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Estado de Minas

Polui��o engole rios Taquara�u e Jaboticatubas; moradores reclamam da degrada��o

Popula��o teme tamb�m o impacto da poss�vel constru��o de um reservat�rio para abastecer a Grande BH


postado em 30/01/2015 06:00 / atualizado em 30/01/2015 10:58

Receoso com a construção de barragem, Antônio de Freitas, de 71 anos, diz que a cada dia aparecem menos peixes no Rio Taquaraçu(foto: BETO NOVAES/EM/D.A PRESS)
Receoso com a constru��o de barragem, Ant�nio de Freitas, de 71 anos, diz que a cada dia aparecem menos peixes no Rio Taquara�u (foto: BETO NOVAES/EM/D.A PRESS)

Do alto de uma ponte abandonada, com poucas muretas e o pavimento coberto por um palmo de barro, o m�sico Ant�nio Jos� de Freitas, de 71 anos, lan�a seu anzol e aguarda com paci�ncia que um dos peixes que sobem o Rio Taquara�u morda sua isca. Quando o manancial est� limpo, ele consegue at� ver o nado em grupo de dourados, surubins, piaus e mandis. “Os peixes v�m do Rio das Velhas, subindo o Rio Taquara�u contra a correnteza para desovar. A cada dia aparecem menos peixes, mas ainda tem um tanto bom que d� para a gente jantar em casa”, conta Ant�nio.

Rio Jaboticatubas, que também é afluente do Rio das Velhas, está com nível bem abaixo do normal e sofre com assoreamento(foto: BETO NOVAES/EM/D.A PRESS)
Rio Jaboticatubas, que tamb�m � afluente do Rio das Velhas, est� com n�vel bem abaixo do normal e sofre com assoreamento (foto: BETO NOVAES/EM/D.A PRESS)

O medo de Ant�nio e de ambientalistas, como os do Projeto Manuelz�o, � de que uma barragem no rio para formar um reservat�rio para abastecer a Grande BH, como a Copasa estuda fazer, possa afetar os peixes e a qualidade do Rio das Velhas. E � n�o infundado, principalmente porque o secret�rio de Estado de Transportes e Obras P�blicas, Murilo Valadares, j� admitiu que h� prefer�ncia de constru��o da represa no Taquara�u e n�o no Rio Jaboticatubas, que tamb�m � avaliado.

As capta��es pretendidas pela empresa devem ser vigorosas e podem criar um lago extenso que encobrir� muitas propriedades e at� casas ribeirinhas e de trabalhadores rurais das �reas mais baixas. Fontes ligadas � Copasa informaram ao Estado de Minas que o estudo inicial da empresa estimava retirar entre 4 e 5 metros c�bicos por segundo da futura barragem. Mas essa capta��o pode aumentar devido � urg�ncia de fortalecer o abastecimento da Grande BH, a obra para a qual o governador Fernando Pimentel (PT) projeta um prazo otimista de funcionamento em tr�s ou quatro anos.

O estudo da Copasa mostra tamb�m que o Rio Taquara�u re�ne mais vantagens sobre o Rio Jaboticatubas na disputa pela constru��o do reservat�rio. � um rio mais caudaloso e contido num relevo de vales encaixados, o que permite, em tese, um reservat�rio mais profundo, concentrando mais �gua em menos espa�o, o que economizaria o processo de desapropria��o de terrenos e im�veis. O ponto de capta��o de �gua escolhido no Taquara�u, pr�ximo � rodovia MG-020, tem dist�ncia menor da capital, de 25,5 quil�metros, 10 a menos que o Jaboticatubas.

Mesmo tendo ouvido falar da possibilidade de a Copasa captar �gua no Taquara�u, a poucos metros de sua casa, o lavrador Ant�nio Reuter, de 65, acha que uma barragem n�o afetaria sua casa. “Prefiro n�o pensar no problema antes. Se fizerem uma represa, n�o vai ser aqui perto, e tem muitas baixadas para encher antes de chegar � minha casa”, espera.

Mas, ao contr�rio do que o lavrador pensa, a casa dele est� muito pr�xima da �rea de abrang�ncia de uma barragem e a altura do im�vel, que fica suspenso num barranco com apenas oito metros de altura, tamb�m n�o � garantia de sossego. A mulher dele, a dona de casa Maria Reuter, de 56, protesta contra a possibilidade de ter de deixar a casa em que criou seus cinco filhos e onde moram desde que se casaram. “A gente n�o usa essa �gua para nada por causa do esgoto que vem da cidade. Agora, v�o fazer uma lagoa aqui? Quem vai beber essa �gua? Eu � que n�o vou”, questiona.

Sujeira

A polui��o a que Maria se refere aparece nitidamente quando o rio corta o centro da cidade de Taquara�u de Minas. S�o pelo menos duas grandes manilhas que saem do solo diretamente para o manancial e despejam l�nguas negras de esgoto nas �guas barrentas, antes da ponte que liga os bairros da cidade. O esgoto do restante da cidade se concentra em outro c�rrego, que tamb�m j� adquiriu o aspecto escuro e exala mau cheiro pelo seu curso.

Natas de espuma escura, parasitas e insetos proliferam entre o lixo dom�stico lan�ado pela popula��o. E o mais preocupante � que o esgoto continua a ser lan�ado sem tratamento, mesmo quando o rio est� com apenas 26 cent�metros, segundo as r�guas de marca��o de n�vel d’�gua, que marcam at� 3 metros de altura nas cheias que costumavam ocorrer neste m�s.

“Quem encosta nessa �gua arranja coceira e caro�o pelo corpo. A prefeitura, os vereadores, a Copasa: todo mundo j� prometeu resolver o problema do esgoto, mas ningu�m fez nada. Estamos sujando o rio e, quando tem enchente, volta essa contamina��o toda para a gente”, reclama a dona de casa Maria de Lourdes Ferreira, de 50.

A Copasa n�o comenta o estudo. De acordo com a empresa “o corpo t�cnico da empresa informa que est� em fase de elabora��o o estudo detalhado do plano diretor de abastecimento de Belo Horizonte, que ir� especificar todos os mananciais presentes na capital at� 2050”. A Prefeitura de Jaboticatubas informou que tem plano para implantar uma esta��o de tratamento de esgotos.


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