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Estado de Minas

Mesmo com c�meras, vigilantes e cercas el�tricas, inseguran�a espalha medo em BH

Moradores de bairros como Santa L�cia e Belvedere temem assaltos, cada vez mais frequentes


postado em 27/07/2012 06:00 / atualizado em 27/07/2012 07:12

Depois de quatro assaltos, uma decis�o: mudar de endere�o. No ano passado, o Estado de Minas acompanhou o drama da fam�lia da advogada Iara Cristina Marks, de 45 anos, que para se proteger dos ladr�es se mudou para o 23º andar de um pr�dio. O medo da viol�ncia � justificado pelas consecutivas vezes que a resid�ncia onde morava, na Rua Agena, Bairro Alto Santa L�cia, na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, foi invadida por bandidos. Os vizinhos da fam�lia tamb�m tinham sido v�timas, mesmo pagando por seguran�a privada. No �ltimo r�veillon antes de se mudar, Iara, o marido e os tr�s filhos n�o viajaram para proteger a moradia.

Nessa quinta-feira, a sensa��o de inseguran�a na rua era a mesma. Os moradores instalaram uma guarita no in�cio da via, com vigil�ncia tamb�m feita por motociclista. “Somos tr�s trabalhando dia e noite. Os moradores arrecadam dinheiro e pagam o nosso patr�o”, disse o vigilante Reiner de Souza, de 30. Na rua, todas as casas t�m cercas el�tricas e alarmes e, mesmo assim, ningu�m se sente seguro. “Temos alarmes, cercas e c�es de guarda. Quando viajamos, deixamos algu�m tomando conta da casa”, afirmou uma mulher que n�o quis se identificar. Tr�s im�veis est�o � venda e o motivo, segundo vizinhos, � a falta de seguran�a.

Vigil�ncia

"Temos seguran�a particular h� 15 anos. S� assim me sinto mais segura em minha casa. Toda vez que algu�m sai ou chega, os vigias se aproximam para ver se est� tudo bem" - Lourdes Duarte, de 75 anos, professora e moradora do Belvedere (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
No Bairro Belvedere, na Regi�o Centro-Sul, v�rias ruas t�m guarita. Uma delas, de madeira e fixada no meio do passeio, fica na Rua Engenheiro Em�lio de Morais. Na Rua Adolfo R�dice, no Mangabeiras, a professora Lourdes Duarte Wenberg, de 75, tamb�m paga para ter seguran�a. “S�o dois funcion�rios de uma empresa de seguran�a que tomam conta da rua � noite. Temos seguran�a particular h� 15 anos”, disse a professora. Uma base de observa��o foi montada em frente ao n�mero 162 para ampliar a vis�o do vigilante. “S� assim me sinto mais segura em minha casa. Toda vez que algu�m sai ou chega os vigias se aproximam para ver se est� tudo bem”, contou.

Moradores da Rua Jo�o Camilo de Oliveira Torres, tamb�m no Mangabeiras, pagam pela vigil�ncia particular h� 20 anos. Eles mandaram, inclusive, construir uma guarita na Pra�a Angelino Bruschi, que d� acesso � rua. Um morador que n�o quis se identificar conta que os vizinhos ainda n�o foram procurados pela PM, mas que a prefeitura tem mandado recolher os cones colocados no meio da rua. “A PM nem passa por aqui. Quando voc� reclama, eles aparecem uma vez e ficam um m�s sem aparecer. Mesmo com a vigil�ncia privada, quatro homens tentaram arrombar uma casa no m�s passado, mas o alarme disparou e eles fugiram. Eles inventam desculpa para entrar na rua. O nosso seguran�a n�o tem o poder de impedir ningu�m de passar”, disse o morador.


Moradores fazem coro contra a��o

Se a a��o da Pol�cia Militar ao coibir a seguran�a privada divide opini�es entre representantes de associa��es comunit�rias no Bairro Mangabeiras, na Rua Comendador Viana, onde ocorreu a fiscaliza��o, a reclama��o parece ser a t�nica entre moradores. “� um absurdo. A PM acaba com a nossa seguran�a e ela mesma n�o aparece por aqui. Estamos sem ningu�m, entregues � nossa pr�pria sorte”, reclama a advogada Patr�cia Biagione, de 68 anos.

O engenheiro qu�mico Marcos Golgher, de 70, faz parte da diretoria da associa��o dos moradores da Comendador Viana e ontem foi � 127ª Companhia pedir refor�o no policiamento. “A situa��o est� complicada. Voc� n�o tem seguran�a e a PM n�o tem condi��es de dar prote��o”, reclamou. Os moradores v�o se reunir no pr�ximo dia 2, na Igreja S�o Jo�o Evangelista, para discutir o problema. “Procuramos saber da PM se os dois vigilantes que trabalham para n�s tinham ficha criminal, mas eles n�o t�m. E eles nem trabalham armados”, disse o engenheiro, afirmando que a Pol�cia Militar participou da reuni�o quando a comunidade decidiu contratar seguran�a privada, h� tr�s anos.

Outro engenheiro de 52 anos, que pede anonimato, conta que a associa��o de moradores da rua foi criada quando come�aram os assaltos e furtos. “Tomamos medidas defensivas de vigil�ncia. Atualmente, t�nhamos ronda de duas pessoas em motocicletas numa extens�o de 750 metros, o dia inteiro, indo e voltando. Voc� chegava � noite, telefonava e eles davam apoio na hora de abrir a garagem. Os seguran�as n�o resolveram totalmente a quest�o, mas houve redu��o dos crimes, mesmo havendo um problema dessa natureza na semana passada”, conta o engenheiro, referindo-se ao assalto na casa do vizinho.

O morador reconhece que a atividade dos vigilantes da rua era clandestina, mas argumenta: “Entendo que, se o poder p�blico n�o oferece seguran�a de que voc� necessita, voc� tem que ter os meios para deter a viol�ncia. Mas a a��o nos privou da prote��o privada que t�nhamos. � importante dizer que n�o era seguran�a armada, que deveria realmente ter autoriza��o da Pol�cia Federal. Era apenas uma escolta para acompanhar os carros e acho que o ladr�o pensa duas vezes antes de enfrentar mais de uma pessoa”, acrescentou. Segundo ele, cada morador contribu�a com R$ 200 mensais para pagamento da vigil�ncia. “Todo mundo agora est� com medo. Estou indo viajar preocupado em deixar minha m�e idosa sozinha. Minha casa tem c�meras de vigil�ncia, alarmes, uma s�rie de equipamentos, mas n�o temos mais o apoio que t�nhamos dia e noite com a motocicleta passando na rua”, disse.

Al�m da PM, a prefeitura tamb�m tem marcado presen�a na Rua Comendador Viana. “Fomos procurados por fiscais e a ordem � para retirar da cal�ada a guarita que instalamos h� 20 anos. Ela servia de apoio para os vigilantes”, disse o engenheiro Marcos Golgher. “Como sou da diretoria da associa��o, conseguimos protelar a retirada da guarita por 180 dias”, disse o engenheiro. “Evito sair � noite. Agora, at� durante o dia tenho medo. O assalto da semana passada foi �s 7h30 da manh�. A v�tima quer vender a casa e sumir daqui”, disse.

A advogada Patr�cia Coutinho, de 34, ficou surpresa com a proibi��o da PM. “N�o consigo acreditar. Se mesmo pagando seguran�a particular a gente teve assalto, sem os seguran�as e a presen�a da PM, a situa��o s� pode piorar”, criticou.


PONTO CR�TICO: seguran�a privada � a solu��o para se proteger?

N�O: “Seguran�a privada somente funciona bem quando h� a seguran�a p�blica bem estruturada. � uma atividade suplementar. Todas as pesquisas e estudos sobre seguran�a particular t�m demonstrado que a sua efici�ncia est� relacionada a a��es integradas com a pol�cia, a qualifica��o dos agentes privados e mecanismos de controle, para que possam agir dentro da lei. Caso contr�rio, estaremos criando um ex�rcito particular, o que n�o � permitido numa sociedade democr�tica. � fun��o dos agentes da seguran�a p�blica cuidar dos interesses coletivos. O servi�o contratado deve ficar restrito � prote��o do patrim�nio privado. Muitas vezes, os agentes da seguran�a p�blica devem intervir, porque empresas n�o est�o devidamente registradas, legalizadas, e n�o t�m pessoal treinado e equipamento para atuar na seguran�a do espa�o p�blico. Muitas vezes, impedem a livre circula��o nas ruas e constrangem pessoas que usam esses espa�os, o que � ilegal.”
Robson S�vio Reis Souza, Professor da PUC Minas e integrante do F�rum Brasileiro de Seguran�a P�blica

SIM: “Estamos agora sem a vigil�ncia. A PM, em vez de correr atr�s de bandidos, est� prendendo os motoqueiros que fazem a nossa seguran�a, solicitando a remo��o das guaritas e falando que estamos usurpando a autoridade p�blica. Nossa sugest�o � que a prefeitura cadastre essa vigil�ncia n�o armada, assim como fez com os tomadores de conta de ve�culos, para levantar a ficha criminal dessas pessoas. Sabemos que nem todo mundo � do bem, existe todo o tipo de profissional em todas as �reas, mas o problema � que se generalizou tanto em rela��o aos vigilantes particulares que est� havendo uma ca�a �s bruxas. O dono da empresa que contratamos tem mais de 500 profissionais fazendo esse tipo de trabalho em Belo Horizonte. A PM fala que � o vigilante que precisa ser cadastrado na Pol�cia Federal, mas no nosso caso n�o se trata de seguran�a armada. Eles est�o l� apenas para coibir a presen�a de estranhos.”
Jos� Alfredo Mendon�a, Presidente da Associa��o dos Moradores da Rua Comendador Viana (Amcon)
 


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