
Considerada fundamental para exorcizar da BR-381 o t�tulo de “Rodovia da Morte”, a constru��o do Rodoanel Metropolitano � avaliada como t�o importante quanto a duplica��o do trecho de Belo Horizonte a Governador Valadares. Ainda assim, o edital de licita��o da parte norte do contorno vi�rio teve o mesmo destino da obra de amplia��o da estrada: foi suspenso pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), amea�ando prolongar a rotina de desastres. A al�a, que passar� por Betim, Contagem, Ribeir�o das Neves, Pedro Leopoldo, S�o Jos� da Lapa, Vespasiano, Santa Luzia e Sabar� (veja mapa), evitando conflitos entre o tr�fego urbano e o rodovi�rio proveniente da 381, teve a concorr�ncia revogada em 13 de janeiro. A provid�ncia, contudo, foi silenciosa, pegando de surpresa inclusive o governo de Minas Gerais, que s� ontem tomou conhecimento da medida, ap�s contato da equipe do Estado de Minas, apesar de ser citado inclusive na justificativa do Dnit .
De acordo com o departamento federal, o edital foi revogado “porque atende ao planejamento do governo de Minas Gerais, que est� com a iniciativa do projeto e da constru��o do Contorno Norte”, como informou, por meio de nota. Contudo, dois meses depois da suspens�o da concorr�ncia, nenhum termo de transfer�ncia de jurisdi��o ou de celebra��o de conv�nio – necess�rio para que o estado assuma as interven��es de compet�ncia federal – foi assinado entre o Dnit e a Secretaria de Estado de Transportes e Obras P�blicas (Setop). Anteriormente, o Dnit j� havia suspendido as duas licita��es que tratam da duplica��o da estrada.
Viol�ncia
Pela avalia��o da Pol�cia Rodovi�ria Federal (PRF) e de especialistas, apenas a duplica��o n�o acabar� com os desastres e as mortes na BR-381. Prova disso, argumentam, � a viol�ncia na parte sul da estrada, de BH a S�o Paulo, trecho conhecido como Rodovia Fern�o Dias. Mesmo dotada de pistas duplas, com m�os de dire��o segregadas e concedida � iniciativa privada, essa parte da via registra mais acidentes e quase o mesmo n�mero de mortes por quil�metro que o trecho norte. Segundo dados da PRF de 2009 a 2012, a m�dia anual de acidentes da Fern�o Dias � de 17,6 acidentes por quil�metro. Na Rodovia da Morte foram 8,6 desastres por quil�metro. De BH a SP houve, nesse per�odo, m�dia de um morto a cada 2,7 quil�metros, contra uma v�tima a cada 2,2 quil�metros de BH a Valadares.
Estudo divulgado neste ano pelo Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada (Ipea) e pela PRF refor�a essa avalia��o, ao mostrar que dois dos 10 mais violentos trechos de rodovias federais est�o justamente na BR-381, em Minas Gerais. O mais perigoso deles – o terceiro pior do Brasil – fica entre os kms 480 e 490, do fim da Avenida Cardeal Eug�nio Pacelli, em Contagem, na altura da empresa de sistemas de seguran�a Ritz, j� em Betim. Foram 12 mortes, 283 feridos e 863 acidentes computados entre janeiro e setembro de 2012. Os 10 mil metros seguintes, entre os kms 490 e 500, da empresa Ritz e at� a interse��o com a Rodovia MG-05, integram o s�timo trecho mais perigoso do pa�s, com 13 mortes, 280 feridos e 789 acidentes.
Foi nesse percurso que a PRF removeu do fundo de uma lagoa, no km 497, em Betim, um Fiat Uno que se acidentou matando m�e e filho no domingo. O ve�culo despencou de um barranco de 25 metros, matando Simone Aparecida Santiago, de 40 anos, e seu filho, Weslei Balbino de Castro, de 22.

O professor de engenharia de transportes M�rcio Aguiar, da Universidade Fumec, considera o Rodoanel a �nica solu��o para reduzir esse tipo de conflito. “O encontro de ve�culos de passagem com o tr�fego da cidade � explosivo. Mas, como as obras do anel metropolitano n�o saem, o que deveria ser feito � implantar mais radares e ter uma presen�a cont�nua de agentes da PRF na via”, considera.
O Dnit informou em nota que o estudo das causas dos acidentes realizado pela PRF � usado com subs�dio pelo departamento, que “instala os redutores eletr�nicos de velocidade visando a redu��o de acidentes”.
50 anos de
trag�dias
Na primeira e segunda reportagens da s�rie sobre os 50 anos da primeira morte no trecho da BR-381 entre Belo Horizonte e Jo�o Monlevade, o Estado de Minas contou a hist�ria do atropelamento de Te�filo Severino, morto em 1963, e relatou os traumas da vi�va, Julieta Margarida, e de outras fam�lias marcadas por acidentes na Rodovia da Morte. Tamb�m mostrou que a estrada continua perigosa: a estrutura defasada, o tra�ado sinuoso e a m� conserva��o das pistas exp�em os motoristas a risco. O EM tamb�m destacou que a amea�a de acidentes � alta devido � imprud�ncia. S� no ano passado, mais de 12 mil multas foram aplicadas na estrada.