
Nascido e criado na Vila Minasl�ndia, Bairro S�o Gabriel, Regi�o Nordeste de Belo Horizonte, o desmontador Nilson de Assis, de 29 anos, convive diariamente com uma press�o para deixar a casa onde mora: uma retroescavadeira que j� demoliu dezenas de constru��es para dar lugar a um terminal rodovi�rio, a poucos metros de uma das paredes do im�vel onde ele mora com a m�e e as irm�s. Pelo menos outras 79 constru��es ser�o demolidas para dar lugar ao terminal e ao corredor Pedro I/Ant�nio Carlos do transporte r�pido por �nibus (BRT, da sigla em ingl�s). As desapropria��es desafiam a prefeitura, que pretende entregar as obras no primeiro semestre de 2014, e levam apreens�o aos moradores, que tamb�m correm contra o tempo para decidirem para onde v�o.
“Eles nos ofereceram R$ 50 mil, mas at� agora n�o achamos nenhuma casa nesse valor. E nossa qualidade de vida caiu demais, vivemos praticamente no meio desses escombros, que trouxeram baratas, escorpi�es e o mosquito da dengue”, desabafa Nilson, preocupado principalmente com a m�e, Margarida de Oliveira, de 62, que est� no barrac�o h� 37 anos.
Hoje, a �nica vizinha que restou � a escavadeira que trabalha a poucos metros de sua parede. “N�o conseguimos dormir pensando no que vai acontecer. Como vamos achar uma casa com apenas R$ 50 mil?”, pergunta.
Presidente da Associa��o Comunit�ria da Vila Minasl�ndia, Maur�cio Rodrigues acredita que as remo��es foram feitas passando por cima dos moradores, devido ao prazo curto para solu��o dos problemas. “Cheguei a ouvir de um engenheiro que as obras ter�o que ser feitas em quatro turnos se a prefeitura quiser entregar a rodovi�ria at� o meio do ano que vem. N�o somos contra o progresso, mas a prefeitura tem que lembrar que moramos aqui”, diz.
A Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel) informou que a constru��o da nova rodovi�ria obrigou a PBH a fazer 287 remo��es, incluindo 14 encaminhadas � Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), j� que os moradores apresentaram escritura dos im�veis. Das 273 que cabem � Urbel, 179 j� foram resolvidas, 64 t�m acordos prontos aguardando libera��o de dinheiro ou constru��o de unidades habitacionais e 30 ainda est�o em negocia��o, caso de Nilson e da fam�lia. A diretora de Obras da Urbel, Patr�cia de Castro Batista, afirma que as 30 remo��es ainda negociadas n�o comprometem o prazo da rodovi�ria, pois s�o v�rias frentes de obra independentes.
SACRIF�CIO
A diretora nega tamb�m que haja qualquer tipo de press�o para libera��o dos im�veis. “N�o podemos esperar esvaziar tudo para come�ar os trabalhos. Para isso, o espa�o est� devidamente demarcado, os entulhos s�o retirados constantemente e a negocia��o � feita com base no valor de reprodu��o dos im�veis. Al�m disso, temos a op��o de 144 apartamentos para quem n�o quiser ser indenizado, que ser�o entregues em julho”, garante Batista. Ela completa afirmando que para o benef�cio de toda a cidade, com a constru��o da nova rodovi�ria, a minoria precisa fazer sacrif�cio. “Sabemos que h� desconforto para o morador, mas a melhoria � para toda a capital”, completa.