Guilherme Paranaiba

No �ltimo domingo antes da entrada em vigor da portaria da Prefeitura de Belo Horizonte que restringe a �rea de atua��o de artes�os e hippies na capital mineira, eles ocuparam normalmente as cal�adas da Avenida Afonso Pena durante a Feira de Arte, Artesanato e Produtores de Variedades de BH. A nova regra imposta pela administra��o municipal come�a a valer hoje. O objetivo � coibir o com�rcio irregular, praticado por camel�s infiltrados, al�m de organizar a atividade cultural dos artes�os, prevista por liminar judicial. De acordo com a mudan�a, eles poder�o expor seus objetos apenas na Pra�a Rio Branco (Pra�a da Rodovi�ria) e no quarteir�o fechado da Rua Carij�s, entre a Pra�a Sete e a Rua Esp�rito Santo.
As artes�s Luciana Yvy Rocha, de 37 anos, e Yuki Sakai, de 43, usam a cal�ada da Avenida Afonso Pena aos domingos para mostrar seus produtos e ambas acreditam que a popula��o vai perder muito com a nova regra. “Podemos contar no dedo quem � artes�o dentro da feira. Muitos clientes dizem que demoram para encontrar um objeto que seja de fato artesanato”, diz Yuki. “S�o espa�os sem nenhuma divulga��o, n�o sabemos o crit�rio que usaram para escolher esses locais”, acrescenta Luciana.
“O lugar � impr�prio, isolado e inseguro. Vai diminuir o trabalho de quem tem talento e � um verdadeiro artes�o”, reclama Maria Cec�lia Louzada Santos, de 39, tamb�m afetada pela nova medida. O artes�o Ricardo Fernandez, de 55, exp�e nas ruas de BH h� 23 anos e considera muito estranha a decis�o da prefeitura. “A nova regra veio por meio de uma portaria. Acredito que isso n�o se sobrep�e a uma liminar da Justi�a. Vamos continuar trabalhando normalmente e ver o que vai acontecer”, diz ele.
H� 20 anos na feira da Afonso Pena, Alice Maria Rocha, de 60, tem uma barraca e considera justa a decis�o da PBH. “Se isso n�o ocorrer, a feira acaba crescendo de uma forma extremamente desorganizada. Al�m disso, pagamos por esse espa�o, enquanto eles n�o”, diz ela. Eli Vasconcelos, de 51, tamb�m � antigo na feira e acredita que � injusto duas pessoas usarem o espa�o e apenas uma pagar para estar ali. “Acaba ficando desproporcional”, afirma ele.
V�nia Teixeira, de 53, tamb�m passou por licita��o e tem uma barraca regularizada. Ela reconhece que a quest�o necessita de uma solu��o, mas n�o a da PBH. “Eles deveriam fazer a inscri��o e ocupar um espa�o aqui. Para onde forem, o problema se repetir�”, diz ela. J� Silvana Moreira Veiga, de 52, � feirante desde 1996 e est� do lado dos artes�os que exp�em nas ruas. “N�o vejo problema. J� temos poucos artes�os regularizados, tem muita coisa industrializada.”
O presidente da Federa��o Mineira dos Expositores das Feiras de Arte, Artesanato e Manufaturados, Apolo Costa, reconhece problemas na feira da Afonso Pena, mas garante que a entrada de produtos industrializados, por exemplo, � alvo de fiscaliza��o da prefeitura. Ele acha a decis�o de restringir o espa�o dos artes�os de rua acertada. “Entre eles h� pessoas que apenas revendem mercadorias compradas de terceiros. Cada feirante paga R$ 750 por ano por um espa�o de tr�s metros, o que torna a concorr�ncia desigual”, afirma. Costa tamb�m n�o aprovou a Pra�a da Rodovi�ria como um dos locais apontados pela prefeitura. “Ali � mais complicado, pela viol�ncia. � interesse da federa��o amparar todos os artes�os. Vamos iniciar um cadastro de quem est� em BH para tentar uma solu��o melhor”, afirma.