Guilherme Paranaiba e Gustavo Werneck

Os 7 a 1 aplicados pela Alemanha no Brasil permitiriam que qualquer torcedor germ�nico assumisse um ar de superioridade e provoca��o. Por�m, nas ruas de Belo Horizonte o que se viu ontem foi o oposto. Apesar de toda a felicidade pela goleada, os alem�es n�o se preocuparam em provocar, mas sim em elogiar a hospitalidade dos moradores de BH.
Era dif�cil acreditar, mas tr�s alem�es carregavam uma bandeira do Brasil, na tarde de ontem, num bar da Savassi. Os amigos Peter Biermann, Walter Mross e Dieter Goebbels se diziam felizes “sete vezes” pela vit�ria contra o Brasil e muito satisfeitos pela hospitalidade que encontraram em Belo Horizonte. Para relaxar do jogo t�o emocionante, o trio decidiu ficar mais um dia na capital. Em outra mesa, o professor de alem�o Ingo Umstaetter e Dietmar Umstaetter conversavam com brasileiros e procuravam desesperadamente por dois ingressos para a final no Maracan�, domingo, no Rio de Janeiro.
Criativos, Ingo e Dietmar resolveram pregar com alfinetes nas costas de cada um cartazes sobre a procura de ingressos. “Est�o muito caros”, disse Ingo, que mora h� dois anos em S�o Paulo. “Decidimos ficar mais um dia em Belo Horizonte para descansar e passear na Savassi. Os belo-horizontinos se mostraram muito legais, depois do jogo teve gente que at� nos cumprimentou no Mineir�o. Isso foi fant�stico, dif�cil encontrar uma cidade em que a gente possa celebrar a vit�ria com tranquilidade”, disse Ingo.
Ao passear pela Pra�a da Liberdade, o alem�o Hubert Shumacher, de 60 anos, n�o conseguia conter a felicidade. “Foi fant�stico, inesquec�vel. O melhor jogo da Alemanha nos �ltimos 10 anos”, disse, orgulhoso de ter ido ao Mineir�o. Enquanto conversava com a reportagem, Hubert era observado de perto por um grupo de crian�as da Escola Municipal Jos� Ouv�dio Guerra, em Contagem, na Grande BH, e foi aplaudido pelos alunos. Com o ingresso da final da Copa nas m�os, ele se despediu de BH e conta com a torcida dos brasileiros para levar o caneco. “Espero que eles estejam do nosso lado, pois � um povo muito amig�vel”, completa.
Sorriso no rosto
Sem dar muitos ind�cios de ser turista, o alem�o Till Hufnagel, de 39, se escondia atr�s dos �culos escuros e um fone de ouvido. Ao ouvir a pergunta se era germ�nico, abriu um largo sorriso. “Meu av� esteve na final da Copa de 1954, na Su��a, quando a Alemanha ganhou seu primeiro t�tulo. Agora, tamb�m vou passar pela mesma experi�ncia”, disse. Sobre a decep��o da torcida brasileira no Mineir�o, ele conta que j� viveu um drama parecido, por�m, sem tamanha diferen�a no placar. “Em 2006, quando jog�vamos a Copa em casa, eu estava no est�dio e vi a derrota para a It�lia. Ontem (ter�a-feira) foi t�o r�pido que acho que as pessoas acabaram aceitando o resultado”, diz ele.
Como ele chegou a BH no dia da semifinal, n�o foi poss�vel conhecer bem a capital mineira “Tive a oportunidade de caminhar por cerca de uma hora e me pareceu ter as mesmas caracter�sticas das grandes cidades. Antes de ir ao Rio de Janeiro ainda vou passar por Ouro Preto”, completa. O rep�rter esportivo Henning Feindt, de 32, que veio ao Brasil cobrir a Copa do Mundo para o jornal alem�o Bild, destacou a atitude da torcida brasileira durante o jogo. “O melhor momento foi o s�timo gol, quando os brasileiros aplaudiram a Alemanha. N�o esper�vamos um placar como esse.” Henning foi o �nico que arriscou uma brincadeira. Com as m�os, reproduziu o n�mero sete em frente ao Edif�cio Niemeyer, na Pra�a da Liberdade. “Ouvi falar desse pr�dio e quis muito conferir de perto. Achei o estilo da constru��o muito bacana.”
Enquanto isso...
… Torre de Babel continua
Mesmo sem jogos no Mineir�o, Belo Horizonte ainda mant�m ares de torre de Babel, com gringos circulando pela Savassi, Regi�o Centro-Sul da capital, pontos tur�sticos e shoppings. Na tarde de ontem, europeus e latino-americanos bebiam nos bares, percorriam lojas, visitavam parques ou simplesmente admiravam as paisagens. O holand�s Hans van der Hoop levou a m�e, Toos, e a sobrinha Josje, fot�grafa, para fazer uma caminhada. “Sou frequentador da Savassi e gosto muito de vir aqui. Vou levar minha m�e e Josje para visitar Ouro Preto”, disse. Em outra mesa, o casal de finlandeses Toni Tuira, de 34, e Marjut Kukkonen, de 35, aproveitavam a tarde. “Fiquei triste com a derrota do Brasil e n�o vou torcer para ningu�m na final”, disse. O Parque das Mangabeiras tamb�m foi procurado por estrangeiros ontem. O local foi a �nica parada fora do Mineir�o do trio de su��os Walter Wirth, de 55, Raymond Treiel, de 62, e Silvio von B�rer, de 60, que esteve no est�dio para a semifinal. “Acho que a Sele��o n�o estava em um bom dia. De qualquer forma, gostei muito do clima ameno da cidade para o inverno e tamb�m da limpeza das ruas”, disse. Ainda no parque, os amigos Nicholas Weiand, de 21, que veio da Austr�lia, e a canadense Monika Tesiorowski, de 20, elogiaram. “Gostamos muito de ver os protestos contra aqueles que vaiavam o time mostrando que o Brasil tem que ser apoiado”, disse Nicholas.