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Estado de Minas

Sem pol�ticas p�blicas e acuados pela seca, agricultores usam recursos pr�prios

Minas Gerais � um dos estados que receberam menos repasses federais nos �ltimos tr�s anos para revitaliza��o do Velho Chico


postado em 14/10/2014 06:00 / atualizado em 14/10/2014 07:20

Perfurador escava cisterna em propriedade rural do Centro-Oeste para aumentar profundidade em busca de água: buraco de altura equivalente a um prédio de três andares(foto: Leandro Couri/EM/D.a Press)
Perfurador escava cisterna em propriedade rural do Centro-Oeste para aumentar profundidade em busca de �gua: buraco de altura equivalente a um pr�dio de tr�s andares (foto: Leandro Couri/EM/D.a Press)

Carmo do Cajuru, Divin�polis e Piumhi – No Vale do S�o Francisco, castigado pela seca da cabeceira � foz, a morte de ribeir�es e nascentes fez com que fazendeiros e lavradores que vivem do que plantam desistissem de esperar por pol�ticas p�blicas e usassem as pr�prias enxadas para n�o morrer de sede. Em Piumhi, munic�pio do Centro-Oeste de Minas pr�ximo � nascente do Velho Chico, a libera��o de verbas da Funda��o Nacional de Sa�de (Funasa) ainda � aguardada para ampliar o abastecimento e proporcionar tratamento sanit�rio, segundo informa a prefeitura. Enquanto isso, o esgoto de 33 mil habitantes � despejado em afluentes do leito principal da bacia, como o Rio Piumhi e o C�rrego Araras.

Na zona rural, o castigo da seca neste ano � o pior na lembran�a de moradores mais antigos. No distrito de Lagoa dos Martins, onde c�rregos secaram e o gado cava o pasto seco com os cascos atr�s de brotos �midos, o fazendeiro Ant�nio Terciano da Silva, de 71 anos, ficou meses na fila esperando que uma turma de perfuradores de po�os tivesse agenda vaga para rebaixar seu po�o, que tinha quatro metros de profundidade, para nove metros, o equivalente a um pr�dio de tr�s andares.

“Seca assim, nunca vi. O milho esturrica no p�. O gado emagrece e a gente n�o tem mais �gua para beber. Este po�o que estou cavando � s� para ter o que beber”, conta o fazendeiro, enquanto observa o trabalho do perfurador Adilson de Souza Lima, rebaixando a cisterna atr�s de �gua. “H� uns tr�s anos corriam c�rregos vindos da serra. Hoje, aqui parece o deserto”, assusta-se Ant�nio Terciano.

Na vizinha Bambu�, o secret�rio de Meio Ambiente, Te�filo Magalh�es, diz n�o ter recursos nem sequer para formular projetos de reflorestamento de nascentes e conserva��o de mananciais. “A seca est� muito bruta e os munic�pios penam com seus pr�prios recursos para n�o deixar a popula��o com sede. O Rio Bambu�, que � afluente do S�o Francisco, aqui no munic�pio j� est� praticamente seco”, afirma.

Em Carmo do Cajuru, onde corre o Rio Par�, os recursos para limpeza de c�rregos e arboriza��o de nascentes e margens n�o chegam da Uni�o desde 2012. Enquanto isso, o rio est� t�o baixo que n�o desce mais pelo vertedouro da Usina do Gafanhoto, em Divin�polis, onde j� protagonizou enchentes capazes de ilhar cidades como Concei��o do Par�.

"Seca assim, nunca vi. O milho esturrica no p�. O gado emagrece e a gente n�o tem mais �gua para beber. H� uns tr�s anos corriam c�rregos vindos da serra. Hoje, aqui parece o deserto" - Ant�nio Terciano da Silva, fazendeiro de Piumhi (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

Manancial sugado


Na s�rie “S�o Francisco: um rio em agonia”, que termina hoje, o Estado de Minas vem mostrando que os investimentos da Uni�o em a��es de preserva��o na bacia minguam ano a ano, ao mesmo tempo em que crescem as verbas para retirada de recursos h�dricos do Velho Chico. A primeira reportagem, publicada no domingo, demonstrou que os repasses para aumento da quantidade e qualidade das �guas ca�ram em quase 70% de 2012 a 2014, enquanto as obras de transposi��o receberam quase 50% mais dinheiro. Ontem, o EM denunciou que a pouca verba dispon�vel � mal empregada, em obras como esta��es de tratamento de esgoto que nunca processaram um litro de rejeitos – como ocorre em Iguatama – ou em servi�os abandonados, que s� fazem aumentar a eros�o e o entupimento de nascentes, caso de S�o Roque de Minas.


Minas recebeu �ltimo repasse de verbas no ano passado

Se minguaram para as prefeituras, os recursos do Programa de Revitaliza��o do Rio S�o Francisco tampouco t�m alcan�ado os estados e Minas Gerais � um dos que receberam menos repasses federais nos �ltimos tr�s anos, segundo dados da Controladoria Geral da Uni�o (CGU). Embora detenha 36% da �rea da bacia, que envolve ainda cinco unidades da federa��o, Minas teve o �ltimo registro de verbas diretas em 2013, quando R$ 4,2 milh�es foram repassados diretamente para a revitaliza��o, excetuando-se conv�nios e coopera��es.

Ainda assim, o estado informa ter feito trabalhos com conv�nios federais n�o diretamente ligados ao programa de revitaliza��o e em parceria com comit�s das bacias de afluentes do S�o Francisco. Em m�dia, o investimento � calculado em R$ 1,2 milh�o por ano na conserva��o de bacias que des�guam no Velho Chico. O subcomit� do Rio das Velhas, o principal tribut�rio, recebeu, segundo o estado, R$ 1,5 bilh�o para revitaliza��o, de 2003 at� este ano.

O Fundo de Recupera��o, Prote��o e Desenvolvimento Sustent�vel das Bacias Hidrogr�ficas do Estado de Minas Gerais (Fhidro) contabiliza investimento de R$ 27,2 milh�es para a preserva��o ambiental e aumento da quantidade e qualidade de recursos h�dricos em sub-bacias do semi�rido mineiro, por meio da constru��o de pequenas barragens, bacias de capta��o, cercamento e revegeta��o de �reas ciliares, bem como mobiliza��o e educa��o ambiental.

Segundo o estado, recursos de R$ 56,5 milh�es est�o sendo aplicados tamb�m na constru��o de 61 mil bacias de capta��o de �gua das chuvas, na readequa��o, com enfoque ambiental, de 1,2 mil quil�metros de estradas vicinais, prote��o, com cercamento, de 1.100 nascentes, 7.875 quil�metros de terraceamento (t�cnica de controle de eros�o) e mil quil�metros de cercas em matas de topo e ciliares. A Copasa informou que investe nas bacias do Rio Paraopeba (R$ 300 milh�es) e das Velhas (R$ 1,5 bilh�o).

�ltimo repasse de verbas no ano passado

Se minguaram para as prefeituras, os recursos do Programa de Revitaliza��o do Rio S�o Francisco tampouco t�m alcan�ado os estados e Minas Gerais � um dos que receberam menos repasses federais nos �ltimos tr�s anos, segundo dados da Controladoria Geral da Uni�o (CGU). Embora detenha 36% da �rea da bacia, que envolve ainda cinco unidades da federa��o, Minas teve o �ltimo registro de verbas diretas em 2013, quando R$ 4,2 milh�es foram repassados diretamente para a revitaliza��o, excetuando-se conv�nios e coopera��es.


Ainda assim, o estado informa ter feito trabalhos com conv�nios federais n�o diretamente ligados ao programa de revitaliza��o e em parceria com comit�s das bacias de afluentes do S�o Francisco. Em m�dia, o investimento � calculado em R$ 1,2 milh�o por ano na conserva��o de bacias que des�guam no Velho Chico. O subcomit� do Rio das Velhas, o principal tribut�rio, recebeu, segundo o estado, R$ 1,5 bilh�o para revitaliza��o, de 2003 at� este ano.


O Fundo de Recupera��o, Prote��o e Desenvolvimento Sustent�vel das Bacias Hidrogr�ficas do Estado de Minas Gerais (Fhidro) contabiliza investimento de R$ 27,2 milh�es para a preserva��o ambiental e aumento da quantidade e qualidade de recursos h�dricos em sub-bacias do semi�rido mineiro, por meio da constru��o de pequenas barragens, bacias de capta��o, cercamento e revegeta��o de �reas ciliares, bem como mobiliza��o e educa��o ambiental.


Segundo o estado, recursos de R$ 56,5 milh�es est�o sendo aplicados tamb�m na constru��o de 61 mil bacias de capta��o de �gua das chuvas, na readequa��o, com enfoque ambiental, de 1,2 mil quil�metros de estradas vicinais, prote��o, com cercamento, de 1.100 nascentes, 7.875 quil�metros de terraceamento (t�cnica de controle de eros�o) e mil quil�metros de cercas em matas de topo e ciliares. A Copasa informou que investe nas bacias do Rio Paraopeba (R$ 300 milh�es) e das Velhas (R$ 1,5 bilh�o).

 

 


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