
A sete meses da Copa, o despejo de dejetos e lixo em afluentes da Lagoa da Pampulha por parte de moradores e invasores de terras em Contagem, na Grande BH, ainda � entrave � despolui��o de um dos principais cart�es-postais de Belo Horizonte. Um dos problemas ocorre no lote que fica �s margens da Avenida Severino Ballesteros, no Bairro Jardim Laguna, onde est�o 3,9 mil fam�lias da ocupa��o William Rosa. Sem estrutura de �gua, esgoto e lixo, parte dos detritos produzidos pela comunidade vai direto para o C�rrego Sarandi, um dos principais tribut�rios da Pampulha. Outra situa��o que preocupa envolve cerca de 6 mil im�veis, quase todos em Contagem: h� rede coletora na rua, mas ainda n�o est�o ligados ao sistema da Copasa. H�, tamb�m, endere�os em Contagem nos quais as obras para coleta e intercepta��o do esgoto ainda n�o foram conclu�das.
A Copasa informou que at� o fim de dezembro conclui as nove obras restantes para captar 95% do esgoto de Contagem. Dessas nove interven��es, a principal delas � a canaliza��o do C�rrego Colorado, por onde vai passar a nova Avenida Dois. O problema � que no meio do caminho das obras necess�rias est�o moradores que vivem �s margens do curso d’�gua. Ali, dejetos s�o despejados de maneira irregular. A dona de casa Olinda Nunes de Oliveira, 32, mora em um im�vel que ter� que ser demolido. No andar de baixo moram a m�e e os irm�os. Ela vive na parte de cima, mas o esgoto produzido por todos cai no C�rrego Colorado. “J� veio advogado conversar com a gente, mas ainda n�o foi fechado nenhum acordo para sairmos daqui”, diz.
H� casos em que a obra est� conclu�da, mas os moradores continuam jogando o esgoto em cursos d’�gua. Na Avenida Nacional, o C�rrego Xangril�, no bairro de mesmo nome, divide duas fileiras de moradores. De um lado, a maioria tem a rede pr�pria de esgoto na porta de casa, mas n�o h� conex�o com a rede da rua. � o caso do im�vel da funcion�ria p�blica Maria das Gra�as Ferreira Matos, 59. “A obra est� pronta, mas ainda ligaram a minha casa na rede de fora”, afirma. No mesmo C�rrego Xangril�, s� que na Rua Bom Retiro, no Bairro Tijuco, esgoto tamb�m � jogado no c�rrego. Uma moradora de uma casa de alto padr�o disse que h� uma rede constru�da pela Copasa, mas n�o soube explicar porque seu esgoto continua sendo lan�ado no c�rrego. No local h� canos e manilhas expostos.
Na Avenida Severino Ballesteros, onde cerca de 3,9 mil fam�lias ocupam desde outubro um terreno federal �s margens do C�rrego Sarandi, h� problemas com esgotos e lixo. Moradores usam fossas comunit�rias, mas o lixo normalmente fica espalhado perto do c�rrego. Com as bocas de lobo tampadas, a preocupa��o � que as chuvas contribuam para carregar mais lixo e sujeira at� o Sarandi. “Sabemos que h� pessoas que jogam lixo e esgoto no c�rrego, mas n�o � nossa orienta��o. Temos as fossas e o lixo deve ficar acondicionado longe do c�rrego”, diz Eliete Alves Moreira, uma das representantes da ocupa��o.

Medidas
Dentro das a��es previstas para a despolui��o da Lagoa da Pampulha, a principal delas � a coleta e intercepta��o do esgoto gerado por cerca de 500 mil pessoas, metade em Belo Horizonte e metade em Contagem. Segundo o gestor da Meta 2014 da Copasa, Valter Vilela Cunha, os R$ 102 milh�es destinados para a capta��o do esgotos foram aplicados em 37 obras nas duas cidades – nove ainda precisam ser conclu�das em Contagem. “Para terminarmos a obra do Bairro Colorado, ocupantes de tr�s im�veis t�m de ser removidos. Os processos est�o na Justi�a de Contagem. As oito demais interven��es s�o relativas � instala��o de coletores e interceptores, de complexidade bem menor do que a canaliza��o do C�rrego Colorado”, afirma.
Ainda segundo o gestor, para resolver o problema dos 6 mil im�veis considerados “fact�veis” – aqueles que t�m a rede da Copasa na porta, mas ainda n�o fizeram a conex�o – a Copasa est� implementando na bacia o Projeto T�cnico de Trabalho Social (PTTS), para esclarecer e conscientizar a popula��o sobre a necessidade de interligar os im�veis � rede coletora de esgoto e, com isso, evitar o lan�amento em ruas e cursos d’�gua. “No caso de fam�lias de baixa renda, estamos fazendo as conex�es”, diz Vilela. Ele explica que esse tipo de liga��o � de responsabilidade da Copasa at� o muro das resid�ncias. Do muro para dentro quem deve fazer � o morador. Depois que todas as obras estiverem conclu�das, aqueles que n�o conectarem o esgoto ser�o notificados pela vigil�ncia sanit�ria de cada prefeitura.
Sobre a situa��o da ocupa��o William Rosa, Vilela acredita que o maior impacto no local pode ser causado pelo lixo. Se o material n�o for acondicionado e coletado de forma correta, pode se tornar um perigo para o Sarandi e sobrecarregar a Esta��o de Tratamento de �guas Fluviais (Etaf) Pampulha. O terreno � alvo de disputa com a Ceasaminas. H� decis�o judicial para reintegra��o de posse, mas moradores, governo do estado e Prefeitura de Contagem negociam a destina��o das fam�lias. Sobre a situa��o do lixo, a Prefeitura de Contagem n�o se manifestou.
ENQUANTO ISSO...
...DRAGAGEM EM ANDAMENTO
Al�m das interven��es da Copasa para despoluir a Lagoa da Pampulha, est�o previstas outras duas medidas de responsabilidade da Prefeitura de Belo Horizonte. Segundo a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura, o servi�o de desassoreamento, que consiste na dragagem, desidrata��o, transporte e destina��o final de sedimentos, come�ou em outubro e ter� dura��o de 8 meses, ao custo de R$ 109 milh�es. A expectativa � que sejam retirados 800 mil metros c�bicos de material s�lido do fundo da lagoa, 8% do volume total. J� o procedimento de recupera��o do espelho d’�gua ainda est� na fase de licita��o. A previs�o de dura��o das obras � de 10 meses.