L�via Teodoro*
Negros foram libertados da escravid�o e jogados � pr�pria sorte, enquanto as pessoas n�o negras puderam usufruir de todas as ‘cotas pol�ticas’ que foram criadas no per�odo p�s-liberta��o e colhem esses privil�gios at� hoje. Num pa�s desigual como o nosso, � privil�gio estudar numa sala de aula com ar-condicionado e pouco mais de 20 alunos, poder pagar um cursinho que custa mais que o sal�rio com o qual eu sustento a minha fam�lia. Sabemos que esta foi a realidade de muitos estudantes que s�o maioria nas faculdades p�blicas do nosso pa�s.
A pol�tica de cotas vem como resultado de anos de luta do Movimento Negro no Brasil e as pessoas precisam primeiro compreender os efeitos de quase 400 anos de escravid�o de um povo antes de critic�-la. A revolta, acredito eu, n�o � nem pelo n�mero de pessoas privilegiadas que deixaram de entrar, mas sim pelo n�mero dos que sa�ram da faxina da faculdade e passaram a ocupar os bancos nas salas de aula. As cotas s�o necess�rias, parafraseando a maravilhosa Viola Davis em seu discurso do ano passado: ‘O que separa as pessoas negras de pessoas privilegiadas na sociedade � apenas a oportunidade, e agora que temos, vamos agarrar com unhas e dentes e enegrecer a torre de marfim, sim!’”
* Estudante aprovada no curso de hist�ria na UFMG na modalidade de cotas raciais. O texto foi publicado no perfil do Facebook
