
Dezessete pessoas foram indiciadas pela Pol�cia Federal por fraude no Exame Nacional do Ensino M�dio (Enem) de 2013. Tr�s s�o acusados de integrar a quadrilha que vendia respostas para os candidatos e 14 s�o alunos que fizeram os testes, segundo a PF de Minas Gerais, e podem ter usado a artimanha para ingressar em universidades p�blicas. A duas semanas das provas de 2014, � a primeira vez que a corpora��o admite a fraude, com base em um inqu�rito aberto em dezembro do ano passado para apurar os fortes ind�cios de venda de gabaritos, descobertos pela Pol�cia Civil mineira. Na ocasi�o, equipe de policiais de Caratinga, no Vale do Rio Doce, desbaratou uma quadrilha que comercializava respostas de vestibulares de faculdades particulares de medicina de Minas e do Rio de Janeiro. Em escutas telef�nicas, investigadores descobriram que, dos 21 presos na �poca, pelo menos dois tamb�m operavam com respostas do Enem.
Como o trabalho da Pol�cia Civil esbarrou em um exame nacional, coube � PF detalhar as investiga��es sobre a fraude. Al�m de Jos� Cl�udio de Oliveira, de 42 anos, e Quintino Ribeiro Neto, de 67, os agentes federais identificaram mais um integrante da quadrilha. As fun��es de cada um n�o foram informadas pela PF, mas a Pol�cia Civil, na �poca, indicou que Jos� Cl�udio era o l�der do esquema. Ele teria desembolsado R$ 10 mil pelas provas de s�bado e domingo do ano passado, que foram apreendidas em seu carro quando ele foi preso. No verso de um dos cadernos, havia cerca de 40 n�meros de celular anotados � m�o. Segundo as investiga��es da Pol�cia Civil mineira, seriam telefones de clientes que deveriam receber o gabarito via mensagem de celular ou ponto eletr�nico.
As conversas captadas pela pol�cia indicaram que Jos� Cl�udio ridicularizava a seguran�a do Enem, apontada por ele como muito mais fr�gil do que a das faculdades particulares. Em uma das conversas, ele � questionado por um interlocutor. “O Enem � mais f�cil?”, pergunta o homem. “� mais f�cil, ‘n�’? Bagun�ado, ‘n�’? � tudo escolinha p�blica que aplica”, comentou Cl�udio. “� esse povinho de col�gio que toma conta. N�o tem detector de metal, n�o tem nada no banheiro, � tudo uma zona”, completou.
Seguran�a
A edi��o deste ano do Enem ter� 8,7 milh�es de participantes, 21,6% a mais que em 2013, quando houve 7,17 milh�es. Pela primeira vez, candidatos poder�o ser revistados com detector de metal, eliminando uma brecha que no ano passado garantiu a entrada de estudantes com celulares, segundo a pol�cia. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais An�sio Teixeira (Inep), vinculado ao Minist�rio da Educa��o (MEC), n�o informou se todos os candidatos ser�o revistados ou apenas aqueles sob suspeita, alegando raz�es de seguran�a do exame. O n�mero de equipamentos para revista eletr�nica tamb�m n�o foi informado.
Em nota, o Inep afirmou que t�o logo tomou conhecimento das supostas irregularidades, solicitou abertura de investiga��o pela Pol�cia Federal. A institui��o informou que tem colaborado com as investiga��es, mas que ainda n�o recebeu o relat�rio da PF. Segundo o texto, se comprovado que qualquer participante teve acesso a vaga no ensino superior em decorr�ncia de fraude, o estudante ser� punido com exclus�o do curso. “Esclarecemos ainda que o Inep trabalha continuamente com a Pol�cia Federal no sentido de garantir a seguran�a do Enem”, informou o texto.
Segundo a PF, ao serem indiciados, os envolvidos v�o responder por fraudes em certames de interesse p�blico, corrup��o ativa e passiva e organiza��o criminosa. Somadas, as penas podem variar de nove a 38 anos de reclus�o.
O advogado Alexsandro Victor de Almeida, que representa Jos� Cl�udio de Oliveira, negou participa��o de seu cliente no esquema do Enem investigado pela PF. “As grava��es sozinhas n�o provam nada. Ele s� foi envolvido no caso das faculdades de medicina porque � parente de um dos alunos apontados pela pol�cia como participantes da fraude”, sustenta. J� Ant�nio Hermelindo Ribeiro Neto, que representa Quintino Ribeiro Neto, disse que n�o tem informa��es para comentar o inqu�rito da PF. “Nem comigo ele comenta sobre o caso. Mas nega veementemente todas as acusa��es”, diz. Ambos j� respondem a processo na Comarca de Caratinga, relativo ao golpe nas faculdades particulares investigado pela Pol�cia Civil. Eles ficaram seis meses presos, mas foram soltos em maio e aguardam a instru��o do processo em liberdade. (Com Landercy Hemerson)