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Estado de Minas

Quadrilha presa por fraude pode ter atuado em edi��es anteriores do Enem

Depois de desarticular quadrilha que burlava o exame e vestibulares de medicina, policiais e promotores mineiros enviam dados para que apura��o prossiga em n�vel nacional. H� ind�cios de fraudes tamb�m em edi��es anteriores do teste feito em todo o pa�s


27/11/2014 06:00 - atualizado 27/11/2014 10:04
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Investigadores como o delegado Antônio Júnio Dutra Prado explicam desdobramento da operação
Investigadores como o delegado Ant�nio J�nio Dutra Prado explicam desdobramento da opera��o (foto: Euler Junior/EM/D.A Press)


Est� nas m�os do Minist�rio P�blico Federal (MPF) o destino do Exame Nacional do Ensino M�dio (Enem) aplicado este ano. Por se tratar de teste promovido pela Uni�o, o Minist�rio P�blico de Minas e a Pol�cia Civil – respons�veis pela Opera��o Hemostase II, que desarticulou no domingo quadrilha especializada em fraudar a avalia��o mais importante do pa�s, assim como vestibulares de medicina – v�o repassar para os procuradores federais o conte�do das investiga��es relativas ao Enem. De acordo com as investiga��es, a organiza��o criminosa teve acesso aos quatro cadernos de provas 10 minutos antes do hor�rio de in�cio do exame nacional, em uma escola do Mato Grosso. Duas pessoas que entregaram o material j� foram identificadas. H� ind�cios tamb�m de que pelo menos duas edi��es anteriores do Enem tenham sido burladas pelo esquema, que j� teria colocado centenas de pessoas na universidade. M�dicos, empres�rios e fazendeiros est�o na mira da pr�xima fase das investiga��es.

No caso do Enem, caso n�o sejam identificados todos os envolvidos no esquema, que movimentava milh�es por ano, o MPF pode at� pedir ao Judici�rio a anula��o do exame. A afirma��o foi feita ontem, durante entrevista coletiva dos promotores e delegados de Minas respons�veis pelo caso. O delegado Ant�nio J�nio Dutra Prado, do Grupo de Combate a Organiza��es Criminosas e que atua junto ao MP, explicou que o Enem s� pode ser anulado por decis�o do administrador do concurso (no caso, o Minist�rio da Educa��o) ou por ordem judicial. “Vai depender do que o MPF avaliar.”


Os investigadores acreditam que pelo menos 20 candidatos se beneficiaram do esquema nos dias 8 e 9 deste m�s, quando foi aplicado o exame. Desses, tr�s j� foram identificados. De acordo com o superintendente da Pol�cia Civil, Jefferson Botelho, foram encontradas na casa de um dos l�deres do bando, o mineiro �ureo Moura, que mora em Te�filo Otoni, no Vale do Mucuri, cadernos de provas de 2013 e 2012.

O Enem foi a �nica avalia��o feita fora dos locais de prova pelos chamados “pilotos”, estudantes do 9º ano de medicina, residentes e pelo menos um professor. Eles resolveram as quest�es em uma pousada no entorno da escola na qual conseguiram acesso ao exame. O gabarito foi passado por meio de um sofisticado sistema composto por cart�o de telefonia GSM e ponto eletr�nico. O equipamento, que imita um cart�o de cr�dito, � na verdade uma esp�cie de telefone celular, com meio cent�metro de espessura e entrada para cabo, que pode ser guardado na carteira ou mesmo na embalagem lacrada fornecida pelos aplicadores como porta-objetos. As investiga��es registraram transmiss�es partindo do Mato Grosso para Minas Gerais, S�o Paulo, Bahia e Esp�rito Santo.

J� nos vestibulares de faculdades particulares de medicina, a log�stica era diferente, com transmiss�o feita por circuito de frequ�ncia de r�dio. Al�m do Enem, as investiga��es apuraram fraude nos concursos de quatro faculdades, tr�s delas do estado de S�o Paulo e uma de Minas – a Faculdade de Ci�ncias M�dicas, na capital. �ureo Moura informou em depoimento que somente ele, at� janeiro, receberia R$ 3 milh�es livres – outras cinco institui��es teriam tamb�m o vestibular fraudado. Com cinco a seis anos de atua��o, o suspeito disse ter colocado entre 500 a 600 pessoas na faculdade.

As apura��es constataram ainda que havia planos da quadrilha de vender a frequ�ncia de r�dio para outros grupos terem acesso aos gabaritos. “Estamos s� arranhando a superf�cie do esquema. As investiga��es ser�o aprofundadas”, disse o promotor Andr� Lu�s Garcia de Pinho. A inten��o � chegar n�o somente a candidatos, mas tamb�m a atuais alunos e m�dicos que tenham se formado. Os pais dos estudantes tamb�m v�o responder por fraude em concurso. Foi pedida a quebra de sigilo banc�rio de v�rios m�dicos, empres�rios de renome e fazendeiros.

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais An�sio Teixeira (Inep) informou, por meio de nota, que ainda n�o foi contatado pela Pol�cia Civil de Minas sobre o teor das investiga��es, acrescentando que j� pediu � Pol�cia Federal informa��es sobre o caso. Reafirmou ainda que “qualquer pessoa que tenha utilizado m�todos il�citos para obter vantagens no Enem ser� sumariamente eliminada do exame, sem preju�zo a outras san��es legais”.

Duas frentes do golpe: transmissor de rádio instalado no carro (esq) e celular disfarçado de cartão
Duas frentes do golpe: transmissor de r�dio instalado no carro (esq) e celular disfar�ado de cart�o (foto: Pol�cia Civil/Divulga��o - Andr� Lana/MPMG)


EXONERA��O O superintendente Jefferson Botelho informou ontem que o policial civil suspeito de participar do esquema, Daniel Silva Santa Clara, de 37 anos, pode ser exonerado. O suspeito est� na pol�cia h� cerca de quatro anos e, atualmente, se encontra afastado das atividades, devido a uma licen�a m�dica. Lotado na Delegacia de Tarumirim, no Vale do Rio Doce, responde a tr�s processos administrativos na corregedoria da corpora��o: dois por peculato e um por falta administrativa. A suspeita � de que o investigador atuasse como olheiro do grupo, estando atento a prov�vel movimenta��o da pol�cia para alertar a quadrilha. Daniel estava dentro de um ve�culo apreendido com um dos cabe�as do grupo.

O grupo ser� enquadrado por forma��o de organiza��o criminosa, fraude em certame de interesse p�blico, falsidade ideol�gica e, em um segundo momento, lavagem de dinheiro. Dos 12 suspeitos presos, entre l�deres e pilotos, 11 dever�o ter a pris�o preventiva decretada. Apenas um deles, o estudante de direito Vanil Vasconcelos Costa Junior, de 21, detido em Montes Claros anteontem, dever� ser liberado, pois n�o houve flagrante. Promotores e policiais v�o investigar ainda a atua��o de empresas na importa��o dos equipamentos eletr�nicos e em poss�vel esquema de lavagem de dinheiro.

 


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