Desrespeito, preconceito e ofensa. A noite de s�bado prometia ser de lazer para a estudante Lu�sa Turbino, de 23 anos, mas terminou em constrangimento. Formada em ci�ncias do Estado e, atualmente, aluna de mestrado em direito na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte, ela estava acompanhada do namorado e de dois amigos num bar da Avenida do Contorno com Rua Fernandes Tourinho, na Savassi, na Regi�o Centro-Sul da capital, quando ouviu um grupo de jovens falar alto, depois gritar palavr�es at�, finalmente, cantar: “N�o � estupro, � sexo surpresa”.
Como se tratava de fim de semana, Lu�sa viu como �nico recurso postar sua indigna��o nas redes sociais (veja reprodu��o). Segundo ela, o grupo tinha entre 30 e 35 pessoas, muitos com a camisa da Bateria Engrenada da Escola de Engenharia da UFMG, que acompanha equipes da universidade em eventos esportivos.
“No in�cio, vi que eles estavam muito exaltados, embora sem tocar os instrumentos musicais. Come�aram, ent�o, a cantar bem alto, criticando as outras universidades e dizendo ‘a UFMG � a melhor’”. Na sequ�ncia, foi a vez de proferirem “palavr�es de conte�do machista e mis�ginos”. Lu�sa conta que o clima era de bagun�a, sem, no entanto, a turma direcionar palavras aos presentes no estabelecimento. “O mais impressionante � que havia mulheres fazendo coro �s palavras”, afirmou a jovem.
Para especialistas, a atitude do grupo merece rep�dio. O integrante do Tribunal de �tica da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)/Se��o Minas Gerais, Gustavo Tadeu Bijos, disse ontem que a atitude dos jovens n�o � louv�vel e merece “reprimenda” por parte da universidade. “O caso pode configurar incita��o ao crime de estupro ou apologia do crime, conforme est� nos artigos 286 e 287 do C�digo Penal”, disse o advogado. “O mais indicado � que a estudante tivesse chamado a pol�cia no momento do epis�dio para que fosse lavrado boletim de ocorr�ncia (BO). “Depois que o fato acontece, a situa��o fica meio complicada. O ideal, portanto, � ter o BO em m�os para apresent�-lo � universidade e outras autoridades.”
Insatisfa��o
Outros alunos da UFMG usaram as redes sociais para expor a insatisfa��o contra a atitude do grupo de jovens da institui��o. S�o muitos os coment�rios postados. Entre eles, “Tem gente que acha bonito ser babaca na faculdade”, “N�o fico surpreso vindo deles”, “Escreva uma carta/e-mail para a faculdade. Eu assino atestando a minha indigna��o”.
O estudante Bruno Sa�de, capit�o da Bateria Engrenada, que tem estudantes da Escola de Engenharia, disse que as m�sicas n�o t�m rela��o com o grupo. “Fizemos um show naquele dia e alguns amigos foram fazer uma confraterniza��o no local. Por l�, encontraram outras pessoas. Mas, independentemente, do que fizeram, as can��es n�o t�m rela��o com a banda”, afirmou Bruno.
Em nota, a UFMG informou que “desaprova qualquer tipo de comportamento discriminat�rio, seja ele de car�ter machista, sexista, racista, homof�bico, entre outros, que desrespeitem a dignidade humana. Nesse sentido, em maio, a universidade divulgou uma resolu��o, aprovada pelo seu Conselho Universit�rio, na qual pro�be trotes estudantis, como aqueles que evidenciem pr�ticas discriminat�rias”. A universidade, via assessoria de imprensa, diz que “vai acolher a den�ncia da estudante e avaliar o conte�do para dar o tratamento adequado”.