
Par� de Minas, na Regi�o Centro-Oeste do estado, enfrentou v�rios meses de rod�zio e racionamento de �gua e, por causa disso, a popula��o procurou se prevenir comprando recipientes para armazenar �gua. Segundo o diretor de vigil�ncia em sa�de do munic�pio, Carlos Henrique Lara L�zaro Guilarducci, a cidade hoje tem mais caixas d’�gua que gente. O munic�pio tem 45 mil im�veis cadastrados, aproximadamente 90 mil habitantes e 115 mil caixas d’�gua. “Os moradores come�aram a usar recipientes classificados pelo protocolo de dengue como A2. S�o aqueles reservat�rios que ficam no solo, como as caixas, ton�is e tambores. A gente fez campanha para que a �gua armazenada seja renovada, mas nem sempre �. O ciclo do mosquito � de 10 a 12 dias, sendo ideal que a �gua seja trocada a cada 7 dias e que as caixas fiquem tampadas.” Segundo Guilarducci, agentes visitaram moradores que guardaram �gua por at� 25 dias.
Ainda conforme o diretor, em bairros como Santos Dumont, Padre Lib�rio e Valter Martins, na parte alta da cidade, faltou �gua at� por 12 dias consecutivos e, por isso, foram registrados mais casos de reservas irregulares de �gua. “N�o � proibido guardar �gua, � s� fazer corretamente”, diz Guilarducci. A Prefeitura de Par� de Minas gastava, em m�dia, 10 quilos de larvecida, lan�ado nas resid�ncias parainterromper a reprodu��o do Aedes aegypti, e nos �ltimos meses usou tr�s vezes mais rem�dio.
INDICADORES O LirAa (Levantamento r�pido do �ndice de infesta��o pelo Aedes aegypti ) � uma pesquisa amostral que aponta indicadores que permitem atuar de forma otimizada no combate aos focos do mosquito transmissor. Neste ano, 130 munic�pios de Minas fizeram o levantamento. O LirAa estabelece os n�meros do �ndice de Infesta��o Predial, rela��o do n�mero de im�veis positivos para presen�a do mosquito pelo n�mero de im�veis pesquisados. � considerado alto a partir de 4%, ou seja, a cada 100 im�veis pesquisados, 4 s�o positivos.
Com o resultado, � poss�vel identificar munic�pios com alta infesta��o como Ituiutaba (10,7%), Par� de Minas (9,3%), S�o Sebasti�o do Para�so (6,9%), Dores do Indi� (6,8%), Una� (6.8%), Valadares (6,6%) e Bom Despacho (6,1%).
A psic�loga Helo�sa Nascimento Silva � moradora de Dores do Indai�, no Centro-Oeste mineiro, e teve dengue, em fevereiro, junto dos dois filhos. Enquanto ela acabava de passar pelos sintomas da doen�a, a menina, de 1 ano e 8 meses, e o garoto, de 7 anos, enfrentaram fase aguda na semana de 26 de fevereiro. As crian�as ficaram internadas por quatro dias na Santa Casa da cidade, dividindo o mesmo quarto.
“Meu filho estava com 50 mil plaquetas, quando o indicado � entre 150 mil e 400 mil. Ele entrou em zona de alerta e a pediatra pediu para internar. Tamb�m estava com desidrata��o e febre alta. As plaquetas demoraram a subir. Minha filha entrou em desidrata��o muito grave, com muitos v�mitos, diarreia e febre alta”, relata.
De acordo com a psic�loga o quadro da fam�lia n�o � isolado, porque em Dores, quem ainda n�o teve dengue pelo menos conhece algu�m que teve. “� uma coisa geral. �s vezes se chega na Santa Casa e n�o tem nem lugar para sentar e tomar soro de tanto paciente com dengue”, relata.
A Prefeitura de Dores do Indai� informou que a cidade recebeu o fumac� nos dois primeiros meses do ano, quando a infesta��o estava alta. Tamb�m foram contratados agentes de endemia para compor a equipe de combate � dengue. Moradores criaram um mapa on-line para denunciar coletivamente locais com potencial foco de dengue, o que tamb�m ajudou no combate. Este m�s, a cidade conseguiu reduzir o n�mero de registros.
REPELENTE Al�m de n�o deixar �gua parada, como preven��o contra o mosquito, Helo�sa Nascimento conta que os moradores de Dores inclu�ram o uso de repelentes na rotina. A demanda � t�o alta pelos produtos que chegou a faltar em farm�cias da cidade. “A pediatra do meu filho indicou um repelente importado com dura��o de 10 horas e n�o consegui encontrar em Dores. Tive que buscar em Belo Horizonte. A farm�cia daqui informou que n�o est� conseguindo trazer tanto produto para a demanda”, contou a psic�loga.
Moradora do Barreiro, em BH, Nath�lia Fernanda vive com o marido e a filha de apenas um ano. Outros familiares dela j� tiveram a doen�a e m�e teme que a crian�a tamb�m seja picada pelo Aedes aegypti. Ela tamb�m adotou o repelente para uso di�rio. “Meu tio j� teve dengue quatro vezes. Tenho medo. Minha filha acorda e a primeira coisa que fa�o � passar repelente nela. Todo mundo passa. Aqui � cheio de pernilongos. Minha m�e colocou telas por toda a casa”, conta a estudante de direito.
De acordo com o gerente de zoonoses do Barreiro, Vitor Rodrigues Dias, o uso de repelente � eficaz como uma “medida individualista” porque evita a picada do mosquito. “Tem pessoas que usam o repelente, mas esquecem o pratinho cheio de �gua no quintal. Ela se protege, mas n�o torna o ambiente onde vive saud�vel”, conclui.