
Patr�cia est� detida desde o in�cio do ano passado, quando descobriu que havia um mandado de pris�o contra ela por envolvimento em um assassinato em 2003. Ent�o gr�vida de quatro meses, foi direto para o centro de refer�ncia. “Quando ela sair, vamos nos casar”, planeja Israel, esperan�oso. Ela segue para o regime semiaberto em um ano.
� uma contagem regressiva para o casal. “Quero trabalhar, ter minha vida ao lado dele. Vejo que sou quase a �nica a receber visita do marido aqui. � um conforto, n�?”, comenta Patr�cia, tamb�m m�e de um menino, de 17 anos, que vive com o ex-marido. Quando soube da condena��o da mulher, Israel, muito sereno, s� disse que estaria ao lado dela, sempre. “Sinto muito falta dela”, disse ele, por telefone depois de um dia de trabalho. “Encontramos for�as juntos; tudo isso vai passar”, disse ela, agarrada a Rebeca, enquanto enxugava as l�grimas.

QUANDO O AMOR QUEBRA AS GRADES
Uma jovem bonita e simp�tica, que ainda conta com tranquilidade, sem muito pesar, como chegou ao Pres�dio Feminino Jos� Abranches Gon�alves. Sara Maria Souza Pereira, de 21 anos, guardava drogas, fazia a entrega e ajudava a recolher o dinheiro, em troca de cerca de R$ 1.500 por semana. Era de manh�, sempre �s 8h. Foi nesse hor�rio que foi alvo de uma opera��o no Bairro C�u Azul, na Regi�o da Pampulha, em BH. J� estava sendo monitorada. Correu junto a outras seis pessoas, mas n�o mais que os policiais. Todas foram presas.
Sara ainda n�o foi condenada. Em fevereiro, participou da segunda audi�ncia. No f�rum, foi a �ltima vez que viu a filha, de 5 anos. A pequena � portadora de uma doen�a cong�nita, que a obriga a conviver com uma traqueostomia (abertura cir�rgica na tranqueia). Mesmo com uma vida t�o turbulenta, Sara ficou noiva h� seis meses, assim que chegou ao pres�dio. L� fora est� um rapaz de 27 anos, que gritou “eu te amo”, repetidamente, na porta do Ceresp Centro-Sul quando ela foi detida.
Ela n�o queria saber de visitas. Ele insistiu. Ela acabou cedendo. � um dos poucos homens que est�o l� todos os dias de visitas, s�bado ou domingo, quando larga seu restaurante, no Bairro Santa M�nica, na Pampulha, e segue para a Jos� Abranches. “Ele sempre reclamou que eu fazia hora, mas resolvi dar uma chance. Ele est� sempre comigo, sempre quer me ajudar. J� o coloquei em cada roubada… Uma vez, liguei pra ele de madrugada, pedindo para ir me buscar em um lugar. Eu estava com uma mala cheia de drogas e armas. Ele ficou tenso, mas me ajudou. � dif�cil achar algu�m assim”, ela considera.
Nas sacolas, o pequeno empres�rio leva salpic�o, macarr�o e n�o deixa faltar o doce de leite, que ela tanto gosta. “Ele diz que de segunda a quarta-feira fica p�ssimo de saudades, de quinta a s�bado fica ansioso. N�o tem envolvimento nenhum com coisa errada e se preocupa muito comigo. Quando vem, pede para eu dividir tudo com as colegas, n�o ser ego�sta, lavar as m�os antes de comer, escovar bem os dentes. � um carinho, n�o � qualquer um que ia fazer isso por mim. Ele tem esperan�a de que eu v� ficar aqui pouco tempo e que possamos nos casar.”
A filha de Sara fica com a av� e demanda muitos cuidados. Para a menina, a m�e diz que est� “de castigo, porque fez uma coisa errada”. Mas ouve como resposta que o castigo est� demorando demais a acabar. “Depois que meu pai morreu, a situa��o em casa ficou dif�cil e eu precisava de dinheiro para cuidar da minha filha. Trabalhava no sal�o, fazia unha, cabelo, tudo, mas n�o tinha o que precisava para ela. Entrei nessa vida do tr�fico e todo o dinheiro eu gastava com ela. Agora, estou pagando.”