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Estado de Minas

Presas � fam�lia e ao passado deixado fora da cela, detentas s�o cada vez mais numerosas nas cadeias

S�rie do Estado de Minas mostra a realidade de mulheres por tr�s das grades


postado em 16/03/2014 06:00 / atualizado em 16/03/2014 07:20

Detenta em unidade da Grande BH: desintegração familiar é uma parte pouco conhecida das penas(foto: Beto Novaes/EM/D.A PRESS)
Detenta em unidade da Grande BH: desintegra��o familiar � uma parte pouco conhecida das penas (foto: Beto Novaes/EM/D.A PRESS)

Elas n�o acordam cedo para pegar o �nibus nem d�o um beijo nos filhos ou no marido antes de seguir para o trabalho. N�o telefonam para a escola nem v�o �s reuni�es de pais de alunos. Um muro alto, port�es pesados e uma senten�a as separam do cotidiano de mulheres comuns. Amores bandidos, a ilus�o de dinheiro f�cil ou a presen�a no lugar e hora errados as separaram de suas fam�lias. E elas s�o cada vez mais numerosas, presas ao passado recente que as levou � penitenci�ria. Em Minas, s�o quase 3 mil, 20% a mais que h� cinco anos. Todas presas ao que ficou do lado de fora.


Para retratar o cotidiano delas por tr�s das grades, visitas a tr�s endere�os: Centro de Refer�ncia � Gestante Privada de Liberdade, em Vespasiano, Pres�dio Feminino Jos� Abranches Gon�alves, em Ribeir�o das Neves, ambos na Grande BH, al�m do Pres�dio Alvorada, em Montes Claros, Norte de Minas. Deles emergem hist�rias que o Estado de Minas retrata a partir de hoje, em uma s�rie de reportagens sobre o cotidiano feminino nas cadeias. L� est�o m�es que se envolveram em crimes e tiveram que deixar seus filhos com parentes e mulheres que foram levadas pela pol�cia no momento em que tamb�m perdiam seus maridos. Todas com um sentimento em comum: a fam�lia se dissolveu no instante em que entravam na viatura, sem direito a despedida. Nas pris�es de Minas, s�o 2.965 que dividem esse perfil.

Entre elas est�o Patr�cia e Sara, que mesmo detidas mant�m la�os com os maridos, uma raridade entre as colegas. Bem mais comum � a situa��o de Fernanda e Juliana, abandonadas na pris�o. Com ou sem apoio externo, todas acalentam o mesmo sonho de Sirlene e Maria de F�tima, que acordam todos os dias esperando a not�cia da liberdade, que est� pr�xima. Uma espera que se torna ainda mais angustiante para detentas como Gleicilene, C�ntia e Denismara, que convivem com a saudade sufocante dos filhos.

As hist�rias, com discretas mudan�as de enredo, parecem se repetir com frequ�ncia inquietante entre a popula��o carcer�ria feminina. A maior parte delas, 1.728, ainda nem foi julgada. Apesar de numerosas, s�o minoria em rela��o aos homens: 5,51% de um total de 51.785 presos nas 142 unidades do estado, segundo a Subsecretaria de Administra��o Prisional (Suapi). Os dados da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) mostram que a maior parte, 43,94%, est� presa por tr�fico de drogas. O crime de roubo vem na sequ�ncia: 12,93%, seguido de furto (10,79%) e homic�dio (6,69%).

Entidades como a Pastoral Carcer�ria defendem que a mulher, quando condenada, cumpra penas alternativas em liberdade, para que mantenha la�os com a fam�lia. “A maior parte dessas mulheres est� presa por crimes ligados a entorpecentes. A pris�o � o momento em que elas sofrem o abandono do companheiro. Muitas vezes, s� recebem visita da m�e. Notamos que o perfil � de mulheres que t�m mais de dois filhos menores, baixa escolaridade e cometeram crimes de menor gravidade”, detalha Maria de Lourdes de Oliveira, coordenadora da pastoral. Quase metade delas tem entre 18 e 29 anos, cor parda e ensino fundamental completo. Apenas 0,72% tem superior completo.

Recentemente, a Secretaria de Pol�ticas para as Mulheres da Presid�ncia da Rep�blica publicou diretrizes negociadas com os estados para melhorar o atendimento �s detentas no pa�s. O resultado, segundo a secret�ria-adjunta de Enfrentamento � Viol�ncia contra as Mulheres, Ros�ngela Rigo, deve aparecer a longo prazo, mas � uma forma de orientar os governos estaduais sobre o que � preciso fazer. “Ainda precisamos garantir atendimento adequado, como humaniza��o e assist�ncia jur�dica, e tamb�m melhorar as ofertas de oportunidades na sa�da, para que elas sejam reinseridas na sociedade em melhores condi��es”, afirmou.

Enquanto o resultado das pol�ticas p�blicas ainda � uma perspectiva, elas pagam por seus crimes com sofrimentos e particularidades que n�o aparecem nas senten�as que as condenaram. Nem nas estat�sticas. Nas pr�ximas p�ginas, do depoimento de cada uma emerge essa experi�ncia, contada por elas mesmas, sem filtros. Sem advogados, diretores, agentes penitenci�rios por perto. S� elas e seus olhares, suas penas, culpas, medos, ang�stias e solid�o.

A MULHER E O C�RCERE

Dados da Secretaria de Estado de Defesa Social mostram que o n�mero de presas em Minas cresceu quase 20% em cinco anos


Evolu��o

2010
2.472 detentas

2011
2.511 detentas

2012
2.501 detentas
 
2013
2.860 detentas
 
2014
2.965 detentas



Os crimes delas *


Tr�fico de entorpecentes........ 43,94%

Roubo................................... 12,93%

Furto..................................... 10,79%

Homic�dio..............................  6,69%


As idades *

18 a 24 anos.........................14,16%

25 a 29 anos........................ 22,58%

30 a 34 anos........................ 20,68%

35 a 45 anos......................... 27,78%

46 a 60 anos......................... 13,41%

Mais de 60 anos....................  1,32%

* Dados de 2014

Fonte: Suapi/Seds


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