(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

"Os brasileiros ainda t�m muito a estudar sobre o pa�s", diz cotista aprovada na UFMG


postado em 27/01/2016 06:00 / atualizado em 27/01/2016 07:25

(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
L�via Teodoro*

“Ap�s os resultados da sele��o do Sisu, v�rios discursos racistas apareceram, foi quase como se eu estivesse abrindo um jornal dos s�culos 17 e 18, discursos inclusive mandando os negros voltarem para a �frica, como se n�s estiv�ssemos ‘roubando’ algo de algu�m. Acredito que os brasileiros ainda tenham muito a estudar sobre a hist�ria do pr�prio pa�s, sobre a pol�tica de cotas, e vendo tantas manifesta��es que claramente desconhecem fatores hist�ricos muito importantes, fica evidente por que muitas pessoas n�o obtiveram notas suficientes. Essa prova do Enem citou negros importantes, discursos feministas, e a cria��o modelo ‘fam�lia tradicional brasileira’ n�o contempla o diferente, n�o abra�a todas as culturas e, principalmente, n�o entende que cotas s�o um sistema que busca equidade entre n�s, busca preencher as lacunas que as pol�ticas racistas pelas quais nosso pa�s � pautado, deixaram na nossa hist�ria.

Negros foram libertados da escravid�o e jogados � pr�pria sorte, enquanto as pessoas n�o negras puderam usufruir de todas as ‘cotas pol�ticas’ que foram criadas no per�odo p�s-liberta��o e colhem esses privil�gios at� hoje. Num pa�s desigual como o nosso, � privil�gio estudar numa sala de aula com ar-condicionado e pouco mais de 20 alunos, poder pagar um cursinho que custa mais que o sal�rio com o qual eu sustento a minha fam�lia. Sabemos que esta foi a realidade de muitos estudantes que s�o maioria nas faculdades p�blicas do nosso pa�s.

A pol�tica de cotas vem como resultado de anos de luta do Movimento Negro no Brasil e as pessoas precisam primeiro compreender os efeitos de quase 400 anos de escravid�o de um povo antes de critic�-la. A revolta, acredito eu, n�o � nem pelo n�mero de pessoas privilegiadas que deixaram de entrar, mas sim pelo n�mero dos que sa�ram da faxina da faculdade e passaram a ocupar os bancos nas salas de aula. As cotas s�o necess�rias, parafraseando a maravilhosa Viola Davis em seu discurso do ano passado: ‘O que separa as pessoas negras de pessoas privilegiadas na sociedade � apenas a oportunidade, e agora que temos, vamos agarrar com unhas e dentes e enegrecer a torre de marfim, sim!’”

* Estudante aprovada no curso de hist�ria na UFMG na modalidade de cotas raciais. O texto foi publicado no perfil do Facebook


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)