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Estado de Minas

Respons�veis por queda de viaduto s�o conhecidos 10 meses ap�s trag�dia

Pol�cia Civil indicia 19 pessoas, entre elas um ex-secret�rio municipal, integrantes da c�pula da Sudecap e engenheiros de construtoras, por desabamento de elevado que matou duas pessoas


postado em 06/05/2015 06:00 / atualizado em 06/05/2015 08:14

Estrutura desabou sobre as pistas da Avenida Pedro I, esmagando um micro-ônibus, um carro e dois caminhões, durante a Copa do Mundo do ano passado. Investigações duraram 10 meses e ouviram 80 pessoas(foto: Beto Magalhães/EM/D.A Press 3/7/14)
Estrutura desabou sobre as pistas da Avenida Pedro I, esmagando um micro-�nibus, um carro e dois caminh�es, durante a Copa do Mundo do ano passado. Investiga��es duraram 10 meses e ouviram 80 pessoas (foto: Beto Magalh�es/EM/D.A Press 3/7/14)

Dez meses de investiga��o, um inqu�rito de 1,2 mil p�ginas, 80 pessoas ouvidas e 19 indiciados constituem a resposta da Pol�cia Civil a perguntas feitas desde 3 de julho do ano passado: quais foram as causas e quem s�o os respons�veis pela queda do Viaduto Batalha dos Guararapes, na Avenida Pedro I, no Bairro Planalto, Regi�o Norte de Belo Horizonte? Nessa ter�a-feira, o resultado da apura��o foi divulgado e, depois de um longo jogo de empurra, foram conhecidos os nomes daqueles que, na avalia��o policial, seriam capazes de evitar a trag�dia que matou duas pessoas e feriu 23. “Eles poderiam ter tomado provid�ncias, mas foram omissos”, afirmou o delegado Hugo e Silva, respons�vel pela investiga��o. Na lista de indiciados est�o tr�s funcion�rios da empresa Consol Engenheiros Consultores Ltda., respons�vel pela elabora��o do projeto da estrutura; oito da Construtora Cowan, que tocou a obra, e oito da Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital (Sudecap).

                                                        Anima��o mostra como ocorreu a queda
                                                                             


Integra a lista at� mesmo o alto escal�o do �rg�o municipal, al�m de engenheiros, encarregados de obra e diretores das empreiteiras. O ent�o secret�rio de Obras e Infraestrutura – tamb�m superintendente interino da Sudecap � �poca – Jos� Lauro Nogueira Terror, bem como os outros 18 listados no inqu�rito, v�o responder por tr�s crimes: homic�dio com dolo eventual, tentativa de homic�dio com dolo eventual e crime de desabamento. Jos� Lauro j� n�o responde pela pasta e atualmente atua na Prodabel. Ele n�o se pronunciou sobre o inqu�rito.

No dia do acidente, que ocorreu durante a Copa do Mundo de 2014, a estrutura da al�a n�o resistiu ap�s a retirada do escoramento e desabou sobre a avenida, por volta das 15h de 3 de julho. Um micro-�nibus e um carro de passeio foram atingidos, assim como dois caminh�es, que estavam vazios. Morreram Hanna Cristina Santos, que dirigia o coletivo, e Charlys Frederico Moreira do Nascimento, que estava no carro. De acordo com o perito criminal Marco Ant�nio Fonseca de Paiva, chefe do Instituto de Criminal�stica da Pol�cia Civil, an�lises e ensaios culminaram na identifica��o da causa da queda da estrutura. “Houve um erro de c�lculo no bloco de funda��o do pilar 3 da al�a sul do viaduto”, disse.

Segundo o diretor, foi constatada uma sucess�o de erros alg�bricos que resultaram no dimensionamento equivocado do bloco, tanto na quantidade de a�o quanto no tamanho da estrutura. “Estima-se que foi usada apenas 50% da quantidade de a�o e isso fez com que o bloco n�o suportasse os esfor�os atuantes sobre ele, fazendo que com viesse a romper. Era um erro facilmente percept�vel por uma an�lise t�cnica de m�moria de c�lculo”, afirma o diretor.

Apesar de serem apontadas como “facilmente detect�veis”, as falhas do projeto da Consol se mantiveram por toda a cadeia da obra, sem corre��o. A Sudecap n�o revisou o estudo e o repassou � Cowan, que o enviou a campo para in�cio da constru��o. “O projeto foi executado conforme desenhado”, afirmou Paiva, que lembrou ainda n�o ter sido comprovada falha nos materiais usados, mas sim o mal dimensionamento e a baixa quantidade de a�o. Problemas identificados na retirada das escoras, como trincas e estalos, tamb�m foram ignorados por encarregados de obras e pelo engenheiro respons�vel por acompanhar a constru��o, que era agr�nomo e n�o civil, o que contraria as regras de constru��o.

De acordo com o delegado Hugo e Silva, outras informa��es colhidas nos depoimentos comprovam a omiss�o dos envolvidos. Segundo ele, desde 2012 h� suspeita de falhas graves no projeto elaborado pela Consol. Naquela �poca, conforme o delegado, um engenheiro da empresa chegou a informar a engenheira da Sudecap Ac�cia Fagundes Oliveira Albrecht de que todos os projetos estruturais estavam passando por revis�o. Trocas de e-mails anexadas ao inqu�rito mostram que, posteriormente, a arquiteta e diretora de Projetos da superintend�ncia, Maria Cristina Novais Ara�jo, chegou a informar diretores, engenheiros e at� mesmo o secret�rio Jos� Lauro de que havia erros graves e at� mesmo aus�ncia de projetos para determinadas fases da obra. “Problemas que v�o desde a exist�ncia de pequenos erros, passam pela falta de compatibiliza��o e chegam at� mesmo at� mesmo na inexist�ncia do pr�prio projeto. Considero o momento atual o caos”, escreveu a diretora. O documento foi enviado com c�pia para o Diretor de Obras, Cl�udio Marcos Neto, e para a diretora de Planejamento, Beatriz de Moraes Ribeiro, ambos da Sudecap.

Todos os avisos foram ignorados. Em mar�o de 2013, a Consol, ap�s a suposta revis�o, garantiu que os projetos estavam corretos. Um m�s depois, a prefeitura aprovou e assinou os projetos, enviados para execu��o, o que acabou resultando no desabamento. “Todos os indiciados que listamos falharam por omiss�o. Foi um ato criminoso. Era previs�vel que um erro grave, daquela magnitude, poderia provocar o desabamento e, por consequ�ncia, as mortes”, afirmou o delegado.

ERROS QUE LEVARAM � QUEDA

Na fase de projeto e obras

  • A empresa Consol Engenheiros Ltda. erra nos c�lculos durante a elabora��o do projeto do Pilar 3 do Viaduto Batalha dos Guararapes.
  • A Sudecap recebe o projeto e certifica o estudo sem revis�-lo, encaminhando-o para a Cowan, vencedora da licita��o, para executar a obra
  • A Cowan envia o projeto para campo sem a devida revis�o e inicia a constru��o com os erros
  • Desde 2012, funcion�rios da Sudecap e at� mesmo o secret�rio de Obras e Infraestrutura e  superintendente interino da Sudecap, Jos� Lauro Terror, haviam sido informados de que os projetos estruturais poderiam ter problemas; o calculista da Cowan chegou a se recusar inicialmente a executar os projetos da Consol, argumentando que continham erros graves
  • Em mar�o de 2013, em reuni�o com representantes da Cowan e da Sudecap, a empresa projetista (Consol) afirma que os projetos n�o tinha erros que exigissem a revis�o de c�lculos
  • Em abril de 2013, o projeto foi certificado e assinado pelos engenheiros da Sudecap


No campo

  • Em vez de um engenheiro civil, um engenheiro agr�nomo � contratado para acompanhar a obra e a retirada das escoras
  • O profissional n�o fez men��o no di�rio de obras sobre qualquer tipo de problema relacionado � retirada das escoras
  • Mesmo com o tr�fego intenso no local, o agr�nomo n�o solicitou o fechamento do tr�nsito para remover o escoramento
  • O engenheiro foi avisado por oper�rios que removiam as escoras de que eram ouvindos estalos nas colunas. Mesmo  assim, n�o mandou paralisar o trabalho
  • Durante a remo��o do escoramento, a carga sobre as vigas que davam apoio deveria ficar mais leve. Ao contr�rio, as estruturas receberam sobrecarga de peso, sendo necess�rio um caminh�o munck para finalizar o servi�o, o que contraria o processo normal. Ainda assim, o engenheiro agr�nomo mandou “tocar o trabalho”, o que resultou na queda do viaduto

    (foto: Arte EM)
    (foto: Arte EM)


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