
Assaltos violentos e com arrast�es em restaurantes e supermercados espalham medo e obrigam empres�rios do setor a refor�ar a seguran�a, com instala��o de c�meras e contrata��o de mais vigilantes, al�m de cobrar a��es mais eficazes da pol�cia. Nos �ltimos meses, foram v�rios ataques, com amea�as e agress�es a clientes e funcion�rios. Os dois �ltimos ocorreram no fim de semana. Por volta das 20h30 de sexta-feira, uma dupla armada invadiu um restaurante na Rua Fl�rida, no Bairro Sion, na Regi�o Centro-Sul da capital, e at� uma crian�a de 5 anos ficou sob a mira de uma arma. No fim da noite de domingo, um supermercado tamb�m foi atacado por tr�s assaltantes no Bairro Buritis, na Regi�o Oeste, que j� registra tr�s assaltos a esse tipo de estabelecimento neste m�s.
A m�dia mensal de ataques a supermercados, restaurantes, bares e similares aumentou de 27 para 30 por m�s entre os cinco �ltimos meses de 2013 e o primeiro semestre de 2014, segundo a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds). J� os roubos em geral subiram 27,68% no primeiro semestre deste ano, em rela��o ao mesmo per�odo do ano passado. Saltaram de 13.412 para 17.125.
O aumento de crimes levou o presidente da Federa��o de Hot�is, Restaurantes e Bares de Minas Gerais (Fhoremg), Paulo C�sar Pedrosa, a convocar reuni�o de emerg�ncia para esta semana com a diretoria da entidade para discutir a falta de seguran�a. O objetivo � marcar reuni�o com a comandante de Policiamento da Capital (CPC), coronel Cl�udia Romualdo, para pedir provid�ncias.
“N�o podemos tapar o sol com a peneira. Assalto a restaurante est� se tornando uma pr�tica comum e a maioria acontece depois das 23h, principalmente aos domingos e feriados � noite, quando o movimento � menor. Vamos procurar a PM e mostrar a preocupa��o do setor”, disse Pedrosa. Segundo ele, empres�rios est�o investindo alto em seguran�a privada, principalmente na aquisi��o de c�meras de vigil�ncia.

No arrast�o no restaurante no Sion, cerca de 15 pessoas, entre funcion�rios e clientes, foram amea�adas de morte o tempo todo. “Renderam primeiro o funcion�rio na porta e entraram. Tomaram o celular de um amigo meu e de um grupo de meninas que estava numa mesa. Minha fam�lia tamb�m foi rendida e levaram o tablet da minha m�e. Minha sobrinha de 5 anos presenciou tudo e ficou assustada”, conta o dono do restaurante, de 26 anos, que prefere n�o ser identificado. “Os dois ladr�es chegaram fazendo terror, amea�ando atirar, dizendo que havia muni��o para matar todo mundo. O outro ficou no carro, esperando na esquina”, acrescentou.
Segundo o empres�rio, policiais militares reconheceram os ladr�es pelas imagens de seguran�a e prenderam os tr�s, dois adultos e um menor, no Aglomerado Morro do Papagaio. “Eles foram detidos, mas os adultos foram liberados por falta de flagrante. Estou me sentindo totalmente desprotegido e vou instalar mais c�meras no restaurante. J� pago vigil�ncia privada e um motoqueiro faz ronda no bairro � noite, mas n�o adianta. Saio muito tarde do restaurante e estou com medo”, afirma o empres�rio, para quem as leis brasileiras favorecem os criminosos.
CASOS EM S�RIE
Em 14 de maio, ladr�es tamb�m fizeram arrast�o em uma pizzaria da Avenida Bernardo de Vasconcelos, no Bairro Cachoeirinha, na Regi�o Nordeste. A dupla armada pegou R$ 300 do caixa e saiu de mesa em mesa recolhendo dinheiro, celulares e rel�gios dos clientes. Na fuga, trocou tiros com um tenente da PM que passava de moto. Um vizinho da pizzaria foi baleado.
Na madrugada de 16 de maio, mais de 30 clientes de uma churrascaria da Rua Cascalheira, em Venda Nova, foram surpreendidos por dois ladr�es armados. Alguns clientes dan�avam e um dos ladr�es ordenou que os m�sicos parassem de tocar. Seguran�a, manobristas, clientes e outros funcion�rios foram rendidos e tiveram que entregar dinheiro, carteira, cart�es de cr�dito, celulares e joias. At� os m�sicos foram roubados. Uma lanchonete do Bairro Sagrada Fam�lia, na Regi�o Leste, foi assaltada sete vezes. No �ltimo ataque, em 19 de maio, os clientes tamb�m foram feitos ref�ns e assaltados por dois homens armados.
A inseguran�a tamb�m se espalha para a Grande BH. Em mar�o, clientes e funcion�rios de um restaurante japon�s de Lagoa Santa foram rendidos por quatro homens armados, que fugiram com celulares, dinheiro, rel�gios, joias e chaves de carros. A a��o da quadrilha foi registrada pelas c�meras de seguran�a e mostram os quatro chegando de carro, usando capacetes. Os clientes que deixavam o local foram obrigados a voltar para dentro do restaurante. Os ref�ns foram amea�adas o tempo todo, enquanto eram roubados.
“Foi um terror, um desespero total”, contou uma cliente. Um assaltante mais agitado derrubava cadeiras, jogava objetos no ch�o e balan�ava a arma na dire��o das v�timas. Um funcion�rio foi derrubado, chutado v�rias vezes e ainda teve os bolsos revistados. “Falavam palavr�es, querendo mais dinheiro”, contou outra cliente.

ESTRAT�GIA
O chefe da sala de imprensa da PM, major Gilmar Luciano Santos, considera importante a iniciativa dos comerciantes em procurar a pol�cia para desenvolver estrat�gias personalizadas. “Verificar qual o melhor servi�o a ser empregado em cada caso. Em primeiro momento, vejo que a rede de comerciantes protegidos � o melhor servi�o”, disse.
Para o oficial, o trabalho tem que ser integrado, com a PM prestando apoio com refor�o do policiamento e mapeamento das zonas quentes de criminalidade, onde est� tendo essa incid�ncia, e a Pol�cia Civil investigando os crimes e prendendo suspeitos. “O que acontece hoje � que as leis penais e processuais t�m sido um combust�vel fomentador e incentivador do crime. Os criminosos est�o agindo com a percep��o n�tida que existem in�meras possibilidades jur�dicas de permanecerem em liberdade”, avalia o major.