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Estado de Minas

UFMG baixa resolu��o que pro�be expressamente qualquer tipo de trote

Universidade vai punir, inclusive com suspens�o e expuls�o, as brincadeiras que impliquem agress�o ou preconceito entre estudantes


postado em 05/08/2014 06:00 / atualizado em 05/08/2014 07:04

Totens e outdoors no câmpus alertam para a proibição. Quem se sentir coagido poderá denunciar(foto: FOTOS: BETO MAGALHÃES/EM/D.A PRESS)
Totens e outdoors no c�mpus alertam para a proibi��o. Quem se sentir coagido poder� denunciar (foto: FOTOS: BETO MAGALH�ES/EM/D.A PRESS)
Linha dura contra o trote estudantil na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Pela primeira vez na hist�ria da institui��o, est� formalmente proibida a brincadeira de mau gosto feita por veteranos com os calouros. O semestre letivo come�ou ontem com uma resolu��o que veta expressamente qualquer forma de trote. O documento foi aprovado por unanimidade pelo conselho universit�rio como s�mbolo de um pacto pela inclus�o. Quem desrespeitar as regras est� sujeito a advert�ncia, suspens�o e expuls�o. No c�mpus, o primeiro dia de aula foi tranquilo. Alguns alunos tiveram apenas o rosto pintado, o que � permitido, segundo a reitoria.

A Resolu��o 06/2014 considera trote atividades que envolvam ou incitem agress�es f�sicas, psicol�gicas ou morais, resultem em coa��o f�sica ou psicol�gica, em humilha��o, danos ao patrim�nio p�blico ou privado. S�o conden�veis tamb�m a��es que evidenciem opress�o, preconceito ou discrimina��o, obriguem alunos a usar roupas, acess�rios ou a cobrir o corpo com qualquer tipo de subst�ncia, a ingerir bebida alc�olica e demonstrem qualquer intoler�ncia pol�tica, ideol�gica ou religiosa.

A proibi��o serve para alunos que aplicarem ou participarem do trote e para estudantes e servidores que instigarem a pr�tica de quaisquer desses atos. “A nossa pr�pria Constitui��o prev� que, para vivermos em sociedade, precisamos ter respeito m�tuo com os cidad�os. N�o podemos, ent�o, permitir que algu�m seja submetido a obriga��o que o deixe em situa��o de humilha��o e desvantagem qualquer que seja”, afirma o reitor da UFMG, Jaime Arturo Ram�rez.

A medida era um dos compromissos do novo reitorado, que tomou posse em mar�o. Em entrevista ao Estado de Minas em dezembro do ano passado, Ram�rez adiantou que teria toler�ncia zero a trotes e que uma das puni��es seria a expuls�o de veteranos. Algumas tradi��es, como pintar o rosto dos colegas, s�o permitidas, desde que o aluno aceite. Mas, segundo o reitor, em determinados casos, mesmo com consentimento do estudante, haver� puni��o. “Temos ritos na universidade, mas eles n�o precisam ser traum�ticos. Se a pessoa concordar, mas o ato n�o for aceit�vel na nossa sociedade, tamb�m n�o o ser� na universidade. Algumas quest�es s�o intoler�veis.”

Ele se referia ao epis�dio ocorrido ano passado, no pr�dio da Faculdade de Direito, no Centro de BH. Fotos postadas no Facebook mostraram o tom da recep��o aos calouros. Numa delas, havia um aluno amarrado da cabe�a aos p�s com fita zebrada numa pilastra e, ao lado dele, tr�s alunos. Um deles estava caracterizado como Adolph Hitler e fazendo sauda��o nazista. A outra era de uma estudante com o corpo pintado de preto e corrente amarrada �s m�os, puxada por um veterano, e uma placa com os dizeres “Caloura Xica da Silva”, em refer�ncia � escrava mais famosa de Minas Gerais. Foi aberto processo disciplinar que, de acordo com o reitor, est� em fase final de apura��o. Segundo ele, o resultado ser� conhecido ainda este m�s.

Calouros Hugo Caiuá, Mateus Teles e José de Alencar tiveram rostos e braços pintados, mas acharam tranquilo o primeiro dia no câmpus
Calouros Hugo Caiu�, Mateus Teles e Jos� de Alencar tiveram rostos e bra�os pintados, mas acharam tranquilo o primeiro dia no c�mpus

A vice-reitora, Sandra Goulart Almeida ressalta que o objetivo da resolu��o n�o � a puni��o, mas abrir um processo para a comunidade acad�mica saber formalmente que a pr�tica n�o � aceit�vel. “Essa campanha faz parte de um grupo de a��es educativas de respeito aos direitos humanos”, diz. Ela relata ainda que at� mesmo a palavra “trote” tem sido substitu�da para criar outra cultura no c�mpus. “� importante mostramos essa hospitalidade da UFMG.” Pelo c�mpus, outdoors e totens fazem propaganda contra o trote. Quem for v�tima, se sentir coagido ou presenciar alguma cena pode fazer a den�ncia na pr�pria unidade de ensino ou diretamente � ouvidoria.

Intera��o

Entre os alunos, o clima � de festa. Os calouros Sabrina Ribeiro, de 17 anos, Raphael Silva Chalub, de 18, Oct�vio Henrique C�ndido Salerno, de 19, e Thiago Cabral, da engenharia de controle e automa��o, aceitaram sem problemas ter as iniciais do curso estampadas na testa. “Na matr�cula, nos entregaram um estatuto falando da proibi��o do trote. Mas o que vemos aqui hoje (ontem) � uma intera��o entre quem j� estuda e os novatos”, afirmou Thiago. Sabrina contou que teve medo da rea��o dos veteranos: “Se voc� n�o quer, n�o fazem nada. Est�o sendo muito respeitosos e interagindo conosco”.

Aluno do 4º per�odo, Arthur Costa da Cunha Peixoto conta que na engenharia � praxe os veteranos fazerem uma esp�cie de carta para o calouro que aceitar a brincadeira assinar os termos de concord�ncia. “Fazemos isso para n�o haver problema nem d�vida de que tudo foi correto”, afirmou.

Os calouros, Hugo Caiu�, de 17, Mateus Teles, de 18, e Jos� de Alencar Silva, de 24, da engenharia aeroespacial, tamb�m consideraram tranquilo o primeiro dia no c�mpus. Os tr�s ficaram coloridos depois de terem cabe�a e bra�os pintados. “� uma tradi��o e todos est�o levando na brincadeira. N�o houve qualquer forma de viol�ncia ou brutalidade”, afirmou Hugo. “S� participa quem quer. � uma identidade. Sa�mos na rua assim e todos sabem que passamos na universidade”, completou Jos�.

RIGOR TOTAL

O que diz a resolu��o da UFMG sobre a pr�tica de trotes

  ATIVIDADES PROIBIDAS
– Incitar agress�es f�sicas, psicol�gicas ou morais
– Promover atos lesivos ao patrim�nio p�blico ou privado ou que cause qualquer transtorno ao bom andamento de atividades did�ticas e acad�micas
– Coa��o f�sica ou psicol�gica que implique ridiculariza��o ou humilha��o de alunos ou menosprezo � dignidade humana
– Obrigar qualquer aluno a ingerir bebidas alco�licas ou fazer uso, sob qualquer forma, de quaisquer subst�ncias
– Obrigar qualquer aluno a usar vestimentas, acess�rios ou cobrir o corpo ou a roupa com qualquer tipo de subst�ncia
– Qualquer forma de opress�o, preconceito ou discrimina��o e que reforce situa��es de falsa hierarquia entre veteranos e calouros, homens e mulheres, cursos e �reas
– Intoler�ncia pol�tica, ideol�gica ou religiosa

  APLICA��O DA PROIBI��O
– A aluno que executar ou participar de trote
– A aluno e servidor da UFMG que instigar a pr�tica do trote, dela participar ou assistir de maneira omissa e conivente
– O consentimento do aluno a qualquer ato proibido n�o exime de san��es os participantes do trote
– Inj�ria: Qualquer tipo de coa��o que obrigue qualquer aluno a praticar quaisquer atos contra a dignidade humana, que implique situa��o vexat�ria ou quaisquer outras formas de humilha��o e constrangimento
– Agress�o: Qualquer viol�ncia que comprometa a integridade f�sica ou psicol�gica de qualquer pessoa:
 
  PUNI��O

– Advert�ncia, suspens�o ou desligamento ap�s processo disciplinar, assegurados o contradit�rio e a ampla defesa


ENQUANTO ISSO...

...V�tima de trote � transferida para a UFMG


A UFMG ainda n�o foi oficialmente notificada sobre o estudante mineiro que ganhou na Justi�a o direito a uma vaga na institui��o depois de sofrer trote violento em festa da Faculdade de Medicina de S�o Jos� do Rio Preto (Famerp). Luiz Fernando Alves, de 22 anos, abandonou a institui��o em mar�o e pediu ao Judici�rio o direito � transfer�ncia para o curso da federal. Na faculdade paulista, ele foi hostilizado por veteranos, ficou ferido e chegou a perder a consci�ncia. O primeiro pedido de troca de escolas foi indeferido em 21 de julho, mas, depois de recorrer, foi aceito em liminar concedida pela ju�za federal Hind Ghassan Kayath.

 


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