V�tima de traficantes de �rg�os tamb�m est�o entre receptores

 

As d�vidas sobre os procedimentos envolvendo doa��es e transplantes dentro da Santa casa de Po�os no in�cio dos anos 2000 n�o se resumem a como eram tratados os doadores. Na pequena Carvalh�polis, de 3,5 mil habitantes, a professora Silmara Mezavila Tavares Teixeira, de 37 anos, tamb�m guarda no peito uma pergunta que n�o se cala. A m�e dela, a funcion�ria p�blica Alice Mezavila Tavares, de 50, recebeu um dos rins do aposentado Adeleus L�cio Rozin, de 58, mas morreu em 15 de abril de 2001, em uma das opera��es que est�o sob suspeita. “No mesmo dia em que ela morreu, dei � luz minha filha. N�o sei e ningu�m me conta se minha m�e foi embora sabendo que tinha ganhado uma neta”, lamenta a mulher.

Desde a adolesc�ncia, a m�e de Silmara tinha insufici�ncia renal cr�nica e o transplante era a �nica esperan�a. “Ela queria muito fazer a opera��o, coitadinha. N�o passou pela cabe�a a chance de ela morrer”, afirma. A morte de Alice ocorreu devido a uma infec��o generalizada contra�da no hospital, onde dividia espa�o com mais seis pacientes, segundo os parentes. “Ningu�m nos cobrou nada. Mas as coisas eram muito prec�rias l�”, recorda-se.

O doador Adeleus, que o Minist�rio P�blico afirma ser outra v�tima da m�fia dos transplantes, teve os rins e c�rneas doados para pacientes da regi�o. O f�gado foi para uma receptora de Belo Horizonte. Seu processo, no entanto, n�o tem prazo para ser julgado, pois apura��es se perderam. N�o � o �nico problema no processo: de acordo com laudo da per�cia do Sistema �nico de Sa�de (SUS), n�o h� registros do exame de tomografia que teria acusado a morte cerebral do paciente. A equipe envolvida no caso era formada pelos acusados Cl�udio Rog�rio Carneiro Fernandes, Celso Roberto Frasson Scafi e G�rsio Zincone – cuja pena prescreveu.

Na senten�a que condenou quatro m�dicos pela morte de Jos� Domingos Carvalho, o juiz comenta que as apura��es sobre o �bito de Alice Mezavila Tavares estavam em “lenta tramita��o na Pol�cia Civil de Po�os de Caldas, dada a vista ao Minist�rio P�blico”. Segundo laudo do SUS, n�o houve registro dos dois procedimentos cir�rgicos que se deram ap�s o transplante de rim da paciente, nem relatos de sua evolu��o. N�o constam tampouco informa��es exatas sobre a data da morte. Omiss�es e perguntas que unem as v�timas num s� coro, que clama por justi�a.