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Estado de Minas

Crise no Fies encolhe o ensino superior; rede particular foi a mais afetada

Crise no programa federal de financiamento se reflete na queda de matr�culas na universidade, a primeira registrada desde 2009. Rede particular foi a mais afetada


postado em 07/10/2016 06:00 / atualizado em 07/10/2016 07:36

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)
Um freio no acesso ao ensino superior no Brasil. � o que mostram os dados do Censo da Educa��o Superior 2015, divulgado ontem pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais An�sio Teixeira (Inep). A restri��o e as mudan�as de regras no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) no ano passado, quando houve redu��o do n�mero de contratos firmados com quem entra nas institui��es privadas, teve impacto direto na quantidade de alunos que estrearam na educa��o superior no ano passado. Pela primeira vez desde 2009 houve queda nesse indicador no pa�s. Foram mais de 2,9 milh�es de novos estudantes, sendo 81,7% em institui��es privadas. Na compara��o com 2014, a redu��o de ingressantes foi de 6,1%. O pa�s perdeu 190.626 novos alunos em rela��o ao ano anterior e a rede particular foi de longe a mais afetada, com perda de 176.445 universit�rios.


Em Minas Gerais, as institui��es de ensino superior tiveram 813.098 matr�culas nos cursos presenciais e a dist�ncia em 2015. Os ingressantes somaram 276.576, sendo a maioria absoluta em escolas privadas (223.865) e o restante nas federais e estaduais. O reflexo da queda de matr�culas aparece na propor��o de alunos das redes particular e p�blica. Minas Gerais tem 2,56 alunos do ensino superior pago para cada um que estuda em institui��es mantidas pela governo, m�dia menor que a nacional (2,64). A propor��o caiu em rela��o ao �ltimo censo, quando havia 2,7 estudantes em institui��es particulares mineiras para cada um nas p�blicas.

Quem decidiu encarar a crise no financiamento p�blico para cursos superiores teve de buscar alternativas. Estudante do 4º per�odo de ci�ncias cont�beis do Centro Universit�rio UNA, Rodrigo da Silva Santos, de 25 anos, se encantou pela �rea, que escolheu depois de come�ar a trabalhar no departamento pessoal de uma empresa. Ele fez o vestibular no meio do ano passado, em plena crise do Fies. Conta que, diante dos problemas, nem se inscreveu no programa do governo federal. Indo na contram�o de muitos que desistiram, para n�o adiar o sonho de se formar no ensino superior ele optou pelo financiamento oferecido pela pr�pria institui��o, no qual o aluno paga metade das mensalidades enquanto estuda e a outra depois de se formar, sem juros. “N�o fosse assim, n�o poderia estudar. O curso vai agregar mais conhecimentos em outras �reas tamb�m e, futuramente, pretendo fazer uma p�s”, diz.

MENOS PROFESSORES Os cursos de bacharelado ainda predominam na educa��o superior brasileira e registraram o maior crescimento no n�mero de matr�culas entre 2014 e 2015 (3,9%). Os cursos de licenciatura, que formam professores, tiveram discreto crescimento, de 0,4%, ao passo que as gradua��es tecnol�gicas ca�ram 1,9% no mesmo per�odo. As carreiras do bacharelado correspondem a 68,7% do total de matr�culas; aquelas para forma��o de educadores respondem por 18,3%, e as tecnol�gicas, por 12,6%. A maioria dos alunos da licenciatura (58,8%) est� em institui��es privadas.

Nas institui��es de Minas, 174.570 universit�rios ingressaram no bacharelado e somente 19.440 escolheram a licenciatura. Entre as 3.331 gradua��es oferecidas em universidades, centros universit�rios e faculdades mineiras, 431 s�o de administra��o, carreira preferida dos estudantes no estado. Al�m de ter o maior n�mero de cursos, administra��o teve tamb�m o maior n�mero de matr�culas (113.522).

No pa�s, entre as gradua��es para forma��o de professores, pedagogia est� no topo, com 44,3% das matr�culas. Com uma quantidade bem menor de alunos, educa��o f�sica vem em segundo lugar, com 10,2%, seguida pelos estudantes interessados em dar aulas de hist�ria (6%). Entre os 20 cursos listados pelo censo, o de forma��o para lecionar nas s�ries finais do ensino fundamental est� em �ltimo lugar, com apenas 0,2% das matr�culas em 2015.

Esse desinteresse tem consequ�ncias desastrosas nas pr�prias salas de aula. A educadora Andrea Ramal, doutora em educa��o pela PUC Rio, diz que o resultado j� se v� hoje. “Faltam 150 mil professores em disciplinas como qu�mica, biologia, f�sica e matem�tica. No total, estima-se que haja car�ncia de 300 mil a 400 mil professores nas salas de aula. A solu��o � recorrer a profissionais sem a devida forma��o. O efeito disso para a educa��o b�sica � o pior poss�vel, e a comprova��o aparece nos resultados de cada exame – como no Ideb 2015 (�ndice de Desenvolvimento da Educa��o B�sica), em que a nota do ensino m�dio brasileiro foi de 3,7 (em um total de 10)”, afirma.

FINANCIAMENTO O n�mero de contratos firmados pelo Fies caiu de 713 mil vagas em 2014  para 287 mil no ano passado. Al�m disso, as entidades privadas de ensino est�o h� meses sem receber os recursos do programa federal. O ministro da Educa��o, Mendon�a Filho, se manifestou ontem sobre os problemas, durante evento no Minist�rio da Educa��o. “Quero tranquilizar os jovens que dependem do Fies para financiar seus estudos, dizendo que n�o haver� nenhum preju�zo quanto � renova��o ou � contrata��o de novos financiamentos de acordo com o cronograma estabelecido”, disse. Ele acrescentou que ser�o honrados retroativamente todos os contratos, assim como as renova��es.

Tr�s perguntas para...Andrea Ramal, educadora e doutora em educa��o pela PUC Rio

 
1 - A que se deve a queda de 0,5% nas matr�culas da rede p�blica e de 6,1% de calouros na gradua��o?


A redu��o no n�mero de ingressantes pode ser atribu�da aos efeitos da crise econ�mica e, em particular, � incerteza sobre as pol�ticas de financiamento – sobretudo o Fies. O aumento repentino de matr�culas, incentivado por esse apoio governamental, foi freado quando os candidatos come�aram a perceber que talvez n�o tivessem condi��es de arcar com quatro ou mais anos de estudos. J� a redu��o das matr�culas nas institui��es p�blicas � pequena e n�o necessariamente indica uma tend�ncia; mas pode ser resultado da inseguran�a dos estudantes, tanto no que se refere � din�mica (houve muitas paralisa��es de professores e funcion�rios nos �ltimos anos) quanto �s pr�prias condi��es de cursar – as universidades p�blicas s�o, em muitos casos, mais exigentes do que muitas particulares “de segunda linha”.

2 - Qual o impacto na educa��o b�sica do desinteresse dos alunos pela licenciatura?


Esse tipo de forma��o interessa cada vez menos porque, no pa�s, a carreira docente n�o � mais atraente. O magist�rio est� se tornando uma carreira de “passagem”: o profissional fica at� conseguir um cargo mais bem remunerado e provavelmente menos desgastante. Prova disso � que 25% dos docentes brasileiros t�m menos de 30 anos e apenas 12% est�o acima de 50, bem diferente do que ocorre em outros pa�ses. Aqui, o professor ingressa no magist�rio ainda jovem, mas em poucos anos deixa de ver perspectivas.

3 - Pode-se falar numa desacelera��o da educa��o superior?


Ainda n�o h� indicadores suficientes para mostrar uma tend�ncia de desacelera��o das matr�culas no ensino superior, mas, se o cen�rio se mantiver, isso de fato ocorrer�.

Ifets fora do ranking 


O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais An�sio Teixeira (Inep) informou ontem que vai divulgar “t�o logo seja poss�vel” os resultados do desempenho dos institutos federais de Educa��o Tecnol�gica (Ifets) no Exame Nacional do Ensino M�dio (Enem) 2015. Segundo o Inep, houve um “equ�voco na interpreta��o da legisla��o por parte da equipe t�cnica, que fez os c�lculos para a divulga��o dos resultados do Enem 2015 por escola”. Por isso, sustenta o Inep, os Ifets n�o foram inclu�dos.


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