
O Sistema Integrado de Monitoramento, Execu��o e Controle, portal do Minist�rio da Educa��o (MEC) que trata do or�amento, publicou m�s passado previs�o m�dia de redu��o de 45% nas verbas de investimento (cerca de R$ 350 milh�es) nas 63 universidades p�blicas do pa�s em 2017. Nos recursos destinados ao custeio, a diminui��o � de 18% na compara��o com o que havia sido previsto para 2016. Na ocasi�o, o vice-presidente da Associa��o Nacional dos Dirigentes das Institui��es Federais de Ensino Superior (Andifes), Paulo M�rcio de Faria e Silva, reitor da Universidade Federal de Alfenas (Unifal), no Sul de Minas, declarou que o tamanho da redu��o pegou todos de surpresa. Os gestores esperavam a manuten��o do or�amento divulgado em 2015 para este ano, e n�o um novo corte de verbas. Esse foi o segundo baque nas contas das federais em um ano e meio. No in�cio de 2015, elas foram atingidas por decreto que reduziu em 33% os recursos mensais de �rg�os subordinados � Uni�o. As institui��es de ensino em Minas Gerais amargaram, nos tr�s primeiros meses daquele ano, d�ficit de pelo menos R$ 40 milh�es.
Diretor da Escola de Veterin�ria da UFMG, Renato de Lima Santos ressalta que, como a universidade tem papel que n�o se restringe � gradua��o, mas abrange tamb�m ensino de p�s e pesquisa, qualquer restri��o or�ament�ria tem impacto grande. Ele diz que a preocupa��o � com as comunidades da UFMG e de seu entorno. “Um curso como medicina veterin�ria, que necessita de estrutura robusta e no qual os alunos t�m aula de campo fora do domic�lio, tem custo elevado. E ter condi��es de deslocamento de alunos, al�m de material de consumo e equipamento, requer investimento permanente e qualificado”, afirma. “O curso tem sofrido com as restri��es, pois ensino e pesquisa na �rea biom�dica t�m, de maneira intr�nseca, investimento grande”, acrescenta.
No Instituto de Ci�ncias Biol�gicas (ICB), uma das principais institui��es de pesquisa na �rea no Brasil e na Am�rica Latina, a situa��o � ainda mais cr�tica. Somente ele � respons�vel por quase metade das patentes registradas pela UFMG nos �ltimos anos. Al�m disso, conta com 14 cursos de p�s-gradua��o e tem mais de 4 mil estudantes de 21 diferentes cursos de gradua��o a cada semestre. S�o cerca de 270 professores, o que representa menos de 10% do quadro docente da universidade.
Por ser t�o grande e representativo, os recursos de custeio s�o insuficientes para a manuten��o de toda a infraestrutura do instituto. Por isso, a UFMG sempre conseguiu suprir o d�ficit com recursos adicionais, segundo o vice-diretor do ICB, Carlos Augusto Rosa. Por�m, este ano a situa��o j� se mostra diferente. Como depende bastante dos repasses or�ament�rios feitos pela universidade, o ICB tem sentido com mais intensidade o efeito dos cortes.
CHOQUE professor relata que alguns itens de infraestrutura est�o comprometidos, como o sistema de obten��o de �gua ultrapura. O professor explica que ele � essencial para a maioria das pesquisas da unidade, e est� com a manuten��o prejudicada. “Se n�o houver recursos, esse sistema deixar� de funcionar. Outro que pode ser prejudicado � o servi�o el�trico de linha azul, alternativo � energia gerada pela Cemig. Nesse sistema est�o ligados os equipamentos mais caros e sens�veis do instituto, que n�o ficam sujeitos a picos de energia el�trica capazes de danificar muitos equipamentos. Se n�o houver recursos para a manuten��o, aparelhos car�ssimos, de �ltima gera��o, essenciais para a pesquisa cient�fica, poder�o sofrer danos”, afirma.
Se n�o houver melhora do quadro financeiro, tamb�m n�o est� descartada a redu��o de insumos. Carlos Augusto Rosa teme ainda pela pesquisa. “A maioria das bolsas � fornecida por programas de fomento da UFMG. O ICB tem um grande n�mero de bolsistas de inicia��o cient�fica, cujo trabalho e forma��o poder�o ser comprometidos pela redu��o or�ament�ria. Sem dinheiro para comprar insumos e equipamentos, boa parte dos grupos de pesquisa poder� ter o desenvolvimento de projetos comprometido”, relata.
H� rumores de que as contas de �gua e luz do ICB n�o s�o pagas desde o fim do ano passado. O vice-diretor informou que os pagamentos s�o feitos diretamente pela UFMG e que, por isso, n�o poderia confirmar a informa��o. A universidade foi procurada para esclarecer os problemas relatados pela reportagem, mas informou, por meio da assessoria de imprensa, que s� se pronunciar� sobre o corte or�ament�rio depois de reuni�o a ser marcada com o Conselho Universit�rio.