Com menos dinheiro em caixa, profissionais e estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) avaliam at� onde ser� poss�vel chegar driblando a crise. Na Faculdade de Odontologia, uma das consequ�ncias do arrocho � a falta de materiais para aulas pr�ticas. Professores avisaram em sala que, neste semestre, qualquer atividade que dependa de liga de metais, por exemplo, n�o poder� ser realizada na disciplina de materiais dent�rios. A mat�ria trabalha com insumos para restaura��o dent�ria e depende de diversos equipamentos. Evitar desperd�cio se tornou palavra de ordem. Afinal, toda economia � pouca para estender a dura��o de produtos. “A professora pediu para guardar um material com que trabalhamos, porque n�o haver� dinheiro para comprar mat�ria-prima para aulas futuras. Ent�o, provavelmente, vamos reutiliz�-lo”, conta uma aluna que pediu anonimato.
BANDEJ�O O Diret�rio Central dos Estudantes (DCE) aguarda um posicionamento formal da Reitoria sobre a real situa��o da universidade e sobre as prov�veis consequ�ncias da restri��o or�ament�ria. A coordenadora-geral, Ana Clara Franco, diz que os alunos j� est�o sentindo os impactos da crise, at� mesmo no bolso. As aulas voltaram m�s passado com alta no restaurante universit�rio: o bandej�o passou de R$ 4,15 para R$ 5,60. “As bolsas tamb�m est�o sendo pagas com atraso, editais para inicia��o cient�fica remunerada n�o est�o sendo abertos e h� menos bolsas de mestrado. J� estamos sentindo alguns impactos e achamos que vai piorar no semestre que vem”, diz.
Ana Clara teme ainda cortes na assist�ncia estudantil. “Houve avan�o no ingresso de pessoas na universidade, mas elas precisam permanecer e o primeiro item a ser cortado nessa crise ser� a assist�ncia”, acredita. Segundo ela, por enquanto n�o faltam itens b�sicos do dia a dia da universidade, como papel higi�nico (que chegou a sumir dos banheiros no c�mpus Pampulha no ano passado), mas a situa��o preocupa: “Querem cada vez mais sucatear o que � p�blico. Este semestre, algumas coisas est�o garantidas, porque j� est�o aprovadas no or�amento do ano passado. Mas, para 2017, n�o sabemos como ficar�”.
Crise desde 2015
A UFMG foi atingida duramente em suas finan�as no ano passado. Houve suspens�o de pagamentos de contas de �gua e luz e demiss�o de terceirizados. Em repasses do Minist�rio da Educa��o (MEC), foram perdidos R$ 50,7 milh�es, dos R$ 263 milh�es inicialmente aprovados pela Lei Or�ament�ria Anual (LOA). Para enfrentar o cen�rio, a universidade anunciou interrup��o de obras e lan�ou um plano de adequa��o or�ament�ria com cortes de 16% no custeio da administra��o central (pr�-reitorias e diretorias) e de 50% nos recursos de capital (obras, equipamentos e investimentos). Um fundo de emerg�ncia de R$ 2 milh�es foi criado para atender � p�s-gradua��o. A previs�o era de um d�ficit de R$ 22,8 milh�es no fim do ano passado.