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Estado de Minas MINAS LIDERA ACIDENTES

Transporte de carga pesada evidencia inseguran�a de estradas e imprud�ncia de caminhoneiros

Em cinco meses, tr�nsito ficou 13 dias e meio parado devido a carga tombada


postado em 09/10/2011 07:18 / atualizado em 09/10/2011 07:53

Com os 15 pneus do lado direito avan�ando sobre a quina da canaleta da rodovia BR-040, o motor da carreta bitrem de 19,8 metros de comprimento “urra” para puxar carga de 36,6 toneladas de bobinas de a�o. Do lado esquerdo da pista de 3,5 metros, o retrovisor passa a palmo e meio de outros caminh�es em alta velocidade t�o grandes quanto o dele. O espelho j� ficou bambo de tanto levar pancadas. Na boleia, o caminhoneiro Vicente Marciano de Paula, de 58 anos, mant�m o volante firme quando outro gigante das estradas passa a cent�metros.

“Se eu desviar e um dos meus pneus cair na canaleta, a gente tomba”, avisa. “Carro pequeno na frente, aqui, eles passam por cima”, completa Vicente, com o olhar s�rio de quem sabe ser incapaz de domar o tempo todo a composi��o de 56,6 toneladas. A tens�o de desastres e tombamentos iminentes nas estradas mineiras foi vivenciada dentro de caminh�es pela reportagem do Estado de Minas. A experi�ncia, somada a estat�sticas que p�em as estradas mineiras no topo do ranking de acidentes e mortes no pa�s, ilustra como rodovias do estado ficaram pequenas e inseguras para o volume crescente de cargas.

O transporte pesado por rodovias em Minas s� faz crescer. O estado � l�der no n�mero de autoriza��es especiais de tr�nsito (AET) emitidas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para cargas com mais de 4,4 metros de altura, 2,6 metros de largura ou comprimento superior a 19,8 metros. Foram 14.122 emiss�es de janeiro a junho, 22% das autoriza��es nacionais. O n�mero � 70% maior que o registrado em 2008 e significa mais carretas de grande porte nas estradas.

Quando essa tend�ncia de escoamento crescente encontra estradas projetadas h� 50 anos e adaptadas aos poucos, como as principais BRs mineiras, o resultado � o maior �ndice de acidentes com ve�culos de carga do pa�s. No ano passado, de acordo com a Pol�cia Rodovi�ria Federal (PRF), 13.887 carretas e caminh�es se acidentaram no estado, representando 32% de todos os 43.465 ve�culos envolvidos em ocorr�ncias nas rodovias mineiras. Esses acidentes provocaram 346 mortes, 26% do total nas estradas do estado. “Nossa matriz de transportes � essencialmente rodovi�ria. Como n�o investimos em ferrovias e hidrovias, cargas que n�o s�o adequadas �s estradas, como o min�rio de ferro, precisam de caminh�es com mais eixos para compensar o peso”, analisa o chefe do departamento de transportes e geotecnia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Nilson Tadeu Nunes.

Instabilidade Com tantos caminh�es e carretas em estradas majoritariamente de pistas simples (apenas 7,8% da malha vi�ria do estado s�o duplicados), o tombamento de ve�culos se torna problema recorrente. As rodovias federais que cruzam Minas Gerais s�o campe�s em ocorr�ncias do tipo. Em 2010, 1.246 carretas e caminh�es viraram e provocaram 33 mortes, segundo estat�sticas da PRF. A m�dia � uma morte a cada 38 ve�culos tombados no estado.

“Esses ve�culos de carga t�m um problema de estabilidade s�rio. As carretas se desalinham com facilidade, o que provoca muito mais instabilidade longitudinal do que num ve�culo de carroceria �nica”, diz o especialista em din�mica de m�quinas da UFMG Marco T�lio Faria. “Nas curvas, esses ve�culos precisariam de mais espa�o para desenvolver as velocidades que alcan�am”, afirma. Segundo ele, o problema � agravado pelo fato de a maioria desses ve�culos rodarem em pistas simples, onde n�o h� espa�o para recuperar a estabilidade.

Outro fator que contribui para os acidentes � a carga de trabalho dos caminhoneiros. O Sindicato da Uni�o Brasileira dos Caminhoneiros calcula que 300 mil caminh�es e carretas passam diariamente pelas rodovias mineiras. O presidente da entidade, Jos� Natan Em�dio Neto, admite que a maioria dos condutores circula longe das condi��es ideais. “Por causa do frete barato, os caminhoneiros est�o exaustos, se acabando em mais viagens do que aguentam”, diz.


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