images)

Gerar motiva��o

As conclus�es de Chen est�o alinhadas com pesquisas psicol�gicas mais amplas que analisam as maneiras pelas quais as pessoas regulam seus interesses e motiva��o no trabalho.

Al�m de confirmar o uso das estrat�gias que Chen j� havia encontrado (como identificar a relev�ncia pessoal ou social do trabalho), estes estudos sugerem outras formas de reavivar o encanto.

Dois dos m�todos mais �teis s�o a “defini��o de objetivos pr�ximos” e a "consequ�ncia autom�tica". Eles s�o particularmente �teis quando voc� se sente sobrecarregado com um novo projeto, no qual o desafio � t�o grande, e a recompensa t�o distante, que voc� tem dificuldade de reunir o entusiasmo necess�rio para come�ar.

Para aplicar o m�todo de defini��o de objetivos pr�ximos, voc� precisa dividir o projeto em tarefas menores que sejam mais r�pidas de completar. Isso permite que voc� sinta aquela sensa��o agrad�vel de satisfa��o quando finaliza cada etapa.

"Isso pode ser especialmente eficaz se voc� usar pequenas recompensas por atingir essas metas, como assistir � Netflix, depois de encerrar uma tarefa", afirma Maike Trautner, pesquisadora de p�s-doutorado da Universidade de M�nster, na Alemanha. Esta � a parte da consequ�ncia autom�tica.

Mais uma vez, a mentalidade � importante. Em um recente estudo em parceria com Malte Schwinger, professor da Universidade Philipps de Marburgo, tamb�m na Alemanha, Trautner entrevistou mais de 700 estudantes para descobrir as formas como eles lidam com a motiva��o.

Assim como Chen observou no seu trabalho sobre a paix�o, os dois professores conclu�ram que alguns estudantes acreditam que sua motiva��o para uma tarefa � fixa e inalter�vel, enquanto outros acreditam que ela pode ser cultivada.

E s�o estes �ltimos que buscam maneiras de aumentar a motiva��o utilizando estrat�gias pr�ticas, enquanto aqueles que acreditam que a motiva��o est� al�m do seu controle s�o menos proativos.


Mulher escrevendo em caderno sobre uma mesa
(foto: Getty Images)

Partindo para a a��o

Para as pessoas que j� t�m uma mentalidade de desenvolvimento, estas estrat�gias podem parecer �bvias. Mas o trabalho de Chen sugere que elas s�o minoria. Nas amostras dela, a maioria demonstrou ter mentalidade de adequa��o e, portanto, poderia se beneficiar ao ser lembrada do seu potencial para desenvolver paix�o e motiva��o.

Dedicar mais tempo para refletir sobre nossos objetivos gerais, procurar os benef�cios que nosso trabalho proporciona para outras pessoas, entrar em contato com colegas inspiradores e definir um plano com pequenas recompensas — todas essas s�o estrat�gias simples que podemos seguir para ampliar nosso entusiasmo.

Mas voc� n�o precisa assumir toda a responsabilidade. Schaffner sugere conversar com seu chefe sobre maneiras pelas quais voc� pode mudar seu trabalho para que ele se alinhe melhor com seus valores e interesses — um processo que ela descreve como job crafting (que seria algo como uma "reconfigura��o ou ressignifica��o do trabalho")

"Os bons empregadores devem se interessar por isso e apoiar a ideia", afirma.

"Faz total sentido que seus funcion�rios recebam tarefas mais adequadas para que eles tenham melhor desempenho."

Se voc� ainda sentir que nada mudou, talvez voc� esteja simplesmente pedindo demais da sua carreira.

Da mesma forma que, de vez em quando, esperamos que nossos parceiros rom�nticos sejam a fonte de toda emo��o nas nossas vidas (o que deposita uma press�o desnecess�ria sobre o relacionamento), �s vezes podemos ter expectativas irreais sobre nossos empregos, como se fossem fornecer significado para nossas vidas.

Por este motivo, Schaffner sugere adotar um hobby que tamb�m possa oferecer um sentido de prop�sito e realiza��o, para que o emprego n�o seja o �nico lugar em que voc� vai encontrar satisfa��o na vida.

"Ironicamente, com um pouco de desapego e perspectiva, nossa tend�ncia � trabalhar melhor e com mais leveza", diz ela.

Eu mesmo estou tentando aplicar esta filosofia. Nestes dias sombrios de inverno no hemisf�rio norte, tenho tentado recarregar minha energia me lembrando de todas as raz�es que me levaram inicialmente a seguir a carreira de jornalista e dedicando mais tempo para ler os coment�rios das pessoas sobre o que escrevo — uma atividade que muitas vezes fica em segundo plano devido � press�o dos prazos urgentes.

Mas, seguindo o conselho de Schaffner, tamb�m estou me esfor�ando para dedicar mais tempo a outras atividades que eu adoro.

Nas palavras dela, "pode ser incrivelmente curativo e terap�utico quando o trabalho � apenas trabalho".

Leia a vers�o original desta reportagem (em ingl�s) no site BBC Worklife.


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