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Estado de Minas

Falhas na acessibilidade no BRT compromentem atendimento a cadeirantes

Poucas rampas e espa�o restrito nos �nibus est�o entre os problemas. Passageiros contribuem com o desrespeito


postado em 11/03/2014 06:00 / atualizado em 11/03/2014 07:12

A dona de casa Maria José Ribeiro teve muitas dificuldades para conduzir o filho Vítor, de 2 anos(foto: Fotos: Marcos Michelin/EM/D.A Press)
A dona de casa Maria Jos� Ribeiro teve muitas dificuldades para conduzir o filho V�tor, de 2 anos (foto: Fotos: Marcos Michelin/EM/D.A Press)

S�o pelo menos sete anos de uma rotina que exige uma for�a f�sica e outra interna, ambas descomunais. Subir e descer cadeiras de rodas por degraus de �nibus quase sempre sem elevador s� se torna tarefa menos �rdua por causa do amor da m�e pelos dois filhos cadeirantes. Duas vezes por semana, a dona de casa Maria Jos� Almeida Santos Ribeiro, de 29 anos, encara o trajeto de ida e volta entre os bairros Nova Pampulha, na regi�o da Pampulha, e Mangabeiras, Centro-Sul, com os dois meninos em cadeiras de rodas: V�tor, de 2 anos, e Caio, de 7. Nos outros dias, ela leva um ou outro para o tratamento na Associa��o Mineira de Reabilita��o. E, junto, vai ainda o beb� de 2 meses. Tudo de �nibus, quatro condu��es.

A implanta��o do Move veio como esperan�a de, a partir de maio, usar o corredor da Avenida Ant�nio Carlos, chegar mais r�pido e, em pelo menos uma parte do percurso, se livrar do inc�modo de ve�culos sem elevador. Ontem, Maria Jos� e V�tor experimentaram a novidade. Aprovaram. Mas constataram a necessidade de muitas melhorias de acessibilidade. O ponto de partida e de problemas come�ou na Avenida Santos Dumont. Chegando pela Rua Rio de Janeiro, � preciso andar mais um quarteir�o at� a entrada pela Rua S�o Paulo, onde h� rampa – o outro acesso � feito por escadas. “Se eu precisasse pegar este �nibus, perderia”, constata Maria Jos�, ao passar pelo primeiro articulado.

No momento do embarque em dire��o � Esta��o S�o Gabriel, uma prova da falta de educa��o de passageiros. Embora estivesse em frente � porta para embarque e desembarque de cadeirantes e com uma crian�a, ningu�m lhe deu prefer�ncia. Existe uma �nica entrada destinada aos deficientes, com passagem exatamente no n�vel da plataforma. Dentro do �nibus, outra constata��o: “Num �nibus desse tamanho, h� espa�o para apenas um cadeirante. N�o sei como farei quando estiver com meus dois filhos. Vou poder embarcar? Al�m disso, n�o cabe a cadeira motorizada, s� a simples. Enquanto isso, nos fundos, h� dois bancos que se elevam para dar lugar a duas bicicletas”.

Andou mais de um quarteirão para chegar à rampa, teve espaço reduzido nos ônibus e outros problemas de acesso
Andou mais de um quarteir�o para chegar � rampa, teve espa�o reduzido nos �nibus e outros problemas de acesso

Na sa�da, na esta��o Feira dos Produtores, no Bairro Cidade Nova, o motorista n�o encostou direito, e restou a Maria Jos� fazer for�a com o p� para levantar a cadeira e passar por cima do v�o de cerca de 15 cent�metros formado entre o ve�culo e a plataforma. A dona de casa gostou do conforto e do ar-condicionado, mas pediu mais aten��o: “Ou tem acessibilidade ou n�o tem. N�o pode ser incompleta”.

Os problemas para deficientes entraram na pauta de reuni�o sobre transporte p�blico ontem na C�mara Municipal. Uma das demandas � por sinais sonoros para cegos. “Tem o piso podot�til, mas como eles saber�o se as portas est�o abertas ou fechadas? Para surdos e mudos, tamb�m n�o h� ningu�m que saiba a l�ngua de sinais para orientar”, afirma Maria Jos�.

A BHTrans n�o informou se haver� limita��es para a quantidade de cadeirantes nos �nibus. Para Maria Jos�, Caio e V�tor, resta o sonho de um dia entrar num coletivo sem dor de cabe�a. Em que motoristas n�o mais fingir�o n�o v�-los no ponto de �nibus ou arrancar�o o ve�culo depois de os demais passageiros entrarem, deixando-os para tr�s. Em que ela n�o mais precisar� entrar para pedir algu�m disposto a ajud�-la a subir com a cadeira quando o cobrador se recusa nem ter o filho arrastado pelo �nibus depois de a cadeira ficar presa na porta. “S�o muitas m�es nessa luta”, lembra.



Passageiros ficam ansiosos

A primeira vez ningu�m esquece – mesmo que se for em uma segunda-feira, bem cedinho, no Centro de BH, e no transporte coletivo. A manh� dessa segunda-feira foi de novidade – com momentos de ansiedade – para muitos trabalhadores que fizeram a sua estreia no BRT/Move. No hor�rio de pico, entre as 6h e as 8h, o clima era de tranquilidade nas esta��es das avenidas Santos Dumont e Paran�, embora ainda imperando a falta de informa��o e a relut�ncia na hora de entrar no sistema que contempla o corredor da Avenida Cristiano Machado.

“Confesso que estava um pouco ansioso antes de entrar nesse �nibus articulado. Ali�s, � a primeira vez na vida que ando num BRT”, disse, com bom humor, o funcion�rio p�blico Elio Osmar Marcondes Reis, morador do Bairro Cidade Nova, na Regi�o Nordeste. Acostumado a gastar cerca de uma hora, de casa at� o trabalho, na �rea central da cidade, ele estava feliz por ter gasto menos de 15 minutos no trajeto. “De agora em diante, vida nova”, afirmou Elio, que considerou o sistema de transporte coletivo “pr�tico e �gil”, bem diferente da linha 3503, ao qual est� acostumado diariamente.

Para evitar surpresas desagrad�veis, Elio procurou chegar mais cedo � esta��o, mas nem esperou cinco minutos e o �nibus chegou. “Paguei com o cart�o BHBus. Achei o coletivo confort�vel, com ar-condicionado, e a �nica ressalva que fa�o � que o ch�o estava meio sujo”, disse o funcion�rio p�blico. Durante a viagem, ele ficou impressionado ao ver o tr�nsito engarrafado na Avenida Cristiano Machado. “Tudo parado”, comentou, certo de que valeu a pena vencer a ansiedade e deixar de lado o estresse no tr�nsito.


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