(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Centro Acad�mico se re�ne com alunos da UFMG hoje para discutir trote racista


postado em 19/03/2013 07:06 / atualizado em 19/03/2013 08:10

(foto: FACEBOOK /REPRODUCAO/ARQUIVO PESSOAL )
(foto: FACEBOOK /REPRODUCAO/ARQUIVO PESSOAL )

Um ano depois de a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) prometer toler�ncia zero � pr�tica do trote, um novo epis�dio volta a chocar a comunidade estudantil. A “brincadeira” desta vez, feita na sexta-feira � tarde no terceiro andar do pr�dio da Faculdade de Direito, no Centro de Belo Horizonte, teve conota��es racistas e refer�ncia ao nazismo. Duas fotos postadas em perfis do Facebook provocaram revolta nas redes sociais e na pr�pria faculdade. Uma das imagens mostra um calouro amarrado com fita numa pilastra e, ao lado dele, tr�s alunos fazendo sauda��o nazista – um deles pintou um bigode semelhante ao do ditador Adolf Hitler. Na outra, uma estudante com o corpo tingido de preto tem uma corrente amarrada �s m�os, puxada por um veterano, e uma placa onde se l� “caloura Chica da Silva”, em refer�ncia � escrava mais famosa de Minas.

At� o in�cio da noite de ontem, havia 74 coment�rios sobre o epis�dio no perfil do Centro Acad�mico Afonso Pena (Caap), que participou da organiza��o do trote, segundo estudantes. Embora parte dos alunos tenha considerado a a��o apenas brincadeira de mau gosto, uma estudante que pediu para n�o ser identificada conta que muitos universit�rios e professores est�o chocados. “� algo absurdo e reflete a humilha��o de alunos, em especial das mulheres. Estudamos as formas de autoritarismo e fazemos cr�ticas severas a isso. Achei incab�vel”, opinou. Ela diz que o trote � comum h� anos. Um estudante do 5º per�odo que tamb�m preferiu anonimato diz que o clima est� pesado na faculdade. Ele acredita na possibilidade de os envolvidos n�o terem tido no��o da dimens�o que os fatos poderiam tomar. “O problema vai al�m de como duas pessoas se sentiram. � como a sociedade, a faculdade e estudantes de direito lidam com quest�es hist�ricas, como preconceito e nazismo. S�o futuros juristas que est�o fazendo essa barbaridade”, considera.

Pega de surpresa pela divulga��o das fotos, a UFMG informou que j� abriu investiga��o sobre o caso. No ano passado, a institui��o havia prometido puni��o severa para quem organizasse trotes. A decis�o de aplicar com rigor maior o regimento da universidade ocorreu em mar�o de 2012, depois que alunas do curso de turismo foram submetidas a trote com conota��es sexuais. “Estamos surpresos pelo teor preconceituoso desse trote, fato que repudiamos na UFMG”, afirmou a vice-reitora da universidade, Rocksane de Carvalho Norton. O regimento da institui��o prev� at� expuls�o em casos relacionados a trotes, mas a puni��o mais extrema foi descartada inicialmente pela vice-reitora. Segunda ela, a puni��o para os envolvidos, dependendo dos rumos da investiga��o que ser� feita pela dire��o da Faculdade de Direito, deve ser, no m�nimo, de suspens�o por 30 dias.

Embora a UFMG reitere que o trote � proibido, alunos do direito confirmam que, todos os semestres, uma lista � passada para ser assinada tanto por quem vai aplicar o trote, se responsabilizando por qualquer excesso, quanto por quem vai receb�-lo. A vice-reitora da universidade reiterou que todo semestre s�o feitas campanhas, com o apoio do Diret�rio Central dos Estudantes (DCE) e dos centros e diret�rios acad�micos, para relembrar os alunos da proibi��o dos trotes. A pr�pria institui��o organiza recep��es aos novatos. Este ano, a mobiliza��o com o tema “Trote n�o � legal” foi postada nas redes sociais e enviada aos alunos por e-mail.

Comiss�es

 

O DCE tamb�m repudiou os atos ocorridos na Faculdade de Direito. Coordenadora-geral do diret�rio central, Nath�lia Ferreira Guimar�es diz que comiss�es est�o sendo criadas em conjunto com a universidade para que as recep��es sejam sin�nimo de intera��o e n�o de viol�ncia. “Isso n�o � brincadeira. Qualquer tipo de opress�o deve ser combatida o ano todo nas universidades”, defende. O presidente do Centro Acad�mico Afonso Pena, Felipe Galo, informou que o Caap est� ciente dos fatos e que o assunto ser� tratado com os alunos em reuni�o hoje, �s 11h30, para saber quais medidas ser�o adotadas. Para uma parte dos estudantes, h� exagero na rea��o ao trote. Uma aluna que estava na faculdade na sexta-feira disse n�o ter presenciado nada ofensivo. “A parte que vi n�o � nada que n�o tenha ocorrido em anos anteriores”, afirma. “Foi uma infelicidade dos meninos. Eu os conhe�o, sei que n�o s�o preconceituosos e que a foto n�o retrata o que pensam. Eles est�o muito abalados”, completa.

Para a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MG), no entanto, a puni��o pode n�o se restringir � esfera acad�mica. O presidente da Comiss�o de Direitos Humanos da entidade, William Santos, considera que todos os participantes podem responder por racismo e apologia ao nazismo, definidos na Lei 7.716/89. “N�o � preciso que algu�m fa�a uma representa��o. A ofendida � toda a sociedade”, avaliou. Santos classificou como “um neg�cio vergonhoso” as fotos. “Foi um trote absurdo, sobretudo em se tratando de estudantes de direito . N�o merecem estar naquela faculdade”, opina. Ele defende que os estudantes sejam rigorosamente punidos. O crime de racismo tem pris�o prevista de at� 5 anos e multa. A pena para apologia ao nazismo � de 2 a 5 anos de pris�o e multa.


Escola tem 120 anos de hist�ria

A Faculdade de Direito da UFMG, uma das mais tradicionais e concorridas do estado, completou 120 anos no fim de 2012. Ela abriu as porta na cidade de Ouro Preto, tr�s anos depois da Proclama��o da Rep�blica, com o nome de Escola Livre de Direito. Entre os fundadores, estavam jovens e idealistas advogados, entre eles Afonso Augusto Moreira Pena, primeiro diretor e depois presidente do Brasil, Francisco Luiz da Veiga (vice-diretor), Afonso Arinos de Mello Franco, Ant�nio Augusto de Lima, Levindo Ferreira Lopes e Francisco Silviano de Almeida Brand�o. A faculdade se transferiu para BH no ano seguinte � inaugura��o da capital e passou por dois endere�os, antes de se instalar definitivamente na Pra�a Afonso Arinos, no Centro. O direito � um dos poucos cursos da UFMG que n�o funcionam no c�mpus Pampulha.

'Brincadeira' com conota��o sexual

Em mar�o do ano passado, a UFMG decretou o fim das brincadeiras promovidas por veteranos a calouros na universidade depois de um trote com conota��o sexual aplicado a um grupo de 20 alunas do curso de turismo, no pr�dio do Instituto de Geoci�ncias (IGC). Sujas de lama e tinta, elas teriam sido subjugadas por dois rapazes fantasiados de policiais que exibiam um cabo de vassoura com preservativo na ponta. Amarradas com cordas, as estudantes teriam sido obrigadas a introduzir o objeto na boca. Na ocasi�o, foi anunciado que o aluno que promovesse trotes poderia levar desde advert�ncia, passando por suspens�o das aulas, de tr�s dias a seis meses, e chegando at� a expuls�o da universidade, em casos mais extremos.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)