
Com jalecos brancos e bandeiras, 225 cubanos contratados para a segunda etapa do programa Mais M�dicos desembarcaram na manh� de ontem no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na Regi�o Metropolitana de BH. Eles est�o entre os 400 profissionais da ilha caribenha que participar�o do curso de acolhimento e avalia��o em Belo Horizonte. A outra metade do grupo deve chegar no domingo, segundo o Minist�rio da Sa�de, que ainda n�o definiu os estados onde trabalhar�o. Um dos intercambistas informou que ganhar� pouco mais de 10% (cerca de R$ 1.260) da bolsa de R$ 10 mil paga por meio do acordo entre o Brasil e a Organiza��o Pan-Americana de Sa�de (Opas).
Os 225 profissionais viajaram no mesmo avi�o, que partiu na tarde de quarta-feira de Havana e fez uma escala em Guarulhos nas primeiras horas de ontem. Eles chegaram a Confins com pequenas bandeiras de Cuba e do Brasil. Higinio Rodriguez, de 50 anos, graduou-se h� 21 na Universidade de Ci�ncias M�dicas de Havana e tem especializa��o em medicina geral integral. “Viemos ajudar o povo brasileiro onde a nossa presen�a for mais necess�ria”, disse.
O m�dico sabe que poder� enfrentar problemas na unidade de sa�de para a qual for designado. “As condi��es podem ser boas ou n�o, n�o sei o que vou encontrar. Vou trabalhar onde quer que seja”, acrescentou. Ele custou a entender parte das perguntas feitas em portugu�s e, em alguns momentos, pediu para respond�-las em espanhol. “A l�ngua � uma pequena dificuldade, mas se aprende com a pr�tica”, ressaltou.
Avalia��o
Eidelma Rojo, de 39 anos, formou-se h� 15 e tamb�m se especializou em medicina geral integral. Ela evitou comentar o fato de o programa provocar disputas judiciais entre o Minist�rio da Sa�de e entidades da categoria, como o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Federa��o Nacional de Medicina (Fenam). “Isso � um problema do governo. Viemos trabalhar, dar nosso apoio ao povo brasileiro, nossa solidariedade”, disse ela, que em 2004 participou de uma miss�o de m�dicos cubanos na Venezuela.
A m�dica contou que em seu pa�s fez um curso de l�ngua portuguesa com professores brasileiros, por causa da participa��o no programa. “Falo portunhol, mas entendo bem portugu�s. Espero que o curso (de acolhimento e avalia��o) acabe com as dificuldades que existirem”, afirmou.
Em cinco �nibus, os cubanos foram levados para a unidade do Sesc na Regi�o de Venda Nova, onde est�o alojados. O curso come�ar� segunda-feira e ter� tr�s semanas de dura��o. O curr�culo, id�ntico ao da primeira etapa do Mais M�dicos, inclui aulas sobre o funcionamento do Sistema �nico de Sa�de (SUS), l�ngua portuguesa e doen�as prevalentes no Brasil. Os alunos far�o testes e apenas quem tiver desempenho considerado satisfat�rio continuar� no programa, segundo o Minist�rio da Sa�de.

O Conselho Regional de Medicina de Minas (CRM-MG) concedeu ontem mais dois registros provis�rios a profissionais formados no exterior que v�o trabalhar no Mais M�dicos, mas n�o informou os munic�pios onde os profissionais trabalhar�o. Na quarta-feira, o �rg�o emitiu as primeiras 10 habilita��es para bolsistas de Belo Horizonte (5), Passos (2), Sabar� (1), Rio Pardo de Minas (1) e Santa Helena de Minas (1). Por�m, ao menos na capital e em Passos, os intercambistas ainda n�o come�aram a trabalhar. Outros 30 pedidos est�o sendo analisados pela entidade.
A Secretaria Municipal de Sa�de de Belo Horizonte n�o explicou por que ontem os bolsistas ainda n�o tinham come�ado a atuar. Em Passos, os dois profissionais — uma brasileira formada na Espanha e um mexicano formado em Cuba — passam por treinamento e s� devem iniciar segunda-feira o atendimento a doentes, segundo a coordenadora de Aten��o Prim�ria da Secretaria de Sa�de de Passos, Clarissa Carneiro.
“Desde quando chegaram, em 23 de setembro, eles est�o acompanhando o trabalho de um m�dico do munic�pio, que trabalha na �rea de sa�de da fam�lia e est� acostumado a dar est�gio a estudantes de uma universidade de Alfenas. A aten��o b�sica trabalha com todos os ciclos de vida. A gente fica inseguro. Temos que saber at� que ponto eles est�o prontos para trabalhar com uma realidade diferente. Eles precisam se habituar, por exemplo, com os nomes dos medicamentos brasileiros”, explica.
GOVERNO S� CUMPRE A MP
O secret�rio de Aten��o � Sa�de do minist�rio, Helv�cio Magalh�es, afirmou ontem que n�o ser�o informados aos conselhos regionais de medicina os locais de trabalho dos intercambistas e os nomes dos tutores e supervisores. “Vamos fornecer exclusivamente o que est� na medida provis�ria, como a Justi�a tem determinado. O minist�rio est� dando o endere�o de refer�ncia, que serve para algum contato, alguma d�vida”, disse. A medida provis�ria que instituiu o Mais M�dicos define como “condi��o necess�ria e suficiente” para a emiss�o dos registros provis�rios a declara��o de que o intercambista participa do programa. O Decreto 8.840 prev� que os pedidos protocolados nos conselhos incluam outros documentos, como a habilita��o no exterior e o diploma estrangeiro. Os conselhos alegam que os outros dados solicitados s�o necess�rios para fiscalizarem o trabalho dos intercambistas.