
Olhares perplexos, m�o na boca em sinal de espanto e o amargo sabor da derrota descendo pela garganta. A vit�ria da Alemanha sobre o Brasil deixou at�nitos os passageiros em tr�nsito ou que embarcaram, na noite de ontem, no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte.
“Foi uma decep��o, uma vergonha nacional”, lamentou o ga�cho Gilmar Sossella, que estava no Mineir�o desde o in�cio da partida e decidiu sair quando o placar j� estava 5 a 0 para o pa�s europeu. “Inacredit�vel”, acrescentou a mulher Melania. Gilmar disse que sabia muito bem que a partida seria dif�cil, mas que n�o chegaria a esse ponto. Na opini�o dele, ser� necess�rio uma reformula��o na Sele��o Brasileira “come�ando por cima”. Ele explicou que a Alemanha fez essa reforma na d�cada passada e criou uma nova gera��o de jogadores de futebol. “Deu t�o certo que o resultado est� a�”, disse Gilmar.
Para o advogado norte-americano Robert Willoughby, que seguia com a mulher Helis�ngela para S�o Francisco, na Calif�rnia, o resultado do jogo foi decorrente da desestabiliza��o do time brasileiro. Mineiro de Montes Claros, Marcos Damasceno Freire estava no voo procedente de Fortaleza quando o piloto falou do resultado de 7 a 1. “N�o acreditei. Agora vou viajar para a minha cidade muito chateado.”
Com a camisa da Alemanha, os empres�rios Gunter Kuhstein, de 54, e Andreas Tragner, de 30, estavam felizes e surpresos com a goleada. “Achei que o placar fosse de no m�ximo 2 a 0 para a Alemanha; 7 a 1 eu nunca imaginei”, disse Gunter, que seguiu para Salvador (BA) e estar� na final no Maracan�, no domingo.
MOVIMENTO De manh� e in�cio da tarde, os aeroportos da Pampulha e de Confins foram de chegadas, partidas e muito movimento. Eram torcedores querendo chegar a Belo Horizonte para torcer. Desembarcavam e seguiam direto para o Mineir�o. Na Pampulha, bem perto do est�dio, avi�es particulares de empres�rios, artistas e autoridades disputaram espa�o para pousar. Nos corredores, passageiros e funcion�rios contaram ter visto at� o presidente do pa�s africano Gab�o desembarcando. Segundo a Infraero, houve um aumento de 60% de voos executivos ontem. As empresas tiveram que recusar atendimentos de �ltima hora.
“O Aeroporto da Pampulha j� foi um dos 10 maiores do Brasil em movimenta��o de voos executivos”, comentou o supervisor da Infraero, Nerivaldo Gomes. O �rg�o n�o informou a quantidade exata de aeronaves particulares recebidas, a maioria de origem estrangeira, mas estima-se que tenham sido mais de 100. Thiago Nacif Kasbergen � gerente de uma das empresas e disse que nunca viu tantas aeronaves particulares no aeroporto. Foram 27 de v�rias partes do Brasil ontem, incluindo seis helic�pteros. Em dias normais, o n�mero n�o passa de 15. Chamou a aten��o a vinda de dois avi�es da Inglaterra, uma delas o jato Falcon 7X, um dos maiores modelos de avia��o executiva. Diante de tantos pedidos, alguns recusados, Thiago direcionou dois voos para o Aeroporto Carlos Prates.
Outra empresa teve que dispensar atendimento a 17 aeronaves. O hangar atingiu a capacidade m�xima com voos programados desde anteontem, assim como ocorreu nos outros dias de jogos do Brasil em Belo Horizonte. No total, foram 33 pousos. “Isso � o que faturo em todo o m�s”, comemorou o coordenador de opera��es Guilherme Rodrigues Abrantes. Os avi�es sa�ram lotados principalmente de S�o Paulo, Rio de Janeiro, interior de Minas e Nordeste, e 70% deles retornaram ontem mesmo.
Em Confins, al�m dos voos internacionais, avi�es chegavam do Rio de Janeiro, Guarulhos, Goi�nia, Rio de Janeiro e Curitiba, entre outras origens, trazendo, em sua maioria, torcedores do Brasil. � o caso dos engenheiros L�via Fuentes, de 29 anos, e Leonardo Furtado, de 31, que se tornaram verdadeiros n�mades para acompanhar todos os jogos do Brasil na Copa. O casal de S�o Paulo j� foi a Bras�lia, Fortaleza, Recife, Porto Alegre e Salvador. “N�s somos p�s quentes, vamos trazer a Copa”, brincava Leonardo antes do jogo.