A grande movimenta��o de pessoas nos polos regionalizados de Belo Horizonte provocou uma onda de invas�o de camel�s nesses corredores. Proibidos de trabalhar nas ruas desde 2003, quando o C�digo de Posturas entrou em vigor, muitos ambulantes migraram para os bairros e encontraram nas vias de concentra��o de lojas terreno f�rtil para a venda de seus produtos, a maior parte contrabandeada. Al�m de atrapalhar vendas, o com�rcio pirata incomoda clientes e lojistas pelo polui��o visual, sonora e pela ocupa��o irregular dos passeios.
“Todo dia � a mesma sujeira e confus�o. Eles gritam tanto que termino o dia com a cabe�a cansada”, conta Janete da Silva, de 41 anos, vendedora de uma loja de sapatos na Rua Padre Pedro Pinto, na Regi�o de Venda Nova. Por l�, s�o muitas as lojas de roupas, eletroeletr�nicos, lanchonetes, cl�nicas, consult�rios e bancos. No meio da multid�o que diariamente visita os estabelecimentos da avenida, eles n�o se intimidam. “Todo dia, tenho que sair da loja para varrer a porta porque eles espalham muito lixo”, diz Janete.
O ambulante Lucas Vin�cius do Esp�rito Santo, de 24, assume que est� trabalhando de forma clandestina, mas diz que escolheu o lugar justamente por causa do maior movimento. “Preciso trabalhar e aqui consigo vender mais”, diz. Presidente da Associa��o de Moradores de Venda Nova, Alair Pacheco critica a presen�a dos ambulantes na via e diz que, al�m de atrapalhar a passagem nas cal�adas, a atua��o deles pode contribuir para o aumento da criminalidade na via, que j� sofre com altas taxas de furtos e roubos. “Mais de 90% dos comerciantes j� tiveram suas lojas assaltadas”, diz.
No Barreiro, comerciantes, moradores e clientes do com�rcio local tamb�m enfrentam o desafio de conviver com os camel�s. Representante da Associa��o das Empresas do Distrito Industrial do Bairro Jatob�, Beatriz Buonincoutro explica que os ambulantes j� foram retirados das vias p�blicas na regi�o e levados para um shopping, mas aos poucos foram voltando para as vias p�blicas. “Quem ficou no camel�dromo paga aluguel para ter seu box. Mas h� os ambulantes, que foram invadindo as ruas, agindo de forma irregular. Sem a fiscaliza��o suficiente da prefeitura se tornou uma situa��o muito problem�tica, porque atrapalha o com�rcio legal, suja a cidade e tumultua as pessoas na rua”, resume Beatriz.
Os panos estendidos nas cal�adas tamb�m incomodam a designer Dalila Lima de Freitas, de 24, que mora no limite do Barreiro com Contagem, na regi�o metropolitana. “Gosto muito de fazer compras na Visconde de Ibituruna, porque a diversidade de lojas aqui � muito grande e ir ao Centro de Belo Horizonte ficou muito dif�cil. Mas vejo que o lugar tem muitos problemas”, afirma a jovem. Na lista que inclui falta de policiamento e tumulto, ela destaca tamb�m a presen�a dos camel�s. “”Acho injusto porque todos os comerciantes est�o pagando impostos e eles est�o irregulares”, ressalta.
Esfor�o concentrado
De acordo com a Administra��o Regional Barreiro, equipes de fiscais integrados atuam para coibir o com�rcio irregular em vias p�blicas e os esfor�os t�m se concentrado, sobretudo, na �rea de maior movimenta��o comercial, compreendida entre as avenidas Afonso Vaz de Melo e Sinfr�nio Brochado, com destaque para a Avenida Visconde de Ibituruna.
A Regional Noroeste informa que a fiscaliza��o integrada para coibir o com�rcio ilegal � feita na regi�o da Ab�lio Machado durante todo o ano e que apreens�es s�o realizadas diariamente, envolvendo todo tipo de material, com destaque para o com�rcio irregular de CDs piratas. Al�m disso, garante o �rg�o, vistorias sistem�ticas t�m sido feitas junto ao com�rcio formal para coibir o funcionamento de estabelecimentos sem alvar� de localiza��o e funcionamento. A Regional Venda Nova n�o se pronunciou sobre o assunto.
N�meros
R$596,23 � o valor m�nimo da multa em caso de flagrante de venda de produtos em vias p�blicas. O valor � dobrado em caso de reincid�ncia
80 apreens�es de mercadorias comercializadas irregularmente foram feitas em 2013 no Barreiro