
Belo Horizonte n�o gosta de copo vazio. Para celebrar a vida, comemorar os gols e at� afogar as m�goas, o bar � o ponto de encontro preferido. E o desafio � manter a principal caracter�stica da cidade – capital de botecos – em meio ao cumprimento das leis Seca e do Sil�ncio. Especialistas dizem que s�o leis de conscientiza��o, civilidade e respeito ao pr�ximo e que o entendimento passa pela mudan�a de comportamento e atitude de cada um. Mas, para quem est� na madrugada, � mais f�cil encontrar alternativas para cumprir a Lei Seca do que diminuir o volume da euforia, principalmente sob efeito do �lcool.
Cientista social da PUC Minas, Juracy Costa Amaral explica que a cultura dos botecos surgiu em BH pela falta de op��o de lazer e divertimento. Para ele, BH n�o corre risco de perder essa fama se forem institu�dos padr�es de conviv�ncia que reduzam os conflitos na vizinhan�a. Segundo dados da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, bares, boates e casas de show lideram o ranking de reclama��es do Disque-Sossego. At� agosto, foram registradas 4.563 queixas por barulho em estabelecimentos deste tipo. O n�mero representa 89% das as liga��es do ano passado e j� supera as de 2009 em 10%.
“N�o vejo como a lei pode normalizar uma pr�tica brasileira. Trata-se de civilidade, o grande desafio � a educa��o. BH perdeu isso, � uma capital individualista e at� ego�sta. O tr�nsito explica isso, a cultura do grito tamb�m. Os bares proliferaram sem ordenamento e n�o oferecem estrutura de comodidade. As pessoas v�o para as cal�adas e vias p�blicas. Parece que se divertem no espa�o do outro. N�o d� para abrir um bar em qualquer lugar, de qualquer jeito. � preciso aproveitar lugares esquecidos, como Pampulha e as pra�as da Liberdade e da Esta��o. Acho que tamb�m � poss�vel mudar essa forma de pensar, se estimularmos a cortesia e o respeito”, diz ele.
T�tulo merecido
Integrante do movimento Clube da Esquina, o m�sico e compositor Toninho Horta defende a cultura do boteco e o hor�rio de funcionamento dos bares da forma como � hoje. “BH � capital da m�sica, da arte, da cultura e do boteco tamb�m. Regulariza��o n�o � uma �rea que me compete, mas acredito que a gente v� continuar bebendo e se divertindo. BH tem esse t�tulo que � muito merecido e n�o vai perd�-lo. N�o vai mudar nada, a n�o ser deixar de beber e dirigir. Essa lei, sim, � importante.”
O psic�logo Vitor Ferrari, da PUC Minas, apela para o sentimento de comunidade para resolver este impasse. “Quem est� se divertindo no bar com amigos hoje pode querer descansar e dormir sossegado amanh�. O racioc�nio � muito simples, basta se colocar no lugar do outro”, afirma. “S� n�o sei o qu�o idealista isso pode parecer em querer tentar sensibilizar algu�m para o barulho, quando esse algu�m bebe e assume a dire��o de um carro arriscando a vida de outras pessoas”, questiona o psic�logo.
Fechados mais cedo
Al�m do rigor no cumprimento da Lei Seca nos �ltimos meses, esta semana o cerco foi apertado para conter o barulho oriundo de bares em BH. Conforme o EM revelou nessa ter�a-feira, o Minist�rio P�blico fechou acordo para que bares pr�ximos � universidade Fumec, na Rua Cobre, no Bairro Cruzeiro, Centro-Sul de BH, fechem �s 22h30 em todas as sextas-feiras. O MP tamb�m estuda entrar com a��o civil p�blica impondo restri��o de hor�rio a bares no Bairro de Lourdes em cumprimento � Lei do Sil�ncio.