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Estado de Minas

Dia Internacional da Mulher: professora da UFMG � volunt�ria sem fronteiras na Sa�de

Geneticista e professora da UFMG, Eug�nia Ribeiro Valadares roda o mundo levando, al�m de experi�ncia profissional a quem est� �s margens do sistema de sa�de, compaix�o e carinho


postado em 08/03/2012 06:00 / atualizado em 08/03/2012 10:22

"N�o s�o cinco estrelas. � um milh�o delas." O pensamento veio � mente de Eug�nia Ribeiro Valadares, de 51 anos, quando estava em uma rede � beira do Rio Unini, um dos afluentes do Rio Amazonas. Longe de oferecer uma acomoda��o cinco estrelas, aquela noite em plena floresta amaz�nica est� entre as melhores lembran�as dessa pediatra e geneticista nascida em Aracaju (SE) e criada em Belo Horizonte, onde trabalha pela universaliza��o dos servi�os de sa�de, principalmente para atender crian�as portadoras de doen�as raras. O c�u estrelado era a natureza coroando a op��o que ela fez, desde 1984, quando se formou, pela medicina social. Eug�nia n�o v� problema em trocar banheiras em hot�is de luxo por banhos de rio, camas com len��is de linho por redes de balan�o, laborat�rios com equipamentos de ponta por consult�rios montados em barcos ou barracas de acampamentos.

Professora adjunta do curso de medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, ela j� rodou os quatro cantos do mundo para cuidar de pessoas que est�o �s margens do sistema de sa�de. Atuou como volunt�ria em estados brasileiros em que h� d�ficit de m�dicos, como Rond�nia, Maranh�o, e localidades como Ilha do Maraj� e Santar�m, no Par�. No Amazonas, percorreu o rio mais extenso e com maior vaz�o do mundo para atender a popula��o ribeirinha, que com pouca assist�ncia do estado fica sujeita � pr�pria sorte. Fora do Brasil, atuou em �reas devastadas por terremotos e pela pobreza, como o Haiti, na Am�rica Central, e o Camboja, na �sia.

Os cursos e participa��es em congressos em centros de pesquisa de ponta na Europa, no Jap�o e nos Estados Unidos, que fazem dela uma cientista reconhecida em seu campo de atua��o (a gen�tica), s�o subs�dios para ela mudar realidades em comunidades ind�genas, de ribeirinhos, portadores de doen�as raras e v�timas de trag�dias naturais. A muitos desses locais t�o remotos, Eug�nia s� conseguiu chegar de avi�o ou barco, mas a dificuldade n�o a impediu de prosseguir com essa que considera ser sua miss�o de vida.

Em outras �reas, atendeu em acampamentos improvisados em meio a escombros, sujeira e desola��o. Para quem esteve em laborat�rios supertecnol�gicos na Alemanha, as condi��es prec�rias de atendimento s� refor�am a import�ncia de uma pr�tica m�dica que possa fazer diferen�a. "Sempre penso no que a gente pode fazer para n�o ser conveniente com as situa��es de injusti�a que temos vivido". Nas viagens pelo Brasil, Eug�nia se une ao grupo Asas de Socorro, ligado � Aeron�utica, que possibilita que ela possa chegar aos lugares mais rec�nditos do pa�s. Nas incurs�es no exterior, junta-se a entidades mundiais de ajuda humanit�ria.

Quando foi para o Haiti, em julho do ano passado, entrou em contato com a Prefeitura de Belo Horizonte e conseguiu a doa��o de 500 quilos de medicamentos, como kits para hidrata��o oral, e tamb�m de material para fazer exames de urina, glicemia, glicose, entre outros. "�ramos m�dicos de todo o mundo e trat�vamos de doen�as como diarreia, verminoses, gripes, que s�o um problema no pa�s. Em alguns lugares, as pessoas morrem v�timas de epidemias de c�lera", conta.

�s v�speras de ir para o Haiti, entrou em contato com cientistas japoneses com quem j� havia trabalhado em um interc�mbio financiado pelo governo japon�s. A m�dica brasileira queria saber se os amigos estavam bem depois do terremoto que atingiu Fukushima. Ao dizer que estava indo para um pa�s tamb�m assolado pelo terremoto os colegas se espantaram. "Eles me perguntaram se eu tinha coragem de ir para um lugar assim." Nenhum problema para essa mulher que fez a op��o visceral por salvar pessoas.

O amor pela medicina � uma heran�a de fam�lia e tamb�m um reconhecimento da a��o de Deus em sua vida. "Meu pai me dizia que fizesse medicina e n�o me preocupasse com dinheiro. Nunca tive problemas financeiros, mas vejo que muita gente se torna escravo dele." Solteira e sem filhos, Eug�nia teve v�rias oportunidades de se casar, mas a medicina social sempre falou mais alto. No futuro, pretende irm � Jord�nia, onde quer pesquisar a gen�tica de um grupo de surdos da regi�o.

Metabolismo


Em Belo Horizonte, a geneticista est� � frente do Laborat�rio de Erros Inatos do Metabolismo do Hospital das Cl�nicas/UFMG, onde emprega seu conhecimento na descoberta de formas de tratamento contra doen�as raras. Refer�ncia entre pais e amigos de portadores de enfermidades raras, bem como da comunidade, Eug�nia dedica-se ao tratamento dessas doen�as de causas gen�ticas, como a doen�a de xarope de bordo, a mucopolissacaridose, fibrodisplasia ossificante progressiva (FOP), esclerose lateral amiotr�fica, entre outras.


O trabalho de Eug�nia � refer�ncia para outros colegas, uma vez que existem poucos estudos sobre essas enfermidades, o que faz com que os m�dicos as desconhe�am e, consequentemente, atrasem o diagn�stico. Por sua atua��o nesse ramo da medicina, ela foi indicada por familiares de pacientes brasileiros que venderam tudo para tratar os filhos nos Estados Unidos a participar de interc�mbio com m�dicos que receberam o Pr�mio Albert Schweizer, que reconhece mundialmente a��es humanit�rias. Na cidade de Strasburg, na Pensilv�nia (EUA), atendeu a popula��o de menonnites e amish, grupos religiosos, em que h� grande incid�ncia de doen�as gen�ticas: por quest�es culturais ocorrem muitos casamentos consangu�neos.

A geneticista brasileira atendeu essa popula��o no fim de 2011, durante 10 dias. Quando estava l�, entre 13 e 23 de dezembro, comemorou 51 anos de vida. Mas, maravilhada com a possibilidade de fazer diferen�a na vida das pessoas, n�o quis bolo ou qualquer outro tipo de celebra��o. Seu presente foi continuar ajudando as pessoas. Juntamente com o diretor m�dico da Clinic for Special Children, Kevin Strauss, e o fundador da entidade, Holmes Morton, ela foi de casa em casa dos pacientes com doen�as gen�ticas. Al�m do servi�o m�dico, para Eug�nia foi uma alegria trabalhar lado a lado com Morton, que foi capa da revista Times com o t�tulo “Her�is da medicina”. “Eles fazem um trabalho de excel�ncia e mudaram a hist�ria de tratamento de algumas doen�as metab�licas raras, com reconhecimento mundial da comunidade cient�dica”, ressalta. Por aqui, longe dos holofotes, Eug�nia Ribeiro Valadares tamb�m muda a forma como esses pacientes s�o tratados, n�o s� os acolhendo, mas apresentando diagn�sticos precisos de problemas que afligem as fam�lias, mas que poucos m�dicos conseguiram saber do que se tratava.


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