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Estado de Minas

Rio S�o Francisco passou de atra��o a canal de esgoto

Cart�o-postal de Pirapora e Buritizeiro, Velho Chico, que separa as cidades, sofre com a seca, que concentra ainda mais dejetos lan�ados em suas �guas. ETEs ficaram na promessa


postado em 13/10/2014 06:00 / atualizado em 13/10/2014 08:40

Luiz Ribeiro
Enviado especial



O rio São Francisco na divisa entre os municípios do Norte de Minas: mato alto e animais pastando onde antes havia corredeiras evidencia a extensão da crise (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
O rio S�o Francisco na divisa entre os munic�pios do Norte de Minas: mato alto e animais pastando onde antes havia corredeiras evidencia a extens�o da crise (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

Buritizeiro, Pirapora e S�o Roque de Minas –
Cercado em uma margem pelos encanamentos que despejam esgoto sem tratamento da cidade de Buritizeiro, no Norte de Minas, e na outra pelos dejetos lan�ados em c�rregos vindos da vizinha Pirapora, o Rio S�o Francisco – maior atra��o das duas cidades – se tornou um fio d’�gua extremamente polu�do. Hoje, o que j� foi um importante posto pesqueiro se resume a um leito quase seco, que mais parece uma estrada de areia e pedras. N�o era para ser assim. Amanh�, completam-se cinco anos da promessa feita pelo ent�o presidente Luiz In�cio Lula da Silva, que, no lan�amento da ETE de Buritizeiro, garantiu que o projeto n�o seria deixado pela metade e que a revitaliza��o do Velho Chico seguiria no mesmo ritmo da transposi��o de �guas do manancial para bacias do semi�rido nordestino. “N�o � poss�vel tirar �gua do Rio S�o Francisco para matar a sede de 12 milh�es de nordestinos sem antes recuper�-lo”, discursou Lula, que citou a��es como o reflorestamento para recuperar as matas ciliares e o tratamento de esgoto como medidas imprescind�veis. Hoje, elas est�o paralisadas, como todo o programa geral de recupera��o do rio.

As obras de Buritizeiro foram or�adas em R$ 12,5 milh�es e inclu�am a implanta��o de 100 quil�metros de redes coletoras e a constru��o da ETE, mas est�o paradas desde abril de 2010. Foram abandonadas pela vencedora da licita��o, uma empreiteira do Paran�. O presidente do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Codema) de Buritizeiro, Gustavo Lino Mendon�a, afirma que, em vez de come�ar pela constru��o da ETE, a construtora iniciou os trabalhos pela instala��o de redes de esgoto na periferia da cidade, onde os servi�os ficaram incompletos.

Assim, quem n�o despeja o esgoto direto no rio o faz indiretamente, pois moradores ainda t�m de recorrer a fossas, que contaminam o solo e consequentemente, poluem o manancial por meio dos len��is subterr�neos. “S� fizeram a parte mais barata da obra. Mas a tubula��o ficou enterrada e n�o poder� mais ser aproveitada. Para adequar o projeto, que tamb�m foi malfeito, e finalizar a nova ETE ser�o necess�rios R$ 24 milh�es”, estima.
O assessor de Meio Ambiente da Prefeitura de Buritizeiro, Alisson Carvalho Lacerda, informa que a administra��o municipal encaminhou reivindica��o � Companhia do Desenvolvimento dos Vales do S�o Francisco e Parna�ba (Codevasf), que decidiu reformular o projeto e realizar nova licita��o para a constru��o da ETE das redes de esgoto na cidade. A previs�o � de que as obras sejam iniciadas em 2015. A tubula��o que foi “jogada debaixo da terra” pela antiga empreiteira n�o ser� aproveitada.

Na outra margem do Velho Chico, no munic�pio de Pirapora, a polui��o chega pelo c�rrego Entre Rios, que teve suas �guas transformadas em um canal de esgoto a c�u aberto. A estudante e balconista Ana Carolina dos Anjos, que trabalha em frente ao c�rrego, sonha com a despolui��o do rio. “Deveriam instalar a rede de esgoto para evitar que os dejetos sejam jogados no c�rrego e depois caiam no S�o Francisco. No calor, o mau cheiro � insuport�vel, sem contar ratos, escorpi�es, baratas e cobras que aparecem”, reclama Ana Carolina.

Em S�o Roque de Minas, cidade do Centro-Oeste do estado que abriga a nascente hist�rica do S�o Francisco, a ETE tamb�m n�o funciona, apesar de ter sido conclu�da no ano passado. Segundo o secret�rio municipal de Meio Ambiente, Andr� Picardi, a esta��o n�o entrou em opera��o porque as redes de interceptores foram danificadas por uma enchente e at� hoje n�o houve a recupera��o. “S� constru�ram as esta��es de tratamento de esgoto, mas, em quase todos os munic�pios, elas n�o funcionam”, disse o secret�rio, citando exemplos de Bambu� e Lagoa da Prata.

 

Servi�o pelo meio e nascentes entupidas
A interrup��o dos servi�os previstos no Programa de Revitaliza��o do Rio S�o Francisco come�a nas primeiras nascentes do Velho Chico, no Parque Nacional da Serra da Canastra. N�o bastasse a pior estiagem de todos os tempos, as obras de uma estrada ecol�gica prevista no Programa de Acelera��o do Crescimento (PAC) foram abandonadas em outubro do ano passado e o deslizamento de terras est� entupindo v�rias fontes.

Os servi�os foram or�ados em R$ 51,37 milh�es e a licita��o foi feita em mar�o de 2013, tendo como vencedora a empresa GPO – Gest�o de Projetos e Obras. O objetivo seria a melhoria das condi��es de tr�fego no acesso principal ao parque nacional. Tamb�m seriam executadas obras de drenagem e conten��o de eros�o dentro da �rea de preserva��o.

Em outubro do ano passado, logo depois do in�cio do per�odo chuvoso, a empreiteira interrompeu os servi�os, alegando que o contrato seria reformulado. Ainda no fim de 2013 surgiram enormes crateras na estrada de acesso principal ao parque. A expectativa era de que, assim que passasse o per�odo chuvoso, os servi�os fossem retomados, mas, em agosto deste ano foi interrompido o contrato.

O secretario municipal de Meio Ambiente de S�o Roque de Minas, Andr� Picardi, denuncia que o abandono dos servi�os est� provocando o assoreamento do C�rrego Imbira, que nasce pr�ximo � entrada da unidade de preserva��o e des�gua no Rio S�o Francisco, al�m de garantir o abastecimento de �gua da cidade.

Obras malfeitas e mal planejadas

A assessoria de imprensa da Codevasf informou, por e-mail, que a ETE de Iguatama n�o funciona porque houve m� execu��o de partes importantes da obra, como a instala��o dos interceptores de esgoto, que seriam de responsabilidade da prefeitura – hoje sob nova administra��o. “Para a operacionaliza��o do sistema, � necess�rio que a prefeitura promova os devidos reparos na parcela da obra executada sob sua responsabilidade”, afirma a companhia.

No que diz respeito a Buritizeiro, a companhia aponta a fal�ncia da empresa executora como motivo para a paralisa��o das obras da ETE. “Aliado a esse fato, houve a suspeita de que a �rea escolhida tecnicamente para a execu��o da ETE seria um cemit�rio ind�gena. Diante disso, a Codevasf contratou a readequa��o do projeto, com aproveitamento da rede j� implantada.”

Em nota, a Copasa informou que assinou conv�nio com a Codevasf, que prev� investimentos de R$ 141 milh�es em sistemas de esgotamento sanit�rio em cidades da calha do S�o Francisco, e que, do total, R$ 70,6 milh�es j� foram investidos. Argumentou ainda que espera a libera��o de recursos e autoriza��o da Codevasf para executar a recupera��o de travessias dos interceptores que foram rompidos por uma enchente em S�o Roque de Minas. A Codevasf n�o se pronunciou sobre esse assunto.

V�deo mostra a esta��o de tratamento abandonada em Iguatama


 

 


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