
Em vez de aulas, incertezas. Departamentos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) deveriam ter come�ado ontem o semestre letivo, mas tiveram de dedicar o dia a resolver problemas que permitam iniciar as matr�culas. Gra�as a um acordo com a reitoria, cerca de 100 t�cnicos-administrativos ainda em greve retomaram os postos nos colegiados para lan�ar o mapa de oferta das disciplinas – procedimento essencial para que estudantes definam o que v�o cursar. A expectativa � que as matr�culas sejam feitas entre os dias 8 e 12, com in�cio do semestre letivo previsto para 24. H� casos, por�m, em que o retorno �s aulas depende do fim da paralisa��o. No curso de Odontologia, o semestre nem sequer foi encerrado por causa da greve, uma vez que as aulas pr�ticas dependem de participa��o dos t�cnicos.
A volta ao trabalho de parte dos t�cnicos da UFMG foi negociada na semana passada entre o Conselho Universit�rio e o Sindicato dos Trabalhadores das Institui��es Federais de Ensino (Sindifes), mas a paralisa��o continua. Sem acordo com o governo federal, que ofereceu reajuste de 21,3%, divididos em quatro parcelas at� 2019, os grevistas, que pedem 27,3%, mant�m a greve por tempo indeterminado, o que afetar� o funcionamento das institui��es mesmo quando as aulas forem retomadas. “Alguns t�cnicos v�o desempenhar esse papel de forma pontual, mas o semestre vai come�ar sem infraestrutura nenhuma”, diz a coordenadora do Sindifes, Cristina Del Papa. Por causa da greve, outras cinco institui��es de ensino superior em Minas adiaram o in�cio das aulas (veja quadro).

Na Faculdade de Odontologia, a apreens�o � ainda maior, j� que o semestre n�o foi encerrado em decorr�ncia da greve. Na faculdade, funcionam cl�nicas e ambulat�rios onde os alunos fazem atendimento gratuito � comunidade. Esse trabalho, por�m, requer a participa��o direta dos t�cnicos, que fazem controle e at� a dispensa dos materiais usados no atendimento odontol�gico. Outro problema � que o Centro de Esteriliza��o de Materiais est� de portas fechadas.
Al�m da suspens�o de oito disciplinas do curso por n�o cumprimento da carga hor�ria, a paralisa��o afeta o atendimento a pacientes que recorrem � faculdade para o tratamento dent�rio – a maior parte deles de baixa renda e indicada pelo Sistema �nico de Sa�de (SUS). Sem os t�cnicos, os alunos n�o t�m como fazer o atendimento nas cl�nicas, mesmo tendo o acompanhamento dos professores. Desde que a greve foi deflagrada, 1 mil pacientes por dia, em m�dia, tiveram o tratamento suspenso em junho. Em julho, n�o houve atendimento devido �s f�rias. O problema segue em agosto, sem prazo para ser resolvido.
A estudante Isabel Gradisse, de 25, deveria concluir o curso neste semestre, mas como o calend�rio ter� que ser alterado em fun��o da greve, ela n�o tem ideia de quando terminar� o 10º per�odo. “Tivemos que reduzir os atendimentos em cl�nicas e projetos de extens�o foram alterados. As mat�rias te�ricas n�o dependem tanto dos t�cnicos, mas as pr�ticas n�o t�m como ser realizadas sem eles”, diz. Segundo o diretor em exerc�cio da Faculdade de Odontologia, Ant�nio Paulino Ribeiro Sobrinho, s� ser� poss�vel estabelecer um calend�rio para a reposi��o das aulas depois que a greve dos t�cnicos-administrativos em educa��o for encerrada. Enquanto isso, os cerca de 800 alunos da unidade seguem sem aula.
Entre as oito disciplinas que n�o foram encerradas est�o as endontias 1 e 2, em que s�o feitos o chamado tratamento de canal, um dos mais complexos procedimentos odontol�gicos. “Representa preju�zo para a forma��o dos alunos porque interrompe o ensino. E o tratamento dos usu�rios � suspenso. A maioria n�o tem outra alternativa”, diz a coordenadora do colegiado de gradua��o da odontologia, Maria In�s Senna. Ao todo s�o oito cl�nicas, com capacidade para atender 24 pacientes por turno em um dia. O tratamento � feito por uma dupla de alunos com o acompanhamento de um professor.