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Estado de Minas

Rep�rter assassinado no Vale do A�o tinha dossi� in�dito

Profissional preparava s�rie de reportagens com novas den�ncias sobre a a��o de esquadr�o da morte na regi�o, que marcaria sua volta ao jornalismo impresso


postado em 19/04/2013 07:13 / atualizado em 19/04/2013 08:31

Comitê formado por representantes da imprensa fez protesto às margens da BR-381(foto: Paulo Filgueiras/EM DA Press)
Comit� formado por representantes da imprensa fez protesto �s margens da BR-381 (foto: Paulo Filgueiras/EM DA Press)

Ipatinga – Silenciado por cinco tiros disparados de uma moto por uma dupla ainda n�o identificada, no Bairro Cana�, em Ipatinga, no Vale do A�o, o jornalista Rodrigo Neto, de 38 anos, preparava uma s�rie de mat�rias especiais sobre assassinatos n�o resolvidos nos quais um esquadr�o da morte formado por policiais militares e civis da regi�o figurava como principal suspeito. Muito al�m das 21 pessoas e pelo menos 20 policiais denunciados pelo rep�rter antes de morrer, na madrugada de 8 de mar�o, o material que ele reunia revelava mais v�timas de homic�dios covardes, e marcaria sua volta �s p�ginas do Jornal Vale do A�o, contando com fotografias de Walgney Assis Carvalho, de 43, morto no �ltimo domingo em um crime que pode estar relacionado � primeira execu��o.

“O Rodrigo preparava um material que dizia ser bomb�stico. Nunca me contou o que era, mas isso marcaria sua volta ao jornalismo impresso, depois de muitos anos no nosso programa de pol�cia”, conta o radialista conhecido como Carioca, que dividia o microfone com Rodrigo Neto na R�dio Vanguarda, onde falavam de crimes e investiga��es policiais do dia a dia. “O Rodrigo era muito contundente ao microfone. Vinha denunciando esse esquadr�o da morte formado por policiais na r�dio, mas quando passou para o jornal, virou uma amea�a para essa gente”, conta um dos chefes do jornalista assassinado. “O que se escreve no jornal fica. Vai parar na mesa do promotor, da corregedoria, do governador. No r�dio, a rea��o � mais imediata”, considera o profissional, que pede para n�o ser identificado, pois tem medo de sofrer repres�lias. O material produzido pelo rep�rter ficou no notebook apreendido pela Pol�cia Civil, mas a equipe do Estado de Minas conseguiu resgatar algumas hist�rias com as quais ele trabalhava.


Foi dentro de uma padaria da Avenida Macap�, no Bairro Veneza I, no meio de clientes e funcion�rios, que o mototaxista Diunismar Vital Ferreira, o Juninho, de 41, foi assassinado com seis tiros, dos 11 disparados por um motociclista de capacete, em 2007, como tem ocorrido nos crimes relacionados ao esquadr�o da morte que estaria agindo no Vale do A�o. “Ele estava namorando uma mulher que tinha tamb�m caso com um capit�o da PM. Um dia antes do assassinato, a mulher o amea�ou na frente de todo mundo. Disse: ‘De hoje voc� n�o passa’ ”, conta um dos oito irm�os da v�tima, que tamb�m pede para n�o ser identificado.

De acordo com ele, Juninho n�o tinha inimigos e o aviso da namorada teria sido uma amea�a cumprida. Apesar de isso ter sido registrado em depoimentos, nada aconteceu e ningu�m foi preso. “N�o acredito na Justi�a nem na pol�cia. Na �poca, tamb�m vieram investigadores de Belo Horizonte para c�, mas nada mudou. Pol�cia � assim: quando � boa, � boa. Quando � ruim, n�o vale nada”, desabafou. O capit�o e a namorada deixaram Ipatinga e se mudaram para Belo Oriente, cidade pr�xima e que foi palco de uma chacina, naquele mesmo ano, tamb�m denunciada por Rodrigo Neto como sendo relacionada ao esquadr�o da morte.

IRM�O ELIMINADO
Outro irm�o de Juninho tamb�m foi assassinado a tiros, em 2009. Marcos Vital Ferreira estava tentando elucidar a execu��o do irm�o. Ele chegou a sofrer uma tentativa de homic�dio da qual o acusado � Daniel Silva Ara�jo, por sua vez testemunha de outro crime denunciado pelo rep�rter, o assassinato da mission�ria Anelise Teixeira Monteiro Carlos, de 38 anos, em 2007. O principal suspeito da execu��o da religiosa, segundo as apura��es de Neto, era um cabo da PM que nunca foi detido e continua a trabalhar na corpora��o, agora lotado em Lavras, no Sul de Minas.

Crivado de tiros no ano-novo

O ano de 2009 come�ava quando a dona de casa Italvina de Lourdes, de 73 anos, viu algo que nunca pensou que presenciaria. “Est�vamos no meio de um churrasco de ano-novo quando escutei um tanto de tiros. Achei que eram bombinhas. Quando cheguei na janela, vi meu sobrinho levando um tanto de tiros de um homem de capacete”, lembra a senhora, que hoje olha com tristeza para o local onde viu o rapaz ser assassinado, no Bairro Bom Jardim. O sobrinho dela, Elias Santiago Pereira, de 33 anos, era conhecido como Gat�o. Ele teria envolvimento com policiais e estaria sendo amea�ado.

Outra v�tima do esquadr�o pode ser a mulher de um policial militar. Francislaine Sim�es Oliveira Andrade, de 24 anos, foi morta em plena recep��o do hotel onde trabalhava, no Bairro Ferrovi�rios. “Ela estava se separando do marido. Acho que foi ele quem mandou mat�-la. S� que esse esquadr�o age da seguinte forma: uma pessoa que tem uma desaven�a com voc� pede para outro policial te matar, enquanto o mandante procura ficar em um lugar p�blico, para ter isso como �libi”, conta um dos jornalistas que trabalharam no caso.

O EM procurou a for�a-tarefa da Pol�cia Civil que investiga os 10 crimes denunciados pelo rep�rter Rodrigo Neto, bem como as mortes do jornalista e do fot�grafo, para saber se esses e outros casos tamb�m ser�o investigados, mas n�o obteve respostas. As pol�cias Civil e Militar da cidade tamb�m n�o comentam nenhum assunto relacionado aos crimes. Nas ruas de Ipatinga, as pessoas se mostram descrentes com alguma puni��o contra os integrantes desse esquadr�o da morte. Enquanto dois jornalistas e a namorada do fot�grafo morto ainda s�o amea�ados, a �nica a��o concreta vis�vel por enquanto foi a coloca��o de 60 cruzes em um canteiro da rodovia BR-381, por iniciativa do comit� de jornalistas que acompanha os casos.


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