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Estado de Minas MORTE S/A

Funcion�rios montam rede com m�dicos e at� policiais para saber de mortes e vender funerais mais caros

Como funciona o esquema que macabro que une m�dicos, funcion�rios do IML, policiais civis e donos de funer�rias em torno do mesmo objetivo: lucrar com sua dor


postado em 30/10/2011 07:09 / atualizado em 30/10/2011 08:27

"Deixaram-nos esperando, sumiram com documentos e fizeram terrorismo para resolver o funeral." Roselito Pedra, motorista, sobre a press�o feita dentro de hospital por funcion�rios de funer�ria para sepultar o irm�o dele (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)


O desgaste pelas noites maldormidas, acompanhando a piora no quadro de sa�de de Luiz Carlos da Silva, de 54 anos, n�o terminou para a fam�lia quando o cora��o do paciente do Hospital Odilon Behrens parou de bater, em outubro do ano passado. Instantes depois da confirma��o da morte, parentes come�aram a enfrentar uma press�o para que resolvessem ali o sepultamento. “Minha irm� e eu fomos orientados pelos m�dicos a procurar o ‘apoio familiar’. Achamos que era um departamento do Odilon Behrens, mas se tratava de uma ag�ncia disfar�ada da Funer�ria Santa Casa, na qual os atendentes se passavam por assistentes sociais”, conta o motorista Roselito Pedra, de 51, irm�o de Luiz Carlos.

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Ele e a irm� dizem ter sido submetidos ao que classificam de “tortura psicol�gica” para fazer o funeral com a empresa e n�o procurar outra. “Deixaram-nos esperando nove horas at� a libera��o do corpo, sumiram com documentos do meu irm�o e fizeram terrorismo, dizendo que o corpo dele estava apodrecendo e que era melhor resolver isso logo, com eles mesmo”, diz Roselito, que conseguiu resistir e por fim obter a libera��o do corpo para sepult�-lo com uma funer�ria de sua confian�a. Relatos como o do motorista se repetem em hospitais p�blicos e privados. A press�o sobre familiares por parte de agentes de funer�rias infiltrados em institui��es de sa�de � uma das t�ticas macabras usadas com cada vez mais frequ�ncia no setor para tentar se aproveitar de um momento de dor e aumentar os lucros.

Os tent�culos dessa “ind�stria” avan�am sobre todos os setores legais dos funerais e enterros das mais ricas cidades brasileiras, como S�o Paulo, Rio de Janeiro e Bras�lia. Em Belo Horizonte, o Estado de Minas percorreu hospitais, funer�rias e cemit�rios e constatou que essa rede est� se ampliando. Funcion�rios das funer�rias, antes relegados �s portas de locais de movimento intenso de parentes de v�timas, como a entrada do Instituto M�dico Legal (IML) e prontos-socorros, agora agem nos hospitais, interferem para desviar diretamente para as funer�rias cad�veres que deveriam ir para o IML e contam com apoio de alguns m�dicos e, segundo v�timas e at� trabalhadores de funer�rias, tamb�m de policiais civis.

Isca Disfar�ados de assistentes sociais, confundindo-se entre servidores de hospitais p�blicos e particulares, os agentes de algumas funer�rias conseguem atestados de �bito antes dos parentes dos falecidos. O processamento do servi�o de libera��o do corpo e dos documentos serve como uma isca, obrigando as fam�lias a irem at� eles. Alguns m�dicos e enfermeiros entraram na lista de agrados distribu�dos por empresas e ficaram respons�veis por indicar os servi�os. H� v�timas que denunciam desvios de cad�veres que deveriam chegar ao IML e acabam transportados por policiais civis para laborat�rios de funer�rias. Quando o irm�o Gilmar Gilberto Virtude, de 48, morreu, a secret�ria Cristina Maris Virtude Vieira, de 43, e o marido, Jos� do Carmo Vieira, de 51, receberam um telefonema da Pol�cia Militar informando que o corpo tinha seguido para o IML. “Esperamos algumas horas, at� que recebemos um telefonema dizendo que o corpo estava na Funer�ria Central”, conta Jos�. Da� em diante, de acordo com eles, foram seis horas negociando para que o corpo fosse devolvido ao IML. “Queriam que um m�dico da funer�ria assinasse o atestado de �bito e j� fizesse todo o servi�o por l�. Um absurdo”, afirma Jos�.

Segundo admitiu um dos “papa-defuntos” do IML ao EM, “na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte h� quatro funer�rias que pagam um ‘sal�rio’ de R$ 1.500 para alguns policiais civis do rabec�o. Eles ainda levam participa��o de 20% sobre cada morto que tiver o enterro feito pela funer�ria.” A a��o mais agressiva de alguns profissionais que atuam paralelamente a firmas s�rias de um setor fundamental costuma render lucros maiores. Os pre�os praticados pelos agentes dessas funer�rias chegam a ser 30% superiores aos negociados nos balc�es de outras empresas.

Veja como agem alguns funcion�rios de funer�rias em hospital


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