
Uma viagem para ficar na mem�ria. Os cerca de 25 minutos em que a aeronave do voo AA 992, da empresa a�rea norte-americana American Airlines, se manteve no ar, na noite de anteontem, foram de medo para os 167 passageiros que partiram do Aeroporto de Confins, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. O avi�o decolou �s 23h32, com destino a Miami (EUA). Mas, cinco minutos depois os viajantes sentados nas poltronas do lado esquerdo, na parte de tr�s da aeronave, ouviram um estrondo e viram um clar�o no ar, partindo da turbina. Por causa do problema, classificado pela empresa como uma “necessidade de manuten��o”, o piloto abortou o voo e retornou ao terminal. Apesar do aviso da tripula��o no alto-falante de que a situa��o era normal, passageiros disseram que os minutos seguintes foram tensos e o pouso, complicado. Depois de enfrentar at� seis horas no sagu�o do terminal para remarcar suas viagens, eles passaram o dia ontem em um hotel pr�ximo a Confins.

Ainda apreensivos com o incidente, os viajantes prometem entrar na Justi�a contra a companhia pelo transtorno no voo e precariedade no atendimento em solo. “Foram momentos de p�nico, porque a aeronave ainda estava em processo de subida e, de repente, o estrondo. Foram os passageiros que avisaram aos comiss�rios sobre o problema, repassado ao piloto. Era n�tida a cara de preocupa��o dos tripulantes e ningu�m explicava direito o que estava acontecendo. Tive muito medo de morrer”, contou a fot�grafa Vanessa Freire, de 33 anos. Belo-horizontina, ela viajava para Boston – onde mora h� tr�s anos – depois de uma viagem de f�rias no Brasil. Segundo ela, o clima foi de tens�o. “Os passageiros olhavam uns para os outros com cara de medo. Outros rezavam para que aquele pesadelo terminasse. Passou um filme na minha cabe�a. Achei que todos ir�amos morrer”, afirmou Vanessa.

O an�ncio de que o avi�o retornaria a Confins veio cerca de 10 minutos ap�s a decolagem e foi feito pelo piloto. “Ele disse no alto-falante que iria dar mais duas voltas no ar e pousaria para verificar se o avi�o teria sofrido algum dano. Voamos por mais 20 minutos. Nesse intervalo, um dos comiss�rios chegou a dizer que um p�ssaro havia se chocado com a turbina“, lembra o policial civil Fl�vio Henrique Lara, de 32, que viajava a Miami a passeio. Segundo ele, o momento em que mais teve medo foi na descida. “Fui um dos que viram o clar�o e, na hora, todos ao meu redor se olharam e fizeram cara de espanto. Com o aviso do comandante de que tudo estava bem, me tranquilizei. Mas na hora do pouso foi tenso”, disse Fl�vio. Segundo ele, foi grande o impacto da aeronave com o solo. Al�m disso, quase toda a extens�o da pista foi usada at� que o avi�o parasse por completo. “Foi n�tido que o procedimento n�o foi normal. Parece que ele pousou usando a for�a de uma �nica turbina, porque vinha planando e, de repente, se chocou com o ch�o.” O policial contou ainda que, mesmo em solo, esperaram cerca de 50 minutos dentro do avi�o.
No momento do pouso, carros do Corpo de Bombeiros e ambul�ncias j� estavam posicionados na pista De acordo com a assessoria de imprensa da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportu�ria (Infraero), toda a estrutura do terminal entrou de prontid�o para procedimento de emerg�ncia. Uma das passageiras do AA 992, a administradora de empresas Mariana Ribeiro, de 40, contou na tarde que ontem que ainda fazia ora��es em agradecimento por tudo ter terminado bem. “Tive muito medo. Uma experi�ncia horr�vel.” Ela e o marido viajavam com o filho para Miami e tiveram que remarcar o voo para a noite. “Ficamos horas de p� no sagu�o, numa fila quilom�trica, com apenas tr�s funcion�rios da American Airlines atendendo. Havia idosos e crian�as sem ter lugar para sentar. Todo mundo se acomodou como p�de. Faltou suporte, orienta��o, esclarecimento e agilidade”, disse o marido de Mariana, o empres�rio Eduardo Cozac, de 52.
Entre os viajantes que prometeram entrar na Justi�a est� o ator Felipe Costa, de 31. O brasileiro vive em Los Angeles h� oito anos e se disse decepcionado. “Embarcaram em um avi�o com problemas de manuten��o e puseram nossas vidas em risco. Inadmiss�vel. Poder�amos ter morrido. Al�m disso, as informa��es n�o eram claras. N�o nos passaram o que realmente houve.”
A aeronave, tripulada por 12 funcion�rios, ficou durante todo o dia de ontem no p�tio 3 do aeroporto, usado para manuten��o de avi�es, segundo um funcion�rio do canteiro de obras de uma construtora, ao lado do p�tio. “Quando cheguei para trabalhar, o colega da noite contou que ela foi trazida �s 3h30.”
Na nota em que a American Airlines informa que o voo AA 992 retornou ao aeroporto de origem por necessidade de manuten��o, n�o h� detalhes sobre o incidente. Segundo a empresa, o pouso ocorreu normalmente, �s 23h56. Apesar disso, o registro da Infraero � de 23h59. Ainda segundo a nota, os passageiros receberam assist�ncia e foram reacomodados no voo seguinte, programado para as 20h.
SAIBA MAIS
» Passageiros que se sintam prejudicados em seus direitos como consumidor podem entre em contato com a American Airlines pelo telefone 0300 789 77 78.
» Caso as tentativas de solu��o com a empresa n�o apresentarem resultado, podem procurar os �rg�os de defesa do consumidor e/ou o Judici�rio.
» D�vidas, reclama��es, den�ncias, sugest�es, cr�ticas ou elogios podem ser feitos � Ag�ncia Nacional da Avia��o Civil (Anac) pelo telefone 0800 725 4445.