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Estado de Minas

Laudo complica delegado suspeito de balear namorada adolescente

Ap�s exame descartar res�duos de p�lvora nas m�os da jovem, per�cia diz que ferimento � incompat�vel com tiro a curta dist�ncia. Policial sustenta vers�o de tentativa de suic�dio


postado em 10/05/2013 06:00 / atualizado em 10/05/2013 06:52

Delegado Geraldo Toledo carrega atriz que representou A. durante reconstituição do caso em abril(foto: JUAREZ RODRIGUES/EM/D.A PRESS)
Delegado Geraldo Toledo carrega atriz que representou A. durante reconstitui��o do caso em abril (foto: JUAREZ RODRIGUES/EM/D.A PRESS)
Dois novos ind�cios complicam a situa��o do delegado Geraldo do Amaral Toledo Neto, acusado de atirar na cabe�a da namorada, de 17 anos. A Corregedoria da Pol�cia Civil anexou ao processo um laudo assinado por um m�dico legista afirmando que o ferimento n�o � compat�vel com um tiro a curta dist�ncia, t�pico de casos de suic�dio, como sustenta o delegado. Os investigadores j� sabem tamb�m que Toledo manuseou uma arma no posto de gasolina em que foi flagrado pelas c�meras de seguran�a retirando-a de um bolso da cal�a e guardando-a no outro. A arma, por�m, � pequena e n�o seria o rev�lver calibre 38 do qual partiu a bala, registrado no nome dele.


Geraldo Toledo responde a nove sindic�ncias, 10 inqu�ritos e dois processos administrativos que podem resultar em demiss�o, segundo o corregedor-chefe da Pol�cia Civil, delegado Renato Patr�cio. O incidente aconteceu numa estrada que liga Ouro Preto a Lavras Novas, depois de uma discuss�o entre o casal no dia 14 de abril. A. L. S. foi baleada na cabe�a, mas n�o h� a queimadura no couro cabeludo que os peritos chamam de tatuagem, provocada pelo calor do atrito da bala com o cano da arma na pele. A per�cia n�o identificou p�lvora nas m�os da jovem, o que refor�a a suspeita de tentativa de homic�dio.

Toledo afirma que a trajet�ria do proj�til � compat�vel com uma pessoa destra que tenta se matar. A bala de calibre 6.35, que perfurou o cr�nio do lado direito e ficou alojada no lado esquerdo e foi retirada em cirurgia, � usada em armas bem pequenas, que cabem na palma da m�o.

Nessa quinta-feira, a Comiss�o de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa convocou o corregedor-geral, delegado Renato Patr�cio, e a corregedora que atua no caso, delegada �gueda Nascimento, para dar explica��es. Sem autoriza��o da Justi�a, Toledo n�o compareceu, mas enviou carta ao deputado Durval �ngelo, com sua vers�o do caso.

A delegada informou aos deputados que o m�dico Bruno Freire de Castro atendeu a jovem no Hospital de Pronto-Socorro Jo�o XXIII e tirou tr�s fotos do ferimento com seu smartphone, antes de inciar a cirurgia que descaracterizaria a perfura��o. As imagens foram analisadas por um legista da pol�cia, que atestou tiro de longa dist�ncia.

Segundo as investiga��es, �s 14h32 daquele domingo, o delegado ligou para uma testemunha do processo, que n�o teve o nome divulgado. Cerca de 20 minutos depois, �s 14h54, ele entruou em contato com a Pol�cia Militar pedindo o n�mero do telefone da delegacia de Ouro Preto. No mesmo minuto ele ligou para a delegacia e pediu uma viatura, mas dispensou a ajuda em outra liga��o tr�s minutos mais tarde. �s 15h02, segundo a delegada, Toledo passou por um radar no Centro Hist�rico de Ouro Preto e deixa L. na unidade de pronto atendimento (UPA) da cidade, sem identifica��o ou objeto pessoal, �s 15h09. Dois minutos depois, ele se comunicou com um amigo do condom�nio Retiro do Chal�, em Brumadinho, para onde levou seu carro, antes de sair com outro amigo.

“A conduta de ligar pedindo ajuda para a pol�cia e desistir e o fato de deix�-la na UPA como uma indigente n�o condiz com o que ele diz. Ele se refere como um protetor, e n�o foi isso o que fez”, afirmou a delegada. Os deputados quiseram saber sobre o sumi�o da arma e a delegada explicou que Toledo alega que s� se preocupou em prestar socorro, sem atinar para a bolsa dela e a arma, que podem ter ca�do na estrada. A delegada tem at� o dia 15 para concluir o inqu�rito ou pedir mais tempo � Justi�a.

Para a advogada de Toledo, Maria Am�lia Tupynamb�, o exame residuogr�fico nas m�os de A. foi prejudicado porque a jovem passou por assepsia e os testes s� foram feitos no dia seguinte da interna��o no HPS. “A corregedoria sabe disso desde quando divulgou aquela nota. Ainda n�o sei qual a inten��o”, afirma. “H� provas suficientes de que ocorreu tentativa de suic�dio.”

Segundo ela, o mesmo se diz a respeito da foto do ferimento. A advogada ressalta ainda que a corregedoria n�o est� levando em conta uma tomografia realizada no hospital, que mostraria a “tatuagem deixada pelo tiro encostado”. “Se basearam numa �nica foto de uma regi�o que sofreu altera��o pela tricotomia (raspagem da cabe�a) e assepsia. A tomografia mostra escurecimento da t�bua �ssea e as tatuagens pr�prias do tiro encostado, confirmando a vers�o dele”, diz Maria Am�lia.


Defesa em carta

Proibido pela ju�za de Ouro Preto, L�cia Magalh�es, de comparecer � audi�ncia p�blica, o delegado Geraldo Toledo enviou carta ao deputado Durval �ngelo (PT), presidente da Comiss�o de Direitos Humanos da Assembleia. Ele diz que foi criado na tradicional cultura mineira e que n�o � um monstro. Afirma que � perseguido na Pol�cia Civil, porque foi vice-presidente da associa��o dos delegados, por isso acabou envolvido nas acusa��es sobre uma quadrilha de roubo de motos e de licenciamento de caminh�es roubados.

Sobre o caso com A., Toledo explica na carta que a conheceu em 2010, quando a fam�lia da jovem se mudou para o pr�dio em que ele morava no Bairro Buritis, em BH. Segundo ele, A. escrevia um livro e, como ele era professor, a m�e dela pediu que ele a orientasse. Apesar de se mudar no ano seguinte, ele admite que a “amizade familiar” continuou.

Ele diz ainda que buscava a jovem e uma irm� na escola, a pedido da m�e delas. Ele afirma que A. foi expulsa de casa quando contou para ele que o padastro a assediava. Ela foi morar com os av�s em Goi�s, e ao voltar para BH o procurou insistentemente. “Reatamos nossa amizade e A. resolveu morar numa rep�blica, pois sua fam�lia a ignorava e estava se mudando para Conselheiro Lafaiete. A. come�ou a frequentar festas raves e a tomar ecstasy e a fumar maconha. Preocupado, a tirei de l�”,.

“Em agosto de 2012, (ela) j� com 17 anos, comecei a ter um ligeiro relacionamento com A. Percebendo que  estava s�rio, ela simulou a gravidez e pediu para morar comigo”, afirma ele em outro trecho. “Aceitei imediatamente, j� que ter mais um filho era um sonho antigo.” No entanto, 40 dias depois, afirma ele, ela desmentiria a gravidez. Toledo diz ainda que as agress�es de mar�o, registradas por A. em uma delegacia, foram falsas.

Sobre o dia do crime, ele diz que foi procurado por ela, que pediu que a levasse a Ouro Preto, por conta das lembran�as que tinha da inf�ncia. “Tiramos fotos e tivemos uma excelente tarde”, afirma no texto. Mas o delegado alega que, na estrada, a jovem se descontrolou querendo reatar o relacionamento e chegou a agredi-lo, al�m de puxar a chave do carro. “Sa� do ve�culo dizendo que ia embora. Quando olhei para tr�s, ela retirou da bolsa uma pequena arma e disparou  na cabe�a”, afirma.

Ele tenta se explicar: “A per�cia detectou que a arma que eu carregava no posto era um rev�lver 38 e n�o a arma que ela usou contra si mesma”. Toledo afirma tamb�m que “a tomografia computadorizada descreve uma trajet�ria compat�vel com suic�dio de pessoa destra”. E ainda desqualifica o exame residuogr�fico, que, segundo ele, foi feito apenas no outro dia e aponta que a “arma usada por A. n�o solta res�duos/p�lvora”. O delegado termina o texto dizendo que n�o tem motivos para desejar a morte da mo�a. “Eu era o seu melhor amigo, o seu padrinho, professor e a desejava um enorme futuro”, completa.


ENQUANTO ISSO... ...AGRESSORES S�O PRESOS


O delegado Geraldo Toledo chegou a descumprir uma medida protetiva para n�o se aproximar da adolescente A., embora tenha alegado que n�o a recebeu a tempo. Ontem, pelo menos nove homens que n�o cumpriram medidas de prote��o de ex-mulheres, baseadas na Leia Maria da Penha, foram presos na Opera��o Dia das M�es, realizada pelo Grupo de Repress�o � Viol�ncia Dom�stica, que tinha ainda como alvo o cumprimento de mais 12 mandados de pris�o at� o fim da noite. O grupo j� cumpriu 55 mandados contra homens que, mesmo proibidos de manter contatos com suas v�timas, descumpriram as medidas judiciais. S� este ano, foram 4.305 foram agress�es, sendo que 60% dos autores tinham passagens pela pol�cia.

 


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