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Estado de Minas

Avan�o da desertifica��o aumenta drama dos agricultores que j� sofrem com estiagem

Norte de Minas � regi�o do semi�rido onde mudan�as clim�ticas t�m maior efeito


postado em 17/09/2013 06:00 / atualizado em 17/09/2013 07:23

Desaparecimento da vegetação nativa abriu caminho para desertificação(foto: Luiz Ribeiro/EM/DA Press)
Desaparecimento da vegeta��o nativa abriu caminho para desertifica��o (foto: Luiz Ribeiro/EM/DA Press)

Francisco S�, Montes Claros, S�o Jo�o da Lagoa e Verdel�ndia –
O pequeno agricultor Valdionor Alves Moreira, de 63 anos, da localidade de Canabrava, em Francisco S�, no Norte de Minas, sempre sofreu com as estiagens prolongadas que castigam a regi�o. Mas al�m da "m� vontade de S�o Pedro", lavouras perdidas, falta de pasto e dificuldade para conseguir �gua, Valdionor passou a conviver com outro problema: o desaparecimento completo da vegeta��o em �reas do terreno onde mora. Da sua casa, de onde se via uma paisagem carregada de plantas nativas. Hoje, � um morro limpo, com marcas de eros�o. "Para mim isso � o fim dos tempos", lamenta.

O drama do pequeno produtor de Francisco S� exp�e um fen�meno que cada vez mais desperta a aten��o das autoridades e dos ambientalistas: o in�cio do processo de desertifica��o. Um problema que preocupa a Organiza��o das Na��es Unidas (ONU) desde 2010, uma vez que mais de um bilh�o de pessoas est�o com a subsist�ncia amea�ada pela desertifica��o. Conter a amea�a � uma das metas da ONU, com a campanha "D�cada para os desertos e a luta contra a desertifica��o".

No caso do Norte de Minas, a preocupa��o � ainda maior pelo fato de a regi�o fazer parte do semi�rido brasileiro, que tende a sofrer mais com os efeitos das mudan�as clim�ticas que j� vem sendo observada h� muito tempo. Estudos apontam que, al�m de Francisco S�, foram verificados locais com processos mais intensos de devasta��o e sinais de desertifica��o, segundo especialistas, devido � seca, desmatamento, monocultura de eucalipto, retirada irregular de areia e outras formas de degrada��o ambiental.

"Existem �reas no Norte de Minas que est�o propensas � desertifica��o, por conta do avan�ado processo de degrada��o", afirma o professor Expedito Jos� Ferreira, do Departamento de Geoci�ncias da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Ele disse que estudos realizados pela institui��o indicaram locais com riscos de desertifica��o, especialmente em Francisco S�, Montalv�nia, Monte Azul e Espinosa. O fen�meno tamb�m � verificado em Ara�ua� e Itinga, no Vale do Jequitinhonha.

"Estamos com processo de degrada��o ambiental elevada em diversas �reas que levam para desertifica��o", observa Expedito Jos� Ferreira, lembrando que o Programa das Na��es Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) considera comprometidas pelo fen�meno "as regi�es que se caracterizam pela perda do potencial biol�gico, em condi��es semelhantes aos desertos j� conhecidos no mundo".

O especialista aponta como causas da degrada��o a eros�o acelerada, desmatamento (principalmente de matas ciliares), polui��o e assoreamento das nascentes e dos rios. "Quando se retira a cobertura vegetal, o solo fica mais exposto �s intemp�ries. A cada ano, observamos o avan�o desse processo com maior intensidade, o que demonstra a necessidade de maior aten��o com medidas mitigadoras para conter a desertifica��o", avalia Ferreira.

REPLANTIO EM V�O

Vizinho de Valdionor, o tamb�m agricultor Jos� Rodrigues Fernandes J�nior convive com os "peladores" na propriedade de sua fam�lia, que tem 75 hectares. "Para mim, isso � conseq��ncia do desmatamento", afirma. "H� uma parte do nosso terreno onde j� tentamos recuperar duas ou tr�s vezes, arando a terra e plantando capim. Mas a gente planta e n�o nasce nada", reclama.

O processo de degrada��o e tend�ncia de desertifica��o � verificado tamb�m em Espinosa, um dos munic�pios do Norte de Minas mais castigados pelas secas, situado na divisa com a Bahia. "O processo vem se intensificando cada vez mais em Espinosa, com o secamento de rios e c�rregos e forma��o de vo�orocas (eros�o), algumas delas com cinco metros de profundidade e 12 metros de largura", relata Marco Aur�lio Tolentino, ex-secret�rio de Agricultura do munic�pio.

Em Espinosa e em Monte Azul as chuvas anuais diminu�ram, fen�meno que  a ONU/Pnud tamb�m considera como um fator preocupante das mudan�as clim�ticas que representa riscos de desertifica��o. "H� registros de seca no munic�pio desde 1899. Mas a partir de 1975, a escassez de chuvas se intensificou. Existem algumas localidades do munic�pio onde o �ndice pluviom�trico � de apenas 300 mil�metros ou at� 380 mil�metros por ano. A produ��o de mantimentos caiu 70%", observa Marco Aur�lio.

"De uns tempos para c�, as coisas foram arruinando. Chove muito pouco e rios e c�rregos secaram. A gente n�o consegue colher mais nada”, conta Laura Pereira da Silva, de 54 anos, moradora da localidade de Passagem das Canoas, a 110 quil�metros de Espinosa. Ela lembra que o Rio Verde Pequeno, que passa pelo lugar, corria caudaloso o ano inteiro e hoje est� seco. “Aqui � chamado de Passagem das Canoas porque s� era poss�vel atravessar o rio de canoa. Hoje, praticamente, a gente nem v� direito o sinal de onde passava a �gua do rio", descreve a mulher.



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