
No Dia Mundial da �gua, celebrado nesta sexta-feira, uma boa-nova para os protetores do meio ambiente e admiradores das belezas de Minas. O Minist�rio P�blico estadual enviou recomenda��o ao Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha) para que o Parque das �guas de S�o Louren�o, na Regi�o Sul, seja tombado “em fun��o de seu relevante valor cultural para o munic�pio e o estado”. A institui��o pediu tamb�m o registro do uso das �guas minerais como patrim�nio imaterial, algo in�dito no pa�s em se tratando desse recurso natural, de acordo com o coordenador das promotorias de Justi�a de Defesa do Patrim�nio Cultural e Tur�stico (CPPC), Marcos Paulo de Souza Miranda. “Essas �guas deram origem � cidade de S�o Louren�o em 1817 e n�o h� prote��o federal, estadual ou municipal para esta est�ncia hidromineral”, afirma Miranda, que atuou ao lado da coordenadoria das promotorias de Justi�a de Defesa da Bacia do Rio Grande e Promotoria de Defesa do Patrim�nio Cultural da Comarca de S�o Louren�o.
Sempre pertencente � iniciativa privada, a �rea de 490 mil metros quadrados, localizada no Centro, � o maior atrativo do munic�pio e abriga oito fontes de �gua gasosa, sulfurosa, alcalina, ferruginosa, magnesiana, entre outras, consideradas �nicas e cotadas entre as melhores do mundo. O an�ncio do pedido de tombamento e registro foi feito na noite de ontem, durante a solenidade de entrega da Comenda Ambiental Est�ncia Hidromineral de S�o Louren�o.
“No Circuito das �guas, esse parque � o �nico que n�o tem prote��o. Temos certeza de que esse reconhecimento vai agregar valor a ele, favorecer o turismo e permitir maior valoriza��o do balne�rio constru�do em 1935”, defende Marcos Paulo. O Iepha, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que j� tem em m�os o documento, que ser� analisado pela diretoria t�cnica.
Segundo a historiadora Maria Aparecida Martins Duarte, do Departamento Municipal de Cultura, o parque j� foi inventariado. A �ltima atualiza��o desse trabalho ocorreu em dezembro. As pesquisas mostram que a implanta��o impulsionou o processo de forma��o da cidade por quase um s�culo. A descoberta de fontes hidrominerais foi importante n�o s� para toda a regi�o do Circuito das �guas como tamb�m para o pa�s, pois at� meados do s�culo 18 s� eram conhecidas duas fontes: uma em Cip� (BA) e outra em Caldas Novas (GO). A not�cia do poder curativo das �guas de S�o Louren�o se espalhou, atraindo grande n�mero de forasteiros e pessoas em busca de cura e da novidade.
Desenvolvimento
Os especialistas contam que o incentivo � explora��o das fontes, assim como a posterior industrializa��o, foi fator fundamental para o desenvolvimento econ�mico, social e tur�stico do munic�pio, al�m de influenciar sua ocupa��o efetiva, dinamizar o sistema vi�rio e fortalecer as atividades comerciais e servi�os. O pedido de tombamento foi bem recebido. Para o chanceler da Comenda Ambiental, Eug�nio Ferraz, “ele vai assegurar a perenidade do parque e das �guas, que s�o, h� d�cadas, fonte de vida e sa�de para os brasileiros”. A escritora Ivanise Junqueira disse que “o tombamento � uma a��o que vai al�m do tempo e espa�o, j� que garante para as futuras gera��es uma fonte inesgot�vel, pois, no entorno, gravita toda uma cidade e um sentido de vida”. Para o prefeito Jos� Neto, “a medida deixa claro que o parque est� em terras de S�o Louren�o, mas suas �guas pertencem � humanidade”.
A dire��o da Nestl� informou ontem que ainda n�o tomou conhecimento oficial da iniciativa do MPMG.
Do poder medicinal � comercializa��o
A forma��o hist�rica da Companhia de �guas S�o Louren�o teve in�cio com a aquisi��o das terras at� ent�o conhecidas como “S�tio do Viana”, pr�ximo � Freguesia de Nossa Senhora do Carmo (atual Carmo de Minas), pelo comendador Bernardo Saturnino da Veiga, um vision�rio pertencente � fam�lia dos Veigas – ele veio de S�o Paulo para a cidade de Campanha, tamb�m no Sul de Minas. Era o fim do s�culo 19. A repercuss�o do poder curativo das “�guas do Viana” chamou a aten��o dos Veigas, que se interessaram em conhecer melhor as potencialidades dos po�os e fortaleceram a ideia de erguer um empreendimento para explora��o industrial e regulamenta��o da aquisi��o das fontes hidrominerais.
De posse dos terrenos, eles conseguiram a autoriza��o para explora��o, fundando a Companhia de �guas Minerais de S�o Louren�o, cujo estatuto foi aprovado por decreto oficial de 4 de junho 1890, sob a concess�o da Secretaria dos Neg�cios da Agricultura Com�rcio e Obras P�blicas de Minas Gerais.
Quase bicenten�rio
1817 –Padre Manuel Ayres de Casal registra a exist�ncia de �gua mineral perto de ribeir�o afluente do Rio Verde, em terras da freguesia de Carmo do Rio Verde
1826 – Antonio Francisco Viana descobre, nas terras de seu pai, Jo�o Francisco Viana, uma nascente de “�gua que fervia” no loda�al e tinha sabor diferente
1884 – No per�odo em que se deu a constru��o da Estrada de Ferro Minas e Rio, j� havia abrigos incipientes para os que procuravam as �guas minerais
1890 – As terras s�o adquiridas pelo comendador Bernardo Saturnino da Veiga e, em mar�o, a Companhia das �guas Minerais de S�o Louren�o � constitu�da. Engenheiros foram respons�veis pela planta da povoa��o e pelo servi�o de capta��o das fontes
1892 – Em 10 de agosto � inaugurada a primeira fonte captada (gasosa). Professor Alfredo Schaeffer, da Escola de Minas de Ouro Preto, foi respons�vel pela an�lise das �guas
1895 – Em agosto, nova firma � constitu�da por Saturnino da Veiga e Jo�o Pedro da Veiga Filho, com o acervo da antiga empresa, desde mar�o de 1895 sob a presid�ncia do senador Antonio Dino da Costa Bueno. A nova firma passa a se chamar Companhia das �guas Minerais de S�o Louren�o
1905 – Em 18 de mar�o, a empresa Fran�a e Nova sucede a anterior. Na sequ�ncia, a concess�o da explora��o das �guas � transferida para as firmas Herm Stoltz & Cia, Vieira Matos & Cia e Companhia Vieira Matos
1923 – Em 22 de maio, ap�s nova sucess�o, o acervo � transferido para o Banco da Lavoura e Com�rcio do Brasil. As in�meras sucess�es ocorreram em virtude da falta de recursos para constru��o e preserva��o da vasta �rea
1925 – Em novembro, � constitu�da a Sociedade An�nima Empresa de �guas de S�o Louren�o, havendo a incorpora��o de bens
1929 –O comendador Francisco de Souza Costa assume a dire��o da companhia e leva o engenheiro Jos� Ferreira de Andrade Junior para fazer a capta��o definitiva das fontes gasosa, magnesiana, alcalina, ferruginosa, vichy e sulfurosa. O trabalho durou 25 anos
1935 – Jaime Sotto Maior assume a presid�ncia e constr�i o balne�rio, pavilh�o das fontes magnesiana/alcalina e conclui a constru��o do lago. No per�odo tamb�m ocorreram relevantes transforma��es no sistema de engarrafamento das �guas
1974 –Controle acion�rio da Empresa de �guas S�o Louren�o � transferido ao grupo franc�s Perrier, respons�vel pela moderniza��o do setor de engarrafamento das �guas minerais e pela expans�o de sua comercializa��o.
1986 – Constru�do um novo parque, anexado ao j� existente, conhecido como Parque II, sendo que duas novas fontes foram captadas na �rea: a sulfurosa e a ducha sulfurosa
1992 –Grupo Nestl� assume o controle acion�rio da empresa Perrier, na Fran�a, que administrava o Parque das Fontes em S�o Louren�o